Dia 29 de janeiro é o Dia da Visibilidade Trans, uma data para lembrar da importância da luta por direitos iguais às pessoas que se identificam como transgênero – o que, muitas vezes, pode começar ainda na infância ou adolescência, com histórias dramáticas de convívio e aceitação familiar.  Há muito tempo o cinema abraçou esta causa, com inúmeras produções que podem ser assistidas tanto em canais abertos, quanto fechados, além das plataformas de streaming, cada vez mais acessíveis.

O Canal Brasil, por exemplo, preparou uma mostra especial para dar espaço não só ao talento das pessoas trans, mas também às questões de identidade de gênero, aceitação, igualdade e tolerância que a comunidade LGBTPIAPN+ vive constantemente. Durante todo o mês de janeiro é exibida uma seleção que inclui produções dirigidas, escritas, interpretadas ou protagonizadas por homens, mulheres e até crianças e adolescentes trans que mostram como o cinema brasileiro atua na luta contra o preconceito e a transfobia.

O Portal ViDA & Ação preparou o especial pela Semana da Visibilidade Trans e estreia neste Ler Faz Bem – que também pode ser ‘Assistir Faz Bem’com um roteiro de filmes sobre a temática que pode interessar a toda a família, ajudando na sua compreensão, mesmo as que julgam que o assunto não deveria ser abordado nas suas casas – afinal, todos nós temos o dever de defender o direito de todos serem como são. Confiram:

‘Valentina’, uma menina trans que só queria estudar com seu nome social

A estreia da programação especial pelo Mês da Visibilidade Trans no Canal Brasil, no dia 1º de janeiro, contou com o longa Valentina’ (2020), dirigido por Cássio Pereira dos Santos.  Estrelado por Thiessa Woinbackk, ‘Valentina’ acompanha a protagonista na busca por privacidade ao se mudar para o interior de Minas Gerais com a mãe, vivida por Guta Stresser.

A menina quer se matricular com o nome social para evitar intimidações por parte dos colegas de turma, porém a escola passa a exigir a assinatura do pai ausente da jovem para a matrícula, criando um dilema para a família.

Pelo seu papel em ‘Valentina’, a youtuber Thiessa Woinbackk, a Thiessita, influencer trans, ganhou vários prêmios (Foto: Reprodução de internet)

O longa conquistou os prêmios de Melhor Longa-Metragem Brasileiro, Melhor Roteiro, Melhor Interpretação (para Thiessa) e o Prêmio do Público de Melhor Longa Metragem Nacional no Festival Mix Brasil 2020.

Thiessa Woinbackk, de 33 anos, geralmente conhecida como Thiessita, é uma bióloga, atriz, ativista e youtuber brasileira. Em 2020, ano em que o filme foi lançado, era considerada uma das duas principais influencers transsexuais, junto com Mandy Candy.

A protagonista conquistou os troféus de Melhor Atriz do Júri Internacional e Menção Honrosa do Júri Oficial para Interpretação na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo de 2020.

Outros filmes no Telecine abordam drama de crianças trans

O drama familiar vivido por crianças que se descobrem transgênero também rendeu outras produções. Como ‘A Pequena Garota’, que será exibido pelo Telecine nesta segunda (dia 29), às 16h15, também em homenagem ao Dia Nacional da Visibilidade Trans. O documentário exibido no Festival de Berlim em 2020 acompanha a jornada de aceitação e amadurecimento de Sasha, uma menina trans de 8 anos.

Disponível dentro do Globoplay, do Prime Video Channels e das plataformas de streaming das operadoras, o Telecine conta com ainda com Tomboy, premiado em Berlim com o prêmio Teddy para filmes Queers. Nele, o protagonismo é de Mickaël, um garoto trans que tem de lidar com a chegada da adolescência e a descoberta de sua identidade de gênero.

Também no acervo do Telecine, Rosie’, comédia dramática selecionada para o Festival de Toronto, acompanha a adaptação de uma menina órfã que se muda para a casa de sua tia e suas duas amizades não-binárias, formando uma família LGBT+.

‘Mônica’: o reencontro com a mãe doente e o preconceito

No especial dedicado ao Dia da Visibilidade Trans, Telecine também exibe nesta segunda (29) o longa  ‘Monica’filme de Andrea Pallaoro, indicado a três prêmios do Festival de Veneza em 2021, uma mulher trans retorna à sua cidade natal para visitar a mãe, que está doente. O retorno traz à tona as feridas dessa relação, deteriorada pelo preconceito.

Cena de ‘Monica’, em cartaz no Telecine dia 29/1, Dia Nacional da Visibilidade Trans (Foto: Divulgação)

Além do especial, o Telecine tem em seu acervo outros filmes estrelados por pessoas trans. Como o documentário Para Onde as Feiticeiras Voam traz para as telas um grupo de sete artistas de rua que atuam nas ruas do centro de São Paulo, como um coletivo de pessoas LGBTQIA+.

