Márcia Barbosa dos Santos, de 60 anos, sofreu uma segunda amputação da perna há dois anos no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), no Rio de Janeiro. Desde então, não soube mais o que era viajar de ônibus.
Tudo porque a porta de entrada dos veículos são muito altas e dificultam a vida de pessoas com deficiência, como amputados, pessoas obesas, pessoas com nanismo e também aquelas com mobilidade reduzida temporária. A realidade de pessoas como Márcia promete mudar a partir de uma novidade nos transportes públicos do Rio.
Em parceria com o Rio Ônibus, o Into lançou na última terça-feira (3) o projeto “Eu vou!”, que busca facilitar a mobilidade das pessoas com deficiência no uso do transporte público. O treinamento vai ser uma oportunidade de Márcia se deslocar pela cidade com segurança e independência.
Foi a primeira vez que eu subi em um ônibus desde que passei pela amputação novamente. Eu tinha um bloqueio e hoje perdi o medo. Agora vou poder andar de ônibus sozinha e mais confiante”, comemorou a paciente.
A iniciativa conta com um ônibus convencional cedido pelo Rio Ônibus, que ficará estacionado no pátio interno do Instituto, onde serão realizadas simulações de viagens com os pacientes em reabilitação.
O objetivo é treinar esse paciente no acesso ao ônibus: a maneira segura de subir, se locomover dentro do veículo, a forma adequada de sentar, ensinar quem é cadeirante a usar o elevador. Ou seja, garantir que o direito deles de usar o transporte público seja uma opção viável e acessível”, explica a terapeuta ocupacional Sandra Helena Moura.
Além de ampliar a autonomia dos pacientes, o projeto inclui ainda treinamento para motoristas de coletivos sobre o uso da plataforma de elevação, com a participação de pessoas com deficiência atendidas pelo Into, simulando situações do dia a dia.
O projeto ‘Eu Vou!’ é um passo importante para garantir que as pessoas com deficiência possam viver de forma mais autônoma e integrada à sociedade. A mobilidade é um direito fundamental e precisamos proporcionar condições para que todos tenham acesso aos mesmos serviços e oportunidades”, destaca a diretora do Into, Germana Bahr.
Para o presidente do Rio Ônibus, João Gouveia, a iniciativa reforça o compromisso do setor com iniciativas inclusivas. “Essa parceria é um exemplo de como o transporte público pode ser um aliado na inclusão e na autonomia das pessoas com deficiência, promovendo um impacto positivo em toda a sociedade”, afirmou.
O Into já conta com um apartamento modelo, onde capacita pacientes amputados para a realização das atividades cotidianas, como lavar louça, passar roupa e organizar objetos no armário. O treinamento para uso do transporte público no ônibus é mais uma ferramenta no processo de reabilitação, permitindo que os pacientes percam o receio de se locomover com autonomia pela cidade, especialmente durante a adaptação à vida como pessoa com deficiência.
O Instituto Gingas, que trabalha a capoeira e a acessibilidade, celebra nesta quinta-feira (5/12), o Dia Nacional da Acessibilidade, com a assinatura de um projeto inovador para a sede da organização em Niterói: o planejamento de um elevador, assinado por Érika Machado, doutora pelo Programa de Pós-Graduação de Arquitetura e Urbanismo (PPGAU) da Universidade Federal Fluminense (UFF).
O objetivo é viabilizar a ampliação das atividades para os atendidos e propiciar a presença de mais familiares, colaboradores e visitantes. A notícia ganha ainda mais simbolismo nessa data já que Érika é uma pessoa com deficiência visual. A arquiteta, que também é Mestre em Preservação do Patrimônio Cultural PEP/MP – IPHAN demonstrou com muito afeto e carinho a felicidade que sentiu ao fazer parte desse projeto.
Acessibilidade universal é direito de todas(os). Uma edificação acessivel traz não só autonomia e direito de ocupação por deficientes – mas também traz segurança a grávidas, idosas, obesas, pessoas acidentadas com locomoção temporáriamente comprometida e mesmo as que tem mobilidade considerada plena”, finalizou.
O Gingas trata a questão da acessibilidade através da capoeira, educação e música e ter uma arquiteta PcD desenvolvendo um projeto como este faz todo o sentido com os propósitos da instituição.
Somos conhecidos pelos nossos projetos de acessibilidade e inclusão com diversas linguagens da arte e várias vertentes da cultura, porém acreditamos que a acessibilidade deveria se manifestar em todas as dimensões da sociedade, inclusive na arquitetura. E que melhor maneira de demonstrar isso no prédio da na nossa própria instituição? Dar acesso é uma obrigação de todos e todos se beneficiam”, frisou o fundador do Instituto Gingas, David Bassous, conhecido como Mestre Bujão.