Por Willian Barbosa Sales (*)
O Novembro Azul é um movimento que teve sua gênese em 2003, na Austrália, com o principal objetivo de evocar a consciência masculina para prevenção e o diagnóstico precoce de doenças. O Novembro Azul tem angariado força e adeptos em prol da saúde masculina, principalmente com o aumento de casos de câncer de próstata.
No ano passado, o Brasil registrou quase 66 mil novos casos da doença, segundo a Fundação do Câncer. O Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), órgão do Ministério da Saúde, tem veiculado várias campanhas com holofotes para o cuidado da saúde integral do homem, bem como a prevenção de doenças específicas que acometem esse público.
Os principais tipos de câncer que acometem os homens são, em ordem decrescente, o de próstata, seguido pelo câncer de cólon e reto, traqueia, brônquios e pulmão, estômago, cavidade oral, esôfago, bexiga, linfoma não Hodgking, laringe, leucemias, sistema nervoso central, pele melanoma, glândula tireoide e linfomas de Hodgkin. Com base nessa longa lista fica fácil de contemplar o termo saúde integral do homem, ao criar uma cultura de bem-estar dedicada a este gênero.
A saúde integral está atrelada aos hábitos saudáveis de vida como prática de exercício físico regular, alimentação equilibrada, controle do estresse, manter o peso corporal adequado, não fumar e evitar o consumo de bebidas alcoólicas. Alguns fatores podem aumentar o risco de o homem desenvolver câncer de próstata, como o aumentar da idade acima dos 55 anos, história de câncer na família, ou seja, pai e irmão que tiveram câncer de próstata antes dos 60 anos, sobrepeso e obesidade.
O movimento é um marco para prevenção do câncer de próstata, sobre a qual ainda são dedicadas poucas discussões. A próstata é uma das glândulas anexas que compõem o aparelho reprodutor masculino, sua principal função é produzir a maior parte da secreção líquida que irá dar origem ao sêmen. Está localizada na base da bexiga urinária e possui o tamanho de uma castanha, ela também produz uma proteína denominada de Antígeno Prostático Específico – PSA, que pode ser dosada no sangue para avaliar a saúde da próstata.
Devido ao número de casos da doença no Brasil, é importante que o homem esteja atento aos sinais que o seu corpo pode apresentar como: dificuldade ao urinar, demora em começar e terminar de urinar, presença de sangue na urina, diminuição do jato de urina e necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite. Caso você apresente alguns desses sinais procure seu médico ou uma unidade de saúde da sua cidade.
Qual a relação entre o xixi e a próstata?
Mas qual a relação que o “xixi” tem com a próstata? A uretra masculina tem a função de carrear a urina formada na bexiga urinária para fora do corpo até a extremidade da glande do pênis. Uma pequena porção da uretra, denominada de uretra prostática passa exatamente pelo meio da próstata e qualquer alteração em seu formato irá influenciar diretamente no carreamento da urina durante o “xixi”. Por isso, a necessidade de estar atento a esses sinais.
O principal exame a ser realizado para investigar o câncer de próstata é o exame de toque retal, que também é o grande vilão por gerar tabu e constrangimento para grande maioria dos homens em não querer realizar o exame. “Por que tenho que realizar o toque retal?”
A resposta ao seu questionamento é simples: anatomicamente a camada de tecido entre o reto e a próstata é extremamente fina, o que possibilita ao médico durante o exame físico sentir qualquer alteração anatômica na superfície da sua próstata e avaliar se ela está aumentada. Os exames de toque retal, juntamente com a dosagem sanguínea do PSA, são complementares, ou seja, um auxilia o outro, caso alterações sejam identificadas, exames mais precisos serão solicitados pelo seu médico.
Outro ponto importante de orientação é que a próstata é uma glândula que compõem o aparelho reprodutor masculino e alguns nervos que conduzem o estímulo da excitação sexual também passam por ela. Por isso, durante o exame não se assuste se você sentir sensações diferentes, isso não irá torná-lo mais ou menos homem, é uma sensação que pode ser desconfortável ou não, ocasionada por um estímulo externo.
Mas o importante aqui é vencer o preconceito imposto pela falta de conhecimento e cuidar da sua saúde de forma integral. O cuidado da saúde do homem reflete no amor e cuidado a toda sua família. Afinal, esse homem é o amor de alguém, pai de alguém, tio de alguém, avô de alguém, amigo de alguém e perder vidas por falta de informação e preconceito é inadmissível.
(*) Willian Barbosa Sales é biólogo, boutor em Saúde e Meio Ambiente, Coordenador dos cursos de Pós-graduação área da Saúde do Centro Universitário Internacional Uninter.