O novo Boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado nesta quinta-feira (31/7), aponta para um aumento do número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças pequenas associados. As notificações são relacionadas ao vírus sincicial respiratório (VSR) – causador da bronquiolite – nos estados do Amazonas, Roraima e Rio Grande do Norte, além de uma retomada do crescimento no Rio Grande do Sul.
No cenário nacional, as ocorrências associadas ao VSR e à influenza A continuam em queda na maior parte do país nas tendências de curto e de longo prazo. Este cenário reflete a manutenção da queda nas hospitalizações por influenza A e VSR na maior parte do país, porém, ainda com níveis elevados de incidência”, informou a Fiocruz.
Em relação à Covid-19, os casos graves seguem em baixa na maior parte do país. No entanto, no Ceará verificou-se um aumento mais sustentado do número de casos de SRAG causados pelo vírus.
No ano epidemiológico 2025, já foram notificados 145.517 casos de SRAG, sendo 77.661 (53,4%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 49.217 (33,8%) negativos e ao menos 8.971 (6,2%) aguardando resultado laboratorial.
Dentre os casos positivos deste ano, observou-se que 46,1% são de vírus sincicial respiratório, 26,1% de influenza A, 23,2% de rinovírus, 7% de Sars-CoV-2 (Covid-19) e 1,1% de influenza B.
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 47,7% de vírus sincicial respiratório, 31% de rinovírus, 17,4% de influenza A, 4% de Sars-CoV-2 (Covid-19) e 1,5% de influenza B.
Alerta para medidas de prevenção
A nova atualização é referente à Semana Epidemiológica 30, de 20 a 26 de julho. A pesquisadora Tatiana Portella, do Programa de Computação Científica da Fiocruz e do InfoGripe, destaca que, mesmo com a tendência de queda, ainda se verifica um número alto de casos de SRAG em crianças e idosos nas últimas semanas.
O estudo aponta ainda um aumento de casos de SRAG entre os idosos no Pará. No entanto, por conta da falta de resultados laboratoriais mais recentes, ainda não é possível saber qual vírus tem sido responsável por esse aumento. Por isso, ela voltou a alertar sobre medidas preventivas.
É importante que todas as pessoas estejam em dia com a vacinação contra a Covid-19 e a influenza, já que essa é a principal forma de prevenção contra os casos graves”, recomenda.
Ela também segue recomendando alguns cuidados, como permanecer em isolamento ao apresentar sintomas de gripe ou resfriado. Mas caso não seja possível se isolar, é fundamental sair de casa usando uma boa máscara.
O uso de máscara também é recomendado em locais fechados, com maior aglomeração de pessoas, incluindo os postos de saúde”, explica Portella.
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Estado de alerta em 20 unidades da federação
Um total de 20 das 27 unidades da Federação apresentam incidência de SRAG em níveis de alerta, risco ou alto risco, porém sem sinal de crescimento na tendência de longo prazo: Acre, Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Paraíba, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e Sergipe.
Além disso, apenas os estados do Amazonas e Rio Grande do Norte apresentam incidência de SRAG em nível de alerta, risco ou alto risco (últimas duas semanas) com sinal de crescimento na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) até a semana 30. O aumento ocorre principalmente nas crianças pequenas e está associado ao VSR.
Observa-se a manutenção ou retomada do crescimento dos casos de SRAG em crianças de até 2 anos, associados ao vírus sincicial respiratório (VSR), no Amazonas, Roraima, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul. No Pará, também ocorre um aumento de casos de SRAG na população idosa, porém ainda sem identificação do agente viral.
Mesmo com a tendência de queda na maior parte do país, os casos de SRAG entre crianças pequenas, associados ao VSR, permanecem em níveis elevados na maioria dos estados, com exceção do Amapá, Espírito Santo, Piauí, Tocantins, e do Distrito Federal. Entre os idosos, os casos de SRAG seguem em níveis de moderado a alto em diversos estados das regiões Centro-Sul, além de alguns do Norte e Nordeste.
Maioria das mortes nas capitais foi causada pelo vírus da gripe
Nesta atualização, apenas duas das 27 capitais apresentam nível de atividade de SRAG em alerta, risco ou alto risco (últimas duas semanas) com sinal de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo: Campo Grande (MS) e Vitoria (ES).
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 47,7% de vírus sincicial respiratório, 31% de rinovírus, 17,4% de influenza A, 4% de Sars-CoV-2 (Covid-19) e 1,5% de influenza B.
Entre os óbitos, a presença destes mesmos vírus entre os positivos e no mesmo recorte temporal foi de 57,6% de influenza A, 17,7% de vírus sincicial respiratório, 15,3% de rinovírus, 6,4% de Sars-CoV-2 (Covid-19) e 2,6% de influenza B.
Metodologia da pesquisa
O InfoGripe é uma estratégia do Sistema Único de Saúde (SUS) voltada ao monitoramento dos casos de SRAG, oferecendo suporte às vigilâncias em saúde na identificação de locais prioritários para ações, preparações e resposta a eventos de saúde pública.
De acordo com a Fiocruz, os dados de positividade para semanas recentes estão sujeitos a grandes alterações em atualizações seguintes por conta do fluxo de notificação de casos e inserção do resultado laboratorial associado.
Da Agência Fiocruz, com Redação