Era para ser apenas uma gravidez como qualquer outra, mas Fabiana Coimbra (@fabi_escreve) mal sabia que, ao engravidar de Maria Júlia, viveria a experiência mais marcante de sua vida. Sua primeira filha foi diagnosticada com o tipo mais severo da Tetralogia de Fallot, malformação cardíaca congênita que viria a necessitar intervenção cirúrgica ao nascer e, possivelmente, outras cirurgias.

A partir dessa experiência, a escritora e publicitária paulistana escreveu Mulheres Marcadas – histórias de força, coragem e empatia das mães de UTI (273 páginas) em que conta não só a sua história, mas também relatos de mães que vivem os primeiros anos da vida de seus bebês no entra e sai de ambulatórios, emergências, cirurgias e internações hospitalares.

Por ano, segundo o Ministério da Saúde, cerca de 30 mil crianças nascem com algum tipo de cardiopatia congênita no Brasil e aproximadamente 40% vão necessitar de cirurgia ainda no primeiro ano. A Tetralogia de Fallot é uma delas. A doença ganhou visibilidade na imprensa e nas redes sociais por conta de casos recentes, como o do filho do cantor sertanejo Cristiano, da dupla com Zé Neto. A filha da atriz Thaila Ayala também passou por cirurgia dois meses após nascer por conta da CIV (Comunicação Interventricular), também um tipo de cardiopatia congênita.

Neste Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio e de cuidados com a saúde mental, toda a receita líquida obtida com a venda do livro – que está disponível para compra na Amazon e nos principais marketplaces – será revertida em exemplares que serão distribuídos gratuitamente para as mães de UTIs em hospitais da rede pública e filantrópicas. Fabiana também escreveu um depoimento em que conta sua experiência e destaca a importância do autocuidado das mães que enfrentam a mesma rotina. Confira:

SuperAção

Setembro Amarelo: dicas de autocuidado uma mãe de UTI para outra

Não é fácil acordar todos os dias e ver que a UTI não é apenas um pesadelo, mas sim uma triste realidade. Eu sei que é um período difícil. São inúmeros os medos e as preocupações que nos assombram e nos marcam para o resto das nossas vidas. Preocupações sobre o estado de saúde do bebê, medo que gera dúvidas e incertezas sobre o futuro da criança e tiram a nossa paz.

Nessas horas, é preciso manter a calma e ter em mente que por mais doloroso que seja, tudo passa e que algum dia, esse momento será apenas uma parte da sua história. Enquanto isso, trago alguns aprendizados que eu tive durante essa jornada, para ajudá-la a manter-se firme e continuar essa caminhada com mais leveza.

Um deles que eu comecei a praticar muito tempo depois, mas que já fez uma grande diferença e teria feito ainda mais se eu tivesse começado desde o início é o autocuidado. Eu sei o quanto é dolorosa toda essa situação e a última coisa que pensamos é em nós mesmas.

Nesse momento, é imprescindível cuidar da sua saúde, tentar descansar o máximo possível, se alimentar bem e, na medida do possível, fazer algumas pausas, tentar desconectar um pouco e respirar profundamente nem que seja por um minuto umas três vezes ao dia, principalmente ao acordar. Isso já vai fazer muita diferença na sua rotina.

Mantenha sempre uma troca de experiências com outras mães. Conectar-se com outras mães que estão passando pelo mesmo processo é um verdadeiro suporte emocional e essa troca de experiências vai muito além do alívio da tensão.

Eu me lembro de várias dicas boas que as mães que já estavam na UTI havia algum tempo, me deram: informações sobre a equipe médica, enfermagem, organização de horários, facilitação de acessos e até mesmo o modelo de um sutiã apropriado para facilitar a retirada do leite. Sim, elas são uma verdadeira corrente de auxílio e apoio. O valor da sua presença é incalculável!

Hoje você é a porta voz do seu bebê. Ele não sabe se comunicar, então é você quem supervisiona tudo, entende com a equipe médica o cenário, acompanha a evolução e a medicação com a enfermagem e checa os exames. Não tenha medo de tirar dúvidas, pois você está cuidando do seu bem mais precioso, então esteja atenta aos detalhes e, o mais importante é que você é a melhor companhia que o seu bebê pode ter.

Eu me lembro de todas as vezes em que eu chegava perto da incubadora e pegava na mão da Maju, ela me olhava bem nos olhos e eu sabia que ela me conhecia. Eu abria a porta da incubadora e cantava para ela, que ficava prestando atenção em mim e até hoje ela dorme comigo cantando a mesma música daquela época.

Ser uma aliada da esperança é fundamental para continuar em pé. Estar na UTI é semelhante a uma montanha russa. Os altos e baixos acontecem muitas vezes em fração de segundos. Apegue-se e à evolução geral e seja positiva. Lembro de uma frase de uma mãe de UTI inesquecível para mim: “Enquanto há vida, há esperança”.

