O anúncio de que o presidente da Argentina, Alberto Fernández, testou positivo para a Covid-19 e a morte do cantor Agnaldo Timóteo no sábado (3/4), mesmo após terem sido imunizados, despertaram dúvidas entre muitas pessoas. Afinal, a vacina contra a doença causada pelo coronavírus evita mesmo o contágio pelo Sars-Cov-2? Ou apenas reduz o risco de complicações, se a pessoa for contaminada? E o que pode interferir para que isso ocorra – idade, comorbidades? O tipo de vacina também pode ser decisivo?
Fernandéz se tornou o 38º presidente em todo o mundo a ser diagnosticado com a Covid-19 e o primeiro a ter a doença após ser vacinado. Há dois meses, ele havia recebido a vacina russa Sputinik V, com a qual mais de 7,6% da população argentina já foram imunizadas com a primeira dose. Segundo o fabricante, este imunizante – o primeiro anunciado em todo o mundo e já presente em mais de 30 países – apresentou 91% de eficácia e até 100% para casos graves da doença.
Especialistas confirmam que a imunização nem sempre impede a contaminação pelo coronavírus, mas sim o agravamento da Covid-19. “Não há solução mágica. A probabilidade de ser contaminado ocorre, mesmo se for uma vacina muito boa. Por isso vai ter gente precisando de hospital e vai ter gente morrendo. Vacinas não são mágicas, assim como bons goleiros não são mágicos se não tiverem uma boa defesa”, disse a microbiologista Natália Pasternack, presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC).
Sintomas leves não impediram presidente de trabalhar
O chefe de Estado argentino fez o exame depois de ter sentido sintomas compatíveis com a doença. “Ao terminar este dia, depois de apresentar febre de 37,3º e uma leve dor de cabeça, fiz um exame rápido no qual testei positivo”, disse Fernández em sua conta oficial no Twitter. Fernández trabalhou durante a tarde, na sexta-feira, na residência oficial de Olivos, na capital Argentina. À noite, quando se preparava para jantar, apresentou os sintomas leves.
O teste de PCR comprovou o contágio e o presidente e tem sido acompanhado por Federico Saavedra, médico que lhe indicou a realização do primeiro exame. Fernández, que completou 62 anos neste sábado, foi isolado como medida de prevenção e esclareceu que está bem fisicamente. “Por mais que eu não quisesse terminar o dia do meu aniversário com esta notícia, estou animado”, afirmou.
O presidente argentino tomou as duas doses da vacina Sputnik V, do laboratório russo Gamaleya. A primeira injeção foi aplicada no dia 21 de janeiro, no hospital Posadas, em Buenos Aires, e a segunda em 11 de fevereiro, de acordo com fontes ligadas à Presidência.
No caso da Sputnik V, estudos a partir da fase 3 de testes clínicos mostraram eficácia 91,6% na prevenção da Covid-19, como indica um artigo revisado por pares publicado na revista científica Lancet em fevereiro. Para casos graves, a proteção constatada foi de 100%. O estudo indica que a vacina não dá a garantia completa de que uma pessoa não vá contrair a doença. No entanto, os imunizantes impedem, de modo efetivo, que o quadro de saúde evolua para uma situação mais grave.
Entrei em contato com as pessoas com as quais estive reunido nas últimas 48 horas para que façam isolamento. Peço a todos que se preservem seguindo as recomendações. É evidente que a pandemia não passou e devemos continuar nos cuidando”, recomendou.
A Casa Rosada, sede do governo argentino, anunciou que Carla Vizzoti, ministra da Saúde, está pessoalmente fazendo a lista de pessoas que tiveram contato com o presidente. Uma reunião de Fernández com Horacio Rodríguez Larreta, chefe de governo de Buenos Aires, foi reorganizada para ocorrer ou virtualmente ou por telefone.
Argentina enfrenta segunda onda de Covid e também sofre com negacionismo
A Argentina enfrenta uma segunda onda do coronavírus, com um aumento considerável no número de contágios impulsionado pelas novas variantes, incluindo a P.1 brasileira. Além da Sputnik, a Argentina tem um acordo para produzir a vacina de Oxford/AstraZeneca junto com o México, mas essa produção está atrasada por falta de insumos.
Com G1