A maioria dos casos de hérnia de disco – uma das patologias que mais afetam a coluna, atingindo mais de 5 milhões de brasileiros – não necessita de tratamento cirúrgico. Somente 10% a 15% dos casos possuem indicações cirúrgicas. Em muitas situações, apenas mudanças de hábitos e a prática de atividade física já podem resolver.

Com o avanço da medicina e tecnologia, em muitos casos é possível realizar procedimentos complexos de forma minimamente invasiva, com redução de riscos e recuperação mais rápida. Isso tudo graças ao avanço da tecnologia, com o emprego de aparelhos de última geração, como microscópios e câmeras de alta resolução.

Na neurocirurgia, área da medicina que opera as doenças do sistema nervoso central e periférico, as cirurgias minimamente invasivas passam a disputar espaço com práticas convencionais e oferecem, ao médico e paciente, menor tempo de ação e internação.

A cirurgia pode ser indicada quando a hérnia evolui e comprime as estruturas nervosas próximas, podendo causar dores excruciantes limitantes em uma pessoa. Porém, especialistas garantem que os procedimentos cirúrgicos na coluna são cada vez menos invasivos. Isso acontece muito no caso de hérnia de disco.

Procedimentos para tratar hérnia de disco que recebem alta no mesmo dia

Mesmo após o surgimento de novas tecnologias e aperfeiçoamento de técnicas médicas, a cirurgia na região da coluna vertebral ainda causa muito receio em toda a população. Por ser uma estrutura delicada e que está diretamente ligada a movimentos de membros, muitas pessoas costumam ter medo das sequelas que um procedimento nesta região pode causar.

O ortopedista Bruno Fabrizio, especialista em cirurgias de coluna, explica que os locais mais comuns de aparecer a doença são a região lombar e cervical devido à maior mobilidade nessas regiões.⁣

“Em muitos pacientes ela pode ser incapacitante, dependendo do tamanho e da localização, diminuindo a qualidade de vida, e impossibilitando as atividades diárias.⁣ Por acharem que, obrigatoriamente, terão que passar por uma cirurgia grande e complexa, muitos acabam convivendo com a dor”, afirma.

Atualmente, é possível realizar o tratamento quando preciso por meio de procedimentos minimamente invasivos, que dispensam a necessidade de grandes cirurgias. ⁣”Esses métodos permitem que as operações sejam realizadas com cortes mínimos, ou até mesmo sem eles. ⁣Em muitos casos, os pacientes têm alta hospitalar no mesmo dia da cirurgia”, ressalta.

Vanessa Milanese, diretora de Comunicação da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), lembra que para a maioria dos casos, cerca de 90%, tratamentos sem intervenção cirúrgica, como alternativas e medicamentos recomendados por especialista, funcionam bem. “Para os demais, há as opções tradicionais e as técnicas minimamente invasivas. A indicação entre uma e outra vai depender do quadro de cada paciente”, afirma.

Para alguns casos, segundo ela, há procedimentos como microcirurgia, cirurgia endoscópica da coluna e rizotomias por radiofrequência, que dispensam anestesia geral. “Devido às incisões diretamente no foco, colaboram para que o paciente seja liberado no mesmo dia, a depender do caso”,  explica.

“Existem intervenções cirúrgicas que são feitas via incisão de poucos centímetros de extensão e que, além de tratar do problema, o paciente recebe alta médica em até 24 horas”, relata André Evaristo Marcondes, ortopedista e especialista em coluna do Núcleo de Medicina Avançada do Hospital Sírio-Libanês.

Conheça algumas opções de tratamento cirúrgico de hérnia de disco

Cirurgia endoscópica da coluna vertebral

Neste procedimento, também chamado de cirurgia por vídeo da coluna ou endoscopia da coluna, é realizada uma pequena incisão para a colocação de um tubo de acesso. Em seguida é introduzido uma micro câmera onde é possível visualizar as imagens em alta definição. Logo depois, através de instrumentos cirúrgicos, é possível remover a parte herniada do disco e seus fragmentos, aliviando a compressão das terminações nervosas. “Quando realizamos esse procedimento, muitos pacientes alegam sentir alívio imediato dos sintomas já no pós-operatório”, explica o especialista André Evaristo.

“Neste método, é necessária uma pequena incisão para a colocação de um tubo de acesso e, em seguida, são introduzidos os instrumentos para a realização da operação. O primeiro é uma cânula com câmera na ponta, para a transmissão das imagens em tamanho real. Em seguida, ferramentas de corte, como pinças especiais, para a remoção da hérnia. Utiliza anestesia local, sedação e, ao final, um ponto para fechar o furo”, esclarece a médica.

Na cirurgia endoscópica é inserido o endoscópio por meio de pequenas incisões na pele e se usa uma câmera na ponta do dispositivo para visualizar e tratar a área afetada da coluna. “Isso permite a remoção de tecido danificado, descompressão de nervos ou fixação de problemas na coluna com menos danos aos tecidos circundantes. Ela tem uma recuperação mais rápida, menos dor pós-operatória e menor tempo de internação”, explica Dr Bruno.

Discectomia Tubular (uso de afastador em forma de tudo)

Com o auxílio de um microscópio, a discectomia tubular é realizada em uma  micro-incisão de 2,5-3,0 cm, sendo este considerado padrão ouro de tratamento de hérnia de disco com os melhores resultados comprovados.

“No estágio inicial da doença, muitos casos podem ser controlados com bloqueio foraminal, tratamento medicamentosos e fisioterápico, porém, quando há indicação existem diferentes técnicas cirúrgicas para tratar a hérnia de disco. No entanto, gosto de lembrar aqui que a melhor alternativa sempre será aquela com relação direta com o seu caso e histórico de saúde”, finaliza o Dr. André Evaristo.

Microcirurgia de coluna

Mais comum para hérnias de disco, a microcirurgia de coluna é um procedimento minimamente invasivo realizado na coluna vertebral com pequeno corte na pele, de 3 ou 4 cm, e auxílio de um microscópio cirúrgico. O aparelho permite visualizar o interior do corte com imagens nítidas e ampliadas. Após a retirada da hérnia, os nervos próximos são cauterizados, a fim de eliminar as dores que afetam o paciente.

”Nessa operação, são feitas pequenas incisões e um microscópio cirúrgico para visualizar e acessar a área afetada da coluna com maior precisão. Isso permite a remoção de tecido danificado ou descompressão de nervos espinhais com menos trauma aos tecidos circundantes, levando a uma recuperação mais rápida e menos dor pós-operatória em comparação com as cirurgias tradicionais na região”, enfatiza Dr Bruno.

Infiltrações foraminais da coluna

São realizadas para tratar a dor na coluna vertebral particularmente relacionada à compressão dos nervos espinhais quando eles saem da medula espinhal através das aberturas chamadas forames.

“Durante a infiltração, é injetado medicamentos, como corticosteróides e anestésicos, diretamente na área afetada para reduzir a inflamação e aliviar a dor. Essas infiltrações são frequentemente usadas para diagnosticar e tratar condições como hérnias de disco, estenose espinhal e artrite facetária. Elas podem proporcionar alívio temporário ou duradouro da dor, permitindo que os pacientes evitem cirurgias mais invasivas”, finaliza.

Artrodese de coluna: quais são os principais cuidados pós-operatórios?

Ortopedista reforça que o repouso, uso correto de medicamentos e fisioterapia são importantes para recuperação pós-cirúrgica

A artrodese de coluna é um procedimento cirúrgico que visa estabilizar as vértebras da coluna vertebral. Geralmente é feita para solucionar problemas como hérnia de disco, escoliose, espondilolistese ou dor crônica nas costas. O ortopedista Bruno Fabrizio explica como os cuidados pós-operatórios desempenham um papel crucial no processo de recuperação.

“Nos primeiros dias após o procedimento, repouso é essencial. Os pacientes são aconselhados a descansar e limitar a movimentação da coluna nas primeiras semanas após a cirurgia. Isso ajuda na cicatrização e reduz o risco de complicações”, explica o especialista.

Bruno também lembra que podem ser prescritos medicamentos para controlar a dor e prevenir infecções. “Siga rigorosamente as instruções sobre dosagem e horários”, orienta.

Após a fase inicial de repouso, a fisioterapia é muitas vezes recomendada para ajudar na recuperação. “Os exercícios específicos podem ajudar a fortalecer os músculos das costas e melhorar a mobilidade”, explica o especialista.

Dependendo do tipo de artrodese e da localização da cirurgia, o médico pode prescrever o uso de um colar cervical ou colete. “Ele vai orientar quanto ao tempo de uso e quando removê-lo”, afirma.

Manter a incisão cirúrgica limpa e seca também é um cuidado que não pode ser deixado de lado. “Evite molhar a área. Qualquer sinal de infecção, como vermelhidão, inchaço ou secreção, deve ser comunicado imediatamente ao seu médico. O paciente também deve evitar levantar objetos pesados ou fazer movimentos bruscos que coloquem pressão excessiva na coluna durante o período de recuperação”, diz.

Fabrizio lembra que os cuidados pós-operatórios podem variar de acordo com o tipo e extensão da cirurgia, bem como as necessidades individuais do paciente. “ A recuperação completa pode levar semanas ou até mesmo meses, e a adesão rigorosa às instruções médicas é fundamental para obter os melhores resultados”, finaliza.

Entenda a hérnia de disco

hérnia de disco é uma condição médica que surge com o desgaste da estrutura circular que fica entre as vértebras da coluna vertebral. Ocorre, então, o vazamento do material gelatinoso que fica no centro desse disco, se projetando para fora, pressionando os nervos adjacentes e podem causar dores excruciantes.

Ela é relativamente comum e pode ocorrer em toda a coluna. Quem possui tende a sentir dor, dormência, fraqueza e outros sintomas, dependendo da localização. De acordo com informação da Sociedade Europeia da Coluna (Eurospine), estudos indicam que cerca de 30% da população mundial tem um disco da coluna herniado sem apresentar sintomas.

Pode iniciar com quadro de dor lombar e\ou dor irradiada para o membro inferior, alteração da sensibilidade “formigamento”, “dormência” ou “anestesia” em alguma região do membro inferior. Quando há uma piora do quadro pode ocorrer uma diminuição de força em algum movimento das pernas.

A enfermidade, que pode acontecer após uma combinação de fatores e que pode ter uma predisposição associada a fatores ambientais como peso excessivo e obesidade, em 90% dos casos, pode ser tratada sem necessidade de cirurgia. Adoção de hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada e prática de atividades físicas, é fundamental para o fortalecimento da musculatura da coluna e a prevenção do problema.

Com Assessorias

Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!
Shares:

Related Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *