Um estudo recente publicado na revista científica The American Journal of Clinical Nutrition acendeu um novo alerta sobre a influência da alimentação na saúde cerebral. A pesquisa, conduzida por cientistas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, acompanhou mais de 10 mil pessoas com 55 anos ou mais ao longo de sete anos e identificou os dois alimentos ultraprocessados mais prejudiciais à função cognitiva: carne ultraprocessada e refrigerantes.
O estudo aponta que consumir uma porção diária de carne ultraprocessada eleva em 17% o risco de declínio cognitivo. Já o consumo diário de refrigerantes elevou esse risco em 6%. Esse dado é alarmante, sobretudo porque muitos ainda consideram esses alimentos inofensivos”, alerta Bárbara Mariano, gastroenterologista e diretora da Clínica Integrative Campinas.
Segundo ela, o perigo está em que esses produtos, além de pobres em nutrientes, contêm aditivos e conservantes. Além de açúcares refinados e gorduras pró-inflamatórias, que prejudicam o metabolismo e o cérebro.
Eixo intestino-cérebro e inflamação silenciosa: o que está por trás dos sintomas
Não é só sobre calorias ou ganho de peso: estamos falando de um ataque direto ao cérebro. A inflamação causada por esses alimentos prejudica a comunicação entre intestino e cérebro, resultando em perda de memória, dificuldade de concentração e maior risco de demência”, explica. Ela destaca que a saúde cerebral depende do equilíbrio intestinal, e que o consumo de ultraprocessados provoca inflamações que afetam todo o sistema nervoso.
Segundo a médica, é comum que sintomas como lapsos de memória, cansaço mental, irritabilidade e ansiedade sejam associados ao estresse ou à idade, quando, na verdade, podem estar sendo desencadeados por escolhas alimentares ruins. Afinal, o eixo intestino-cérebro, afirma a Dra. Bárbara, é um dos principais alvos da abordagem funcional integrativa, que busca não apenas controlar sintomas, mas entender suas origens por meio de exames detalhados que investigam a flora intestinal, a presença de marcadores inflamatórios, níveis de vitaminas, minerais e toxinas ambientais.
Como reverter os danos cerebrais
Ela destaca que é possível reverter os danos com estratégias que estimulem a neuroplasticidade cerebral. Com uma dieta anti-inflamatória, composta por alimentos ricos em antioxidantes, ômega-3, probióticos naturais e vitaminas do complexo B, além de sono de qualidade, prática regular de atividade física e manejo do estresse, é possível recuperar funções cognitivas e preservar a saúde do cérebro a longo prazo.
Para a médica, o principal desafio está em mudar a percepção do paciente, promovendo um entendimento mais profundo sobre o impacto das escolhas cotidianas. “Não se trata apenas de restringir, mas de ensinar. O paciente precisa compreender como o que ele coloca no prato hoje pode influenciar a memória, o humor e a disposição no futuro. O conhecimento é a base para uma mudança real e sustentável.”
A Dra. Bárbara defende que o plano terapêutico precisa