A possibilidade de a gripe aviária se tornar uma pandemia continua preocupando as autoridades de saúde. A contaminação em humanos ocorre após contato com animais infectados, e o número de surtos em aves e mamíferos não para de crescer.  De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2003 até março deste ano, foram registrados 969 casos de infecções por gripe aviária em humanos, causadas pelo Influenza A H5N1, com 457 mortes.

De outubro do ano passado a fevereiro deste ano, um período de cinco meses, foram registrados mais de 900 surtos em aves de criação e 1 mil em aves silvestres. Esses valores são superiores aos registrados durante toda a temporada anterior de circulação do vírus, de outubro de 2023 a setembro de 2024, um período de 12 meses.

A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Mônica Levi,  explica que o vírus da gripe aviária consegue desenvolver mutações e se adaptar para infectar organismos diferentes com muita rapidez.

Já são mais de 350 espécies, que não eram infectadas no começo, incluindo mamíferos, como gatos domésticos, que foram identificados na Polônia. Se o vírus adquirir mais alguma mutação que aumente a adesão do vírus à célula do hospedeiro humano, ele vai conseguir ser transmitido de pessoa para pessoa. Esse é o problema. E segundo as evidências, falta muito pouco para esse vírus causar uma pandemia“, alerta Mônica Levi.

Vacina universal contra todos os tipos de vírus influenza

Segundo ela, é preciso avançar na criação de vacinas mais eficazes, para evitar que isso aconteça. Vacinas específicas contra o vírus da gripe aviáriajá foram produzidas e existem estoques de emergência em cerca de 20 países.  Uma das grandes esperanças é a vacina universal contra todos os tipos de influenza, conhecida como vacina de RNA mensageiro, que já apresentou resultados positivos.

Na composição da vacina de RNA mensageiro, foi colocado o sequenciamento genético de todos subtipos de influenza A e B, e se testou em furões e ratos. Primeiro, eles testaram, antígeno por antígeno, isoladamente, e a resposta imune foi muito boa. Então, eles passaram a testar nesses animais, as 20 cepas de uma vez. E o que eles viram foi uma indução de anticorpos para todas as 20 cepas, por pelo menos quatro meses após a vacinação”, explica a especialista.

A presidente da Sbim alerta que é fundamental que o Brasil também desenvolva uma vacina própria o mais rápido possível, para não precisar contar com a produção de empresas estrangeiras, caso seja necessário. O Brasil aposta no imunizante que está sendo formulado pelo Instituto Butantan e que também já passou pela fase de testes em animais, com bons resultados.

No momento, em conjunto com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o instituto está convidando voluntários para os testes em humanos, enquanto aguarda a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciá-los.

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Estado de emergência zoosanitária no Brasil

A letalidade por gripe suína atualmente é superior a 50%. “A mortalidade deste vírus é muito alta, porque nós não temos imunidade prévia contra ele”, conta a especialista.  No entanto, essa proporção de morte frente aos casos vem caindo desde 2015, e, neste ano, dos 72 casos registrados nas Américas, apenas dois levaram a óbito, um nos Estados Unidos e outro no México. Quase todos os registros de novas infecções estão nos EUA.

O primeiro caso de gripe aviária no Brasil foi confirmado em maio de 2023, e até hoje foram registrados 166 focos da doença, sendo 163 em aves silvestres e três em aves de criação. Diante do cenário mundial, o Ministério da Agricultura e Pecuária prorrogou por mais 180 dias o estado de emergência zoossanitária por causa da doença.

Da Agência Brasil. com Redação

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