Aos 85 anos, Domitila F. da Silva Aranha frequenta, sempre que possível, as aulas de ginástica realizadas no Museu Villa Lobos, em Botafogo, zona sul carioca. Na manhã desta terça-feira (16), ela não só fez exercícios como cantou músicas de antigamente que celebram a chegada de um Ano Novo e ouviu uma palestra sobre a importância de cuidar bem da saúde mental.
Domitila ainda ganhou uma sessão de auriculoterapia – uma prática integrativa que trabalha os pontos de acupuntura na orelha, com uso de sementes. Tudo de graça, pelo Sistema Único de Saúde. E no dia 6 de fevereiro já tem compromisso: o baile de Carnaval da turma da ginástica no quintal do Museu.
Quem também participou da manhã saudável no espaço foi Maria das Dores do Amaral, de 73 anos. Com as duas mãos amputadas, ela se orgulha de contar que faz de tudo onde trabalha, na Clínica da Família Santa Marta, que funciona na entrada da comunidade onde mora. “Ajudo a organizar a fila, faço o que precisar. Em casa eu faço tudo, ainda vou faxinar a casa hoje”, contou ela, toda animada.
É assim, unindo pessoas de diferentes classes sociais e idades, que o programa Academia Carioca busca oferecer mais saúde e qualidade de vida para moradores de Botafogo – a maioria são idosos acima dos 60 anos. A ginástica é oferecida toda terça e quinta-feira, às 8h, na área externa do Museu Villa Lobos (Rua Sorocaba 200).
Já às 9h e 9h45, nos mesmos dias, a mesma atividade acontece nos jardins da Casa de Rui Barbosa, outro importante espaço cultural do bairro, que funciona na Rua São Clemente 134. O professor de Educação Física Eduardo coordena as atividades e ainda faz a marcação de consultas e atendimentos de auriculoterapia para pacientes já cadastrados no Centro Municipal de Saúde Dom Helder Câmara, que funciona no bairro.
Mas o trabalho não para por aí. Quem tem mais de 60 anos ainda pode participar das inúmeras atividades oferecidas pela Casa de Convivência e Lazer Pedro Velloso. O espaço, que funciona junto à Clínica da Família Santa Marta, onde oferece aulas de pilates, yoga, alongamento, dança de salão, seresta e aulas de música e coral, além de oficinas de memória afetiva (que ajuda na prevenção de doenças típicas do envelhecimento) e mídia digital (onde se aprende na prática a lidar com os novos tempos tecnológicos).
Terapias integrativas pelo SUS começaram no Rio
A programação especial de Janeiro Branco foi preparada pela equipe do CMS Dom Hélder Câmara, que reúne médicos, psicólogos, assistentes sociais, educadores físicos e outros profissionais de saúde. Claudia Elaine Feitosa, que atua na Unidade Integrada de Saúde Manoel Arthur Villaboim (Uismav), conhecida como o hospital de Paquetá, era uma das terapeutas que aplicavam a auriculoterapia.
Técnica de enfermagem adaptada após sofrer cinco hérnias de disco, Claudia contou que decidiu morar na ilha de Paquetá para ganhar mais qualidade de vida. E passou a se dedicar ao estudo as terapias integrativas. Hoje, coordena o Consultório Verde, espaço criado dentro da Uismav, onde oferece, além de auriculoterapia, aromaterapia, fitoterapia, florais de bach, meditação guiada, reflexologia podal e cromoterapia.
Ela conta que as PICS – como são conhecidas as Práticas Complementares Integrativas – começaram a ser implementadas com pioneirismo no município do Rio de Janeiro em 1998, ainda na gestão do então prefeito César Maia, começando pela massoterapia. Hoje, após incorporação pelo SUS, as PICs são amplamente empregadas nas unidades de saúde de toda a cidade, trazendo mais saúde para a população.
E viva o SUS!
Mais sobre o programa Academia Carioca
Criado em 2009 pela Secretaria Municipal de Saúde, o Programa Academia Carioca visa promover a prática de atividade física de forma mais acessível, com objetivo de melhorar os indicadores de saúde e reduzir as desigualdades entre a população. O programa conta com 123 profissionais de educação física integrados às equipes de saúde em 216 unidades de Atenção Primária (centros municipais e clínicas da família) e, em junho, chegou à marca de 192 mil participantes, 57% deles com mais de 60 anos.
Levantamento divulgado em junho de 2023 mostra que a prática regular de atividade física aumentou a qualidade de vida dos participantes do programa. Entre os resultados, a pesquisa indicou que 90% dos participantes apresentaram controle da pressão arterial; 61% tiveram redução do peso corporal; 52% redução do IMC. Dos integrantes que faziam uso de medicação prescrita, 20% tiveram a indicação medicamentosa suspensa, após reavaliação médica.
Mais sobre as casas de convivência para idosos
A Casa de Convivência e Lazer Padre Velloso é um projeto ligado à Secretaria Especial de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida da Prefeitura do Rio de Janeiro, e tem como objetivo ser um espaço de socialização, potencialização e promoção da qualidade de vida do seu público-alvo, que é caracterizado por pessoas de ambos os sexos, a partir dos 60 anos.
As Casas de Convivência são espaços de socialização e promoção da qualidade de vida do seu público alvo, formado por pessoas de ambos os sexos, a partir de 60 anos. Os requisitos para frequentar as Casas de Convivência são: ter 60 anos ou mais e já ter sido vacinado contra a Covid-19 (é necessário apresentar a caderneta de vacinação). Para se inscrever, os interessados devem levar documento de identidade, CPF, comprovante de residência e três fotos 3×4. Mais informações aqui.