Gordinha desde pequena, a médica nutróloga Ana Luisa Vilela viveu na pele a obesidade mórbida e sempre compartilhou das dificuldades e esforços para emagrecer. Hoje, quase 20 anos depois de uma cirurgia bariátrica que quase à levou à morte, ela ainda se mantém 60 kg mais magra. Mas perdeu muito peso por doença e depois, com a perda da massa magra, acabou engordando novamente.

Depois de perceber exatamente como é passar por isso, ela estudou para poder se tratar e reverter todo mal que a obesidade causou a seu corpo e hoje se dedica à nutrologia dentro da medicina. Por isso, no Dia de Luta Contra a Gordofobia (10 de setembro), ela destaca a importância de uma abordagem médica livre de julgamentos e baseada em evidências científicas.

De acordo com a  especialista em emagrecimento,gordofobia médica pode levar a diagnósticos imprecisos e tratamentos inadequados.

Quando o peso é tratado como o único indicador de saúde, outros fatores de risco podem ser negligenciados. Isso pode resultar em uma piora da condição do paciente e na perpetuação de um ciclo de frustração e insucesso no tratamento”, alerta.

Ela enfatiza a importância de uma avaliação médica completa, que considere a saúde global do paciente e não apenas seu índice de massa corporal (IMC).A saúde não é apenas uma questão de peso. Precisamos avaliar a pressão arterial, níveis de glicose, colesterol, função cardíaca e outros parâmetros para oferecer um cuidado realmente eficaz e personalizado”, complementa.

Ana Luisa Vilela chegou a emagrecer 60 kg e hoje se dedica à nutrologia (Foto: Reprodução/Instagram)

Nem todo obeso tem essa característica porque quer

A data é dedicada à conscientização sobre o preconceito enfrentado por pessoas com obesidade e promoção da aceitação e o respeito ao corpo de todas as pessoas, independentemente da forma física. Para a Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), reconhecer a complexidade da doença é o primeiro passo para combater a gordofobia e promover a saúde de forma inclusiva.

A luta contra a gordofobia não é apenas uma questão de combater o preconceito, mas também de promover a compreensão e o cuidado com a saúde de maneira abrangente. Ao focar na saúde e no bem-estar, podemos ajudar a construir uma sociedade mais empática, que apoia todas as pessoas em suas jornadas individuais para uma vida saudável”, conclui o Prof. Dr. Durval Ribas Filho, presidente da Abran.

Médico nutrólogo, Fellow da The Obesity Society – TOS (EUA), ele diz que nem todo obeso tem essa característica porque quer. E que é essencial entender que a obesidade não é apenas uma questão de aparência ou escolha pessoal, mas sim um problema influenciado por diversos fatores biológicos, psicológicos, sociais e ambientais. Ele fala do caráter hereditário da doença?

Para alguns indivíduos, a predisposição genética desempenha um papel significativo na obesidade. Estudos mostram que determinadas condições hereditárias podem afetar o metabolismo, a distribuição de gordura no corpo e a sensação de saciedade, dificultando o controle do peso.”

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Quais fatores influenciam na obesidade?

Durval Ribas Filho lembra que a obesidade é uma condição crônica que afeta pessoas de todas as idades, sendo uma doença complexa e multifacetada, frequentemente associada a outras patologias graves, como diabetes, hipertensão, problemas cardíacos e até certos tipos de câncer. Por isso, a doença deve ser abordada com a ajuda de profissionais qualificados, como médicos, nutrólogos, nutricionistas e psicólogos.

A obesidade é uma condição multifatorial e complexa, que vai além do simples conceito de comer menos e exercitar-se mais. Precisamos abandonar a mentalidade reducionista e entender que fatores genéticos, ambientais, psicológicos e metabólicos desempenham um papel crucial no desenvolvimento e manutenção da obesidade”, afirma Ana Luisa Vilela.

De acordo com a Abran, outros fatores podem implicar na obesidade:

  • Hormonais – Desequilíbrios hormonais, como os que ocorrem em condições como o hipotireoidismo, a síndrome de Cushing e a síndrome dos ovários policísticos (SOP), também podem contribuir para o ganho de peso excessivo e a dificuldade em perder peso.
  • Psicológicos – Já se sabe que a saúde mental está intrinsecamente ligada à saúde física. Transtornos como ansiedade, depressão e distúrbios alimentares podem levar ao comportamento alimentar compulsivo, em que o alimento é utilizado como recompensa e como forma de lidar com emoções difíceis.
  • Ambientais – O local onde vivemos também tem um impacto significativo. Acesso limitado a alimentos saudáveis, falta de espaços e estímulos para atividades físicas e o estresse do dia a dia contribuem para a prevalência da obesidade.

Agenda Positiva

Projeções indicam avanço alarmante da obesidade até 2050

Holofotes do Congresso de Nutrologia este mês se voltam para o aumento da obesidade e do estigma em torno dela

Projeções do Global Burden of Disease (Lancet) indicam que, se nada mudar, com reformas políticas e ações urgentes, até 2050, mais da metade das pessoas com 25 anos ou mais — no mundo todo (3,8 bilhões) — e cerca de um terço de todas as crianças e jovens (746 milhões) deverão ser afetados pela doença.

Falhas globais na resposta à crescente crise da obesidade, nas últimas três décadas, são consideradas os principais fatores que levaram a este aumento impressionante no número de casos.

Este cenário será destaque durante o XXIX Congresso Brasileiro de Nutrologia (CBN 2025), promovido pela Abran, que acontecerá nos dias 25, 26 e 27 de setembro, em São Paulo, e é considerado o maior do mundo na especialidade.

Com Assessorias

 

 

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