Tudo Sobre Minha Mãefilme de Pedro Almodóvar, premiado com o Oscar® de Melhor Filme Estrangeiro em 2000, acompanha a jornada de Manuela, que vai a Barcelona em busca do pai de seu filho, que acabara de morrer após ser atropelado. O reencontro, no entanto, reserva-lhe uma surpresa.

‘Vaca Profana’ aborda o sonho de uma travesti de ser mãe

O curta ‘Vaca Profana’ acompanha a saga de Nádia, uma travesti que sonha em ser mãe e luta para realizar o seu desejo (Foto: Divulgação)

Entre os destaques da mostra em janeiro no Canal Brasil está a estreia do curta Vaca Profana, de René Guerra, que acompanha a saga de Nádia, uma travesti que sonha em ser mãe e luta para realizar o seu desejo.  A produção – que será exibida dia 22 – foi premiada em diversos 28º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, em 2017, como o favorito do público; ganhou também como melhor curta no Festival de Rio, em 2017.

Vaca Profana – um curta de 17 minutos – também conquistou o prêmio de melhor filme na 19ª Edição Londrina do Festival Kinoarte de Cinema; o prêmio SescTV no 25º Festival Mix Brasil de Cultura e Diversidade em São Paulo. Em 2018, no Cine Jardim – Festival de Cinema de Belo Jardim, ganhou a melhor atuação, com a Roberta Coppola e o prêmio Júri Jovem e no  25º Festival de Cinema de Vitória, no mesmo ano, o filme levou o melhor roteiro.

‘BR Trans’: documentário traz histórias reais de vítimas de violência

Outro destaque é BR Trans, coprodução inédita do Canal Brasil, exibida dia 8. O documentário de Raphael Alvarez e Tatiana Issa dá voz à população transexual brasileira, um dos grupos mais marginalizados e vítimas de violência no país. Dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) apontam que, há 14 anos, o Brasil é o país com mais mortes de pessoas trans e travestis em todo o mundo.

O filme apresenta histórias reais de pessoas transexuais, misturadas a elementos ficcionais, justapostas com uma peça teatral protagonizada pelo ator Silvero Pereira em uma busca por afeto e empatia. A produção vai ao ar no canal na faixa “É Tudo Verdade”, dedicada ao mais importante festival de documentários do país e com curadoria do crítico de cinema, jornalista e escritor Amir Labaki.

‘Bixa Travesty’: documentário sobre Linn da Quebrada  é destaque

‘Bixa Travesty’, documentário sobre Linn da Quebrada, será exibida nesta segunda, dia 29/1, Dia da Visibilidade Trans, no Canal Brasil (Fotos: Divulgação)

Um destaque da programação especial no Canal Brasil éBixa Travesty, documentário de Claudia Priscilla e Kiko Goifman sobre Linn da Quebrada, ex-participante do BBB Brasil. A coprodução do Canal Brasil será exibida nesta segunda, dia 29/1, a partir das 21h15.  Pouco antes, às 21h, o canal exibe Preciso Dizer que Te Amo (2018), curta de 13 minutos de Ariel Nobre.

Na terça (30), às 18h, é a vez de ‘Eu, Um Outro’ (2019), documentário de Silvia Godinho que acompanha a vida de três homens trans: Luca, Thalles e Raul. A programação no Mês da Visibilidade Trans ainda trouxe:

  • Tea For Two (2018), curta de Julia Katharine,  primeiro filme dirigido por uma pessoa trans a entrar no circuito comercial brasileiro
  • Maratona: Transgente’ (2019), com seis capítulos da série de Adriana Dutra e Malu de Martino
  • Inabitável (2020), curta de Enock Carvalho e Matheus Farias
  • Luana Muniz – Filha da Lua (2017), de Rian Córdova e Leonardo Menezes
  • Bonde (2019) (18’), de Asaph Luccas, e Filme-Catástrofe’ (2019) (19’), de Gustavo Vinagre, e 21h40 – ‘Maratona: Toda Forma de Amor’ (2019), com cinco episódios da série de Bruno Barreto
  • Transversais (2021) (84’), de Émerson Maranhão, com depoimentos de quatro pessoas trans que contam sobre seus processos de descoberta e aceitação e o sofrimento com o preconceito e o estranhamento das pessoas.
  • Uýra – A Retomada da Floresta (2022), longa de Juliana Curi que acompanha uma artista indígena trans que viaja pela Floresta Amazônica e, através da arte performática, ensina jovens sobre suas ancestralidades.
  • Limiar (2021), longa de Coraci Ruiz

Com Assessorias

 

Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!
Shares:

Related Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *