O Ministério da Saúde aponta que entre 2006 e 2016 o número de casos da diabetes cresceu 61,8% no país. A diabetes é uma doença crônica, que requer cuidados e entre seus desdobramentos está a Retinopatia Diabética (RD), que segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) é a principal causa de cegueira em pessoas entre 20 e 74 anos. O estudo indica, ainda, que depois de 20 anos da doença mais de 90% dos diabéticos tipo 1 e 60% dos tipo 2, apresentarão retinopatia, em maior ou menor grau.

A doença afeta os pequenos vasos da retina, região do olho responsável pela formação das imagens enviadas ao cérebro. Quando os vasos comprometidos pela RD se rompem, o sangue e outros líquidos podem extravasar para os tecidos ao redor da retina e atingir a mácula (região central da retina), dando origem ao Edema Macular Diabético (EMD). Principal causa de cegueira entre a população ativa. Os sintomas podem variar de acordo com o estágio da doença, mas os mais frequentes são visão borrada, percepção de pequenas “moscas” voando, flashes e perda repentina da visão.

Chance de perder a visão aumenta até 25 vezes

De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, a mulher tem maior tendência para se tornar diabética porque na maternidade pode ganhar peso, e 16% contraem diabetes gestacional, que embora desapareça após o parto, pode se tornar um mal permanente. “O problema é que o diabetes é uma doença progressiva e aumenta em até 25 vezes o risco de perder a visão”, alerta.

Isso porque, explica, afeta toda a circulação, inclusive dos delicados vasos sanguíneos do fundo do olho sem dar qualquer sinal de alerta no início. Por isso, toda pessoa que tem diabetes deve fazer exames oftalmológicos periódicos. Caso enxergue manchas escuras deve consultar um oftalmologista imediatamente.

A retinopatia diabética é uma doença que em seu início apresenta poucos sintomas, por isso é de extrema importância o controle rígido dos níveis de glicose e a consulta periódica ao oftalmologista. Quando descoberta em fase inicial é possível, até mesmo, revertê-la”, alerta oftalmologista e Professor da USP, Rony Preti, fundador do Preti Eye Institute.

Falta informação

Uma evidência do maior risco de cegueira entra diabéticos foi comprovado por uma recente pesquisa desenvolvida em 41 países, incluindo o Brasil, pelo IDF (International Diabetes Federation), IAPB (agência de controle da cegueira ligada à OMS) e IFA ( International Federation on Ageing).

A pesquisa mostra que metade dos diabéticos só são diagnosticados anos depois de conviver com a doença e quanto mais tardio o diagnóstico, maior a chance de perder a visão. Pior: quase um terço, 31%, nunca receberam informação sobre retinopatia e edema macular- decorrentes do diabetes, importantes causas de perda definitiva da visão entre pessoas de 20 a 60 ano.

O oftalmologista destaca que no Brasil o primeiro diagnóstico de diabetes muitas vezes acontece durante um exame de fundo de olho porque o brasileiro, não tem hábito de fazer check-up. A visão, ressalta, responde por 85% de nossa integração com o meio ambiente. Por isso, determina a independência conforme envelhecemos.

Tratamento mais acessível

A pesquisa mostra que os tratamentos para retinopatia diabética e edema macular combinam mais de uma terapia ao redor do mundo e o laser ainda é o mais utilizado. Quase um terço dos participantes, 29%, afirmaram ter dificuldade para pagar os exames.

A boa notícia é que no Brasil os planos de saúde passaram a cobrir dois procedimentos a partir deste ano por determinação da ANS (Agência Nacional de Saúde). O oftalmologista destaca que agora a OCT (Tomografia de Coerência Óptica) exame de imagem utilizado no diagnóstico e a terapia anti-VEGF têm cobertura dos planos de saúde. Por isso, mais brasileiros já podem preservar a visão das doenças na retina.

Diagnóstico

Para identificar a retinopatia diabética, decorrente da diabetes, é necessária a realização periódica do exame de mapeamento da retina. “Quando identificado precocemente há uma chance alta de recuperação. No entanto, quando a doença é descoberta tardiamente, a perda de visão e até a cegueira, tornam-se irreversíveis. Por isso, realizar o acompanhamento anual é recomendado a todos os diabéticos”, afirma Prof. Dr. Rony Preti.

A Academia Americana de Oftalmologia recomenda que pacientes diabéticos tipo 1 sejam examinados cinco anos após o diagnóstico, e os tipo 2 devem ser examinados assim que diagnosticados.

A Associação Retina Brasil, formada por pacientes com doenças ligadas à retina e que colabora na busca por informação e tratamentos para as doenças degenerativas da retina, estima que uma a cada 4 mil pessoas possua alguma das doenças consideradas raras relacionado à retina no Brasil. Tratando-se de Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI), aproximadamente 3 milhões de brasileiros acima de 65 anos sofrem com a doença em estágios variados de evolução.

A associação foi fundada em 2002 e é formada por cinco grupos regionais, sendo: Retina Rio, Retina SP, Retina Ceará, Retina Minas e Retina Campos (RJ). Tanto o paciente, o familiar ou até mesmo o médico pode procurar o grupo regional mais próximo para acompanhar e ver de perto qual a melhor maneira de participar e contribuir para o aumento da conscientização sobre as doenças da retina no País. É possível se cadastrar preenchendo o formulário ou entrando em contato com a sede.

Sintomas

Os sintomas são discretos. Na fase inicial existe a perda visual leve ou moderada, que pode vir acompanhada de visão torta. No entanto, quando em sua forma mais agressiva, denominada proliferativa, pode gerar cegueira decorrente do sangramento interno nos olhos. “No estágio mais avançado é comum que o paciente veja algo parecido com teias de aranha (sombras do sangramento interno)”, afirma o especialista.

Causas

A principal causa da Retinopatia Diabética (RD) é a hiperglicemia que desencadeia processos que levam a obstrução os vasos, impedindo que o sangue chegue à retina do paciente, o que gera morte da retina e inchaço na região. “A causa está relacionada a vários fatores, contudo, a hiperglicemia é o principal fator de risco para o desenvolvimento da retinopatia diabética”, afirma o médico.

Tratamento

O tratamento precisa se dar em função do controle do diabetes por meio da hemoglobina glicada, hipertensão arterial sistêmica e colesterol. Com os cuidados acima, o tratamento específico da retinopatia diabética proliferativa (forma mais severa da doença), é o laser. “Esse tratamento não tem o objetivo de melhorar a visão, mas, sim, de evitar que o paciente fique cego pela retinopatia diabética. Entretanto, em certos casos, existe a necessidade de realização de Vitrectomia Pars Plana – cirurgia para casos onde há sangramento intraocular”, diz.

Quando o caso é mais leve e há a presença do edema macular diabético, opta-se pelo tratamento com laser e injeções. No entanto, somente casos selecionados de edema macular diabético são indicados para o tratamento. O oftalmologista diz, ainda, que as aplicações intraoculares ganharam destaque por proporcionarem uma real melhora da visão.

Catarata e alterações sistêmicas

Além das alterações na retina, o diabetes dobra o risco de contrair catarata segundo um estudo realizado no Reino Unido com mais de 50 mil pessoas. Queiroz Neto explica que isso acontece porque os depósitos de glicemia nas paredes do olho somados às constantes oscilações dos níveis glicêmicos aumentam a formação de radicais livres e aceleram o processo de envelhecimento do cristalino, lente interna do olho.

O especialista afirma o adiamento da cirurgia é contraindicado porque torna o procedimento mais perigoso e porque a catarata avançada impede o bom acompanhamento de alterações na retina causadas pelo diabetes e por isso pode levar à perda irreparável da visão.

Outras doenças da retina mais comuns

DMRI: A Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) é uma das principais causas de perda visual a partir dos 50 anos. Mais de três milhões de brasileiros são afetados por essa doença. A DMRI resulta de uma degeneração na mácula (área central da retina responsável pela visão central) e A DMRI pode se apresentar de duas maneiras diferentes: a seca e a úmida (ou exsudativa).

Doenças raras da retina e seu caráter hereditário: Provenientes de herança genética, como a retinose pigmentar, a doença de stargardt, a coroideremia e a amaurose congênita de leber são bem menos numerosas que a retinopatia diabética ou a DMRI. Além de raras, essas doenças hereditárias são complexas e seu diagnóstico depende do conhecimento das mutações genéticas que acometem um paciente. Os sintomas que levam ao diagnóstico dessa doença são dificuldades na visão noturna, redução do campo visual lateral (na retinose pigmentar) ou central (na do

Da Redação, com Assessorias

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