Oficializado pela Organização das Nações Unidas na década de 1970, o Dia Internacional da Mulher (8 de março) foi criado após uma manifestação pela igualdade de direitos civis e em favor do voto feminino, em Nova Iorque em 1909.  A data simboliza a luta histórica das mulheres para terem suas condições equiparadas às dos homens. Inicialmente, essa data remetia à reivindicação por igualdade salarial, mas, atualmente, marca a luta das mulheres não apenas contra a desigualdade salarial, mas também contra o machismo e a violência.

Segundo a ONU, o 8 de março não é um mero dia voltado simplesmente a homenagens triviais às mulheres, mas para reflexão a respeito de toda a desigualdade e a violência que as mulheres sofrem no Brasil e no mundo. É um momento para combater o silenciamento que existe e que normaliza a desigualdade e as violências sofridas pelas mulheres, além de ser um momento para repensar atitudes e tentar construir uma sociedade sem desigualdade e preconceito de gênero.

Como ser mulher no contexto atual

“Brene Brown é uma pesquisadora americana que fala sobre tudo o que queremos esconder: imperfeição, vergonha, vulnerabilidade, sensação de não pertencimento. Justamente por ter essa abordagem tão honesta sobre o que, afinal de contas, é ser humano, ela é referência constante em meus grupos e atendimentos, e estou sempre seguindo as descobertas de seus estudos e as teorias que defende em seus livros”, afirma Vivian Wolff, coach especialista em desenvolvimento humano e mindfulness pelo Integrated Coaching Institute (ICI) e formada em Mindfulness pela Georgetown University Institute for Transformational Leadership, Washington DC.

No livro de Brene, “A coragem de ser imperfeito”, Vivian cita um ponto coerente. “O modelo de vida atual, a quantidade de coisas que a mulher exige dela mesma vai além do que se pode aguentar. E quando ela não dá conta de tudo, se sente frustrada. Acorda no dia seguinte já se programando para fazer ainda mais e melhor. E a simples ideia de uma pausa se torna cada vez mais impensável.

Como seria se a mulher se permitisse fazer menos e incluir momentos de descanso em sua jornada? Períodos de desconexão são essenciais para o bem-estar. Esquecer um pouco o check-list, olhar para si mesma e fazer algo que não esteja vinculado a responsabilidades, mas ao prazer, ao conforto que tanto lhe falta”, aponta Vivian Wolff.

Segundo Elaine Di Sarno, psicóloga com especialização em Avaliação Psicológica e Neuropsicológica, e Terapia Cognitivo Comportamental, ambas pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas – FMUSP; é preciso que a mulher entenda seu espaço no mundo desde pequena.

É fundamental passar valores de mãe para filha, como autoestima, segurança, respeito, confiança e empatia. Valores que ressaltam o feminino e, ao mesmo tempo, formam uma base sólida para que uma menina possa crescer acreditando em si mesma e no poder de suas escolhas. Ao chegar na universidade e nos primeiros postos de trabalho, essas jovens precisam de referências e mentoras, alguém que venceu no meio de um mar de desencorajamento e testosterona, e que pode servir de modelo para as próximas gerações. O poder feminino é transformador e não deve faltar em nenhuma área promissora do futuro”, avalia Elaine Di Sarno.

Por que não a mulher?

Anos atrás, era mais difícil encontrar uma médica que fosse especialista em determinada área. Mais: que fosse especialista e bem qualificada. “A medicina era uma área dominada pelos homens. Talvez culpa da errônea ideia de que os homens eram superiores às mulheres por exercerem essa profissão há muito mais tempo. Não deixa de ser verdade que os homens estão na medicina há muito mais tempo. Mas não tem relação com inferioridade intelectual. Tem a ver com o impedimento feminino, que perdurou por séculos, de estudar, trabalhar fora de casa e de ter voz ativa na sociedade”, frisa Karina Tafner, ginecologista e obstetra, especialista em endocrinologia ginecológica e reprodução humana pela Santa Casa e especialista em reprodução assistida pela FEBRASGO.

Os primeiros relatos médicos da história da humanidade datam de alguns milênios antes de Cristo, escritos em papiros egípcios. A primeira faculdade de medicina data do século IX, e era frequentada somente por homens. Elizabeth Blackwell, nascida na Inglaterra e radicada nos Estados Unidos, foi a primeira mulher do mundo a ingressar em uma faculdade de medicina. Segundo Karina Tafner, precisou estudar sozinha em casa, com a ajuda de tutor, e foi recusada por nada menos que dez faculdades.

Ela finalmente foi aceita na Universidade de Genova, onde se tornou a primeira mulher a se formar médica, em 1849. Mais tarde, ela também criou uma escola de medicina voltada para as mulheres. Hoje, o número de mulheres que cursam medicina no Brasil é maior do que o de homens, desde 2009, e as mulheres já são maioria entre os profissionais com menos de 29 anos de idade”, comemora Tafner.

A síndrome da Mulher Maravilha

De acordo com a psicóloga Elaine Di Sarno, a busca por uma pseudo perfeição se tornou praticamente uma obrigação para as mulheres. Uma exigência para si mesma e para os outros. Segundo ela, essa idealização já está arraigada na nossa sociedade, como se fosse uma verdade absoluta e não houvesse opção de escolha. A mulher vivencia uma dupla ou tripla jornada (cuidar da casa, do marido, das crianças, do emprego, do curso de especialização, do supermercado e ainda tem que estar impecável na aparência). “Não importa se você seja ocupada demais. As pessoas sempre vão reparar se você engordou, se está com as unhas feitas, o cabelo arrumado ou com a pele bonita”’, diz Elaine.

Diante disso, segundo a psicóloga, vem o stress, a sobrecarga e a ansiedade. “Não à toa, as mulheres são mais predispostas a ter depressão e a desenvolver transtornos de ansiedade. Enquanto cerca de 20% delas apresentam algum episódio depressivo ao longo da vida, apenas 12% dos homens sofrem o mesmo. Claro que há influência de hormônios, especialmente em determinadas fases, como na tensão pré-menstrual, na menopausa ou durante a gestação. Mas os fatores sociais certamente acentuam estes sintomas”, conclui Elaine Di Sarno.

Para a coach Vivian Wolff, o perfeccionismo e a autocrítica geram um círculo vicioso. “Passamos a viver na ansiedade de uma vida e atos perfeitos, tentando nos proteger das situações capazes de expor nossos defeitos ao mundo. Quando entendemos que a perfeição não existe e nos acolhemos exatamente como somos, com o pacote completo, conseguimos nos perdoar, atuar com autocompaixão e pedir ajuda quando precisamos. Neste contexto, além de a mulher construir uma relação mais saudável com ela mesma, passa a enxergar o outro dessa mesma forma, atuando com maior empatia e gerando maior conexão ao seu redor”.

Vivian questiona que se você sente que está presa no piloto automático da rotina e com sintomas da síndrome da Mulher Maravilha, está na hora de avaliar como está lidando com cada um dos pontos da vida. “Quem sabe, com pequenos ajustes, você consiga ser uma mulher mais ponderada, equilibrada, serena e, consequentemente, mais feliz”, finaliza a coach.

O empoderamento feminino é um termo que entre outras coisas, traz a importância de dar às mulheres o poder da decisão e espaço para a participação social. O Dia Internacional da Mulher, celebrado neste domingo, dia 8 de março, é a data que contribui para reconhecer ainda mais o valor das mulheres na sociedade.

seis títulos sobre empoderamento feminino

Disal criou a campanha “Quinzena das Empoderadas” com dicas de livros que trazem a força da figura feminina como protagonista. Confira algumas obras selecionadas para destacar histórias de mulheres marcantes.

“As Cientistas – 50 mulheres que mudaram o mundo” – Apresentando as contribuições de cinquenta mulheres nos campos da ciência, tecnologia, matemática e engenharia, o livrotraz não só o perfil de grandes personalidades. Ilustrações, infográficos sobre equipamentos de laboratório, um glossário científico ilustrado e taxas de mulheres que trabalham atualmente em campos da ciência são elementos que compõe a obra e que contribuem para uma melhor compreensão de grandes vitórias de importantes figuras.  Jane Goodall, Marie Curie e Katherine Johnson são nomes de cientistas presentes no livro escrito e ilustrado por Rachel Ignotofsky. A obra celebra as realizações de mulheres que mesmo enfrentando obstáculos, abriram caminho para outras gerações de engenheiras, biólogas, entre outras. Veja em: https://bit.ly/3336ftf

“Clube da Luta Feminista – Um manual de sobrevivência para um ambiente de trabalho machista” – Escrito por Jessica Bennett, apresenta um guia incisivo e irônico de como sobreviver ao sexismo no ambiente de trabalho. Mesclando experiências pessoais da autora e de outras mulheres, a obra traz dicas valiosas que contribuem com a luta feminina contra o muitas vezes, sutil preconceito presente no ambiente corporativo.  O livro também traz pesquisas, estatísticas e diversas informações que são rodeadas por ilustrações. Propondo formas de combaterem situações constrangedoras na hora do trabalho, Bannet também aborda como as mulheres se autossabotam e como isto torna-se um desafio para ter um espaço no ambiente profissional. Veja mais no link: https://bit.ly/2ToZ37b

“Empodere-se – 100 desafios feministas para reconhecer sua própria força e viver melhor” tem o objetivo de motivar as mulheres a acreditarem mais em si mesmas e traz os desafios que envolvem questões femininas atuais. Envolvendo a importância do empoderamento feminino, o livro de Maynara Fanucci aborda a culpa e a falta de autoconfiança que muitas vezes está presente na vida das mulheres e assim, apresenta maneiras de mudar esta realidade. A ideia é que se as mulheres incorporarem atitudes simples, buscando bem estar e autoestima, podem ajudar a construir um mundo melhor e mais igualitário. O livro pode ser encontrado em: https://bit.ly/2VLBdEv

“Extraordinárias – Mulheres que revolucionaram o Brasil” traz a vida de várias brasileiras que fizeram história e que impactam indiretamente a vida de todos, mas que dificilmente aparecem nos livros. Apresentando o reconhecimento que estas figuras merecem, a obra de Duda Porto de Souza e Aryane Cararo, conta com desenhos de grandes ilustradoras, além de trazer uma linguagem leve.  O livro que surge a partir de uma vasta pesquisa, é ideal para quem quer conhecer o perfil de revolucionárias de diversas regiões brasileiras que deixaram legados na história da educação, política, direitos humanos, ciências, entre outros campos. Veja aqui: https://bit.ly/2PPjxUO

“Frida Kahlo – Uma biografia” – O livro da autora María Hesse dá voz a uma das figuras mais marcantes do século XX que teve uma vida que merece ser mais conhecida. A biografia ilustrada apresenta a vida e a obra da pintora mexicana que se tornou um ícone do feminismo. Inclui trechos dos diários de Frida Kahlo, além de cartas e depoimentos, mostrando poeticamente como a arte contribuiu para vencer limitações e para reinventar o próprio existir. Saiba como adquirir em: https://bit.ly/2wz0M16

“Lute como uma garota – 60 feministas que mudaram o mundo”  – A obra de Laura Barcella e Fernanda Lopes reúne o perfil de figuras importantes da militância feminista que deixaram e que ainda deixam a marca na história da luta das mulheres. Frida Kahlo, Simone de Beauvoir, Oprah Winfrey e Madonna são algumas das mulheres trazidas no livro, além de mais de dez nomes essenciais da luta no Brasil. Trazendo ilustrações em preto e branco de muitas das mulheres abordadas, a obra traz esclarecimentos de como e pelo que essas figuras lutaram. Mais aqui: https://bit.ly/32UQO63

21 BEST SELLERS DAS AUTORAS MAIS LIDAS NO MUNDO

O ‘esens – que foi fundado por uma mulher, Elizaveta Uvarova – criou uma lista especial de audiolivros para celebrar esse mês. A lista “Girl Power’, reúne 21 títulos sobre os mais diversos assuntos do universo feminino, escritos por autoras de renome como Djamila Ribeiro, Naomi Wolf e Silvia Federici. Os áudios são de até 40 minutos e podem ser acessados em qualquer lugar de forma dinâmica – Baixe o aplicativo e confira a lista na íntegra: https://esensapp.com/ Confira abaixo alguns dos títulos em destaque:

Mulheres e caça às bruxas – Silvia Federici – A autora revisita os principais temas de um trabalho anterior, Calibã e a bruxa, e nos brinda com um livro que apresenta as raízes históricas dessas perseguições, que tiveram como alvo principalmente as mulheres.Federici estrutura sua análise a partir do processo de cercamento e privatização de terras comunais e, examinando o ambiente e as motivações que produziram as primeiras acusações de bruxarias na Europa, relaciona essa forma de violência à ordem econômica e argumenta que marcas desse processo foram deixadas também nos valores sociais, por exemplo, no controle da sexualidade feminina e na representação negativa das mulheres na linguagem.

O Mito da beleza – Naomi Wolf – Nesse título, a jornalista afirma que o culto à beleza e à juventude da mulher é estimulado pelo patriarcado e atua como mecanismo de controle social para evitar que sejam cumpridos os ideais feministas de emancipação intelectual, sexual e econômica conquistados a partir dos anos 1970. As leitoras encontrarão exposta a tirania do mito da beleza ao longo dos tempos, sua função opressora e as manifestações atuais no lar e no trabalho, na literatura e na mídia, nas relações entre homens e mulheres e entre mulheres e mulheres.

Sejamos todos feministas –  Chimamanda Ngozi Adichie – O que significa ser feminista no século XXI? Por que o feminismo é essencial para libertar homens e mulheres? Eis as questões que estão no cerne de Sejamos todos feministas, ensaio da premiada autora de Americanah e Meio sol amarelo. “A questão de gênero é importante em qualquer canto do mundo. É importante que comecemos a planejar e sonhar um mundo diferente. Um mundo mais justo. Um mundo de homens mais felizes e mulheres mais felizes, mais autênticos consigo mesmos. E é assim que devemos começar: precisamos criar nossas filhas de uma maneira diferente.

Quem tem medo do feminismo negro? –  Djamila Ribeiro – Este título reúne um longo ensaio autobiográfico inédito e uma seleção de artigos publicados por Djamila Ribeiro no blog da revista Carta Capital , entre 2014 e 2017. No texto de abertura, a filósofa e militante recupera memórias de seus anos de infância e adolescência para discutir o que chama de “silenciamento”, processo de apagamento da personalidade por que passou e que é um dos muitos resultados perniciosos da discriminação. Foi apenas no final da adolescência, ao trabalhar na Casa de Cultura da Mulher Negra, que Djamila entrou em contato com autoras que a fizeram ter orgulho de suas raízes e não mais querer se manter invisível.

Mulheres normais também têm algo a dizer

Escritora Izabella de Macedo lança livro de crônicas que retratam mulheres reais com seus desejos, alegrias e frustrações

Elas conquistaram independência financeira, sofrem por amor, precisam ser fortes, gostam de comprar uma roupa nova, querem um amor para chamar de seu, trabalham para melhorar a autoestima, bebem um vinho de vez em quando, curtem um filme água com açúcar. São fortes, decididas e muitas vezes precisam esconder sua sensibilidade, seus sentimentos.

Mulheres normais é uma reunião de crônicas da escritora curitibana Izabella de Macedo que retratam as mulheres do jeito que são. Uma obra que faz ecoar pensamentos e sentimentos comuns do universo feminino, expostos como quem está de coração aberto para sorrir, chorar, se apaixonar.

As histórias são retratadas de forma descontraída, com uma linguagem informal que rompe com padrões literários para ganhar personalidade própria. Uma característica peculiar da autora, que começou a escrever sob o pseudônimo de Anastacia – seu alter ego –, e a partir daí conquistar seguidores no Instagram antes mesmo de lançar seu primeiro livro.

As crônicas são escritas em primeira pessoa, e retratam personagens em diferentes estados emocionais: entusiasmadas, felizes e desestruturadas por seus dilemas cotidianos e conflitos internos. Os acontecimentos narrados são fictícios, porém inspirados em relatos reais vividos por diferentes mulheres.

Para o amanhã de ontem eu acordaria nova, cheia de energia, iria andar cedo na beira da praia, tomar uma água de coco e fazer tudo o que o mundo espera que eu faça. Mas choveu e o mar amanheceu de ressaca. O dia acordou nebuloso, e eu acordei desanimada. Todos os meus planos esvaziaram-se em chá de erva doce, lençol e bolsa de água quente no ventre. As costas doem, a cabeça flutua e os olhos pesados pedem para serem fechados. Eu não me entrego, sento na mesa, estudo um pouco, escrevo um pouco. Ninguém precisa de mim em lugar nenhum. (Crônica ‘O mar está de ressaca’, p. 37)

Izabella tem 29 anos, é curitibana, leonina, mãe, esposa, advogada e novata no mundo da literatura. Uma mulher normal que tem muito a dizer e resolveu ser escritora. Em suas crônicas, narradas em primeira pessoa por diferentes protagonistas que expõem situações cotidianas e sentimentos femininos, a autora deu voz às mulheres que, assim como ela, são normais e têm muito a dizer.

Ela conquistou  leitoras que se sentiram acolhidas pelo jeito leve, intenso e verdadeiro de escrever sobre o cotidiano feminino na sua página no Instagram (@izabellacronista). Com a delicadeza e força próprias de suas protagonistas, Mulheres normais aborda, em suma, o desejo latente de ser feliz e, mais que isso, de ser o que se é, simples assim. Sabe aquela sensação de quando você ouve uma música e ela parece traduzir a sua história? Então, é isso que você vai sentir quando ler as crônicas deste livro.

Ficha técnica:

Título:  Mulheres Normais
Autora: Izabella de Macedo
Editora: Lura
Páginas: 49
Preço: R$ 39,90 e R$ 9,90 (versão Kindle)
Link de venda: https://www.amazon.com.br/dp/B087C88ZYP 

Com Assessorias

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