O apoio familiar e dos amigos é muito importante em todo esse processo, pois eles ajudam a aliviar a tensão emocional, nos afazeres do dia a dia, na ajuda com a alimentação, na organização de roupas e na companhia. Então, tenha coragem e peça ajuda! Quando puder, se olhe no espelho e enxergue a verdadeira heroína que é. Nada é capaz de abalar o amor incondicional pelo seu bem maior, a sua herança de Deus. Você vai ver que é possível superar qualquer obstáculo quando se tem determinação e amor à vida.

E eu, como uma mãe de UTI, também estou por aqui.

*Fabiana Coimbra(@fabi_escreve) é escritora e publicitária paulistana, autora do livro “Mulheres Marcadas – histórias de força, coragem e empatia das mães de UTI”.

Livro conta a rotina de Fabiana após o diagnóstico da filha

Em “Mulheres Marcadas”, conhecemos passo a passo a gravidez de Fabiana: da insegurança em relação à família, do encontro com seu futuro marido, até a não esperada gravidez. Entretanto, o que seria um momento de profunda alegria, torna-se um momento de tensão: sua bebê apresenta um problema congênito que requererá uma cirurgia logo nos primeiros dias após a realização do parto.

Com isso, a vida de Fabiana e seu marido passa a ser a sala de médicos, exames, segundas e terceiras opiniões e tentativas de entender o porquê aquilo estava acontecendo com eles.

Na tentativa de entender o que se passava, Fabiana revela, em uma narrativa envolvente, não apenas a trajetória de si própria, protagonista do livro, mas também relata histórias de tensão e angústia de outras mães que viveram experiências semelhantes na UTI. Forma-se, assim, uma espécie de rede de acolhimento de mães que estão na mesma situação e unem-se procurando esperança e apoio mútuo.

“Mulheres Marcadas”aparece como um tributo à força e resiliência das mães cuidadoras em situações extremas. A autora no livro dá dicas, a partir de sua experiência, para mães que estão vivendo esse momento, dedicando um capítulo para o tema, intitulado “De uma mãe de UTI para outra”.

“São apenas mães recém-nascidas lutando pela vida de seus bens mais preciosos, procurando uma saída dentro de si mesmas para continuar seguindo em frente. Além disso, trago um capítulo especial sobre ‘a maternidade como ela é’, mostrando os desafios nos bastidores dessa grande jornada de aventura que é ser mãe”, comenta a autora.

“Enfrentar dificuldades nunca é fácil, mas a forma como lidamos com elas pode tornar a situação ainda mais desafiadora. Essa foi a maior lição que aprendi. A maneira como enxergamos o cenário pode determinar o trajeto que percorremos.”

A mãe que escreve: de Maria Júlia ao livro

Fabiana conta que sempre foi “escritora de coração”. A paixão pela escrita vem desde a infância, quando escrevia contos e poesias inspirados na vida, mas nunca teve coragem de publicá-los, até nascer Maria Júlia. Ao ver a coragem de sua filha, a sua “guerreira” que sobrevive a todos os procedimentos médicos, Fabiana decidiu finalmente seguir seu sonho de se tornar autora, contando justamente a história do nascimento de sua filha, seu maior orgulho.

A escrita, para a autora, é uma maneira de compartilhar histórias inspiradoras e dar voz às pessoas que, muitas vezes, não têm a oportunidade de se expressar. Ela conta também que “Mulheres Marcadas” é uma oportunidade de devolver o tanto que recebeu de apoio e afeto. Para isso, parte das vendas do livro serão destinadas para distribuição de exemplares em UTIs públicas e filantrópicas, para mães de UTI.

Com isso, Fabiana fecha o círculo entre receber e dar apoio. Tudo isto através do poder da palavra que transforma o livro em uma obra também coletiva da força, coragem e empatia destas mães de UTI, do amor de mãe que não têm limites e, por fim, da capacidade que o pensamento tem de fortalecer as pessoas frente os obstáculos da vida.

A escritora espera que o seu livro marque não só o coração das pessoas, mas também o início de uma longa e próspera carreira literária que vem com uma próxima obra infantil.

“Eu escrevi de forma lúdica os processos cirúrgicos da minha filha, pois ela terá uma nova intervenção, para ela e outras crianças saberem lidar com esse processo delicado”, explica a autora. “Pretendo não apenas registrar a jornada de Maju, mas também ajudar outras crianças corajosas e guerreiras a enfrentarem seus medos sobre cirurgias.”

Serviço:

Para adquirir o livro físico com dedicatória, entre em contato via redes sociais da autora (@fabi_escreve), ou adquira presencialmente na Livraria da Travessa – Iguatemi/SP (Av. Brig. Faria Lima, 2232 – Jardim Paulistano). Em breve, a obra estará disponível nos principais marketplaces. O e-book está disponível para compra na Amazon.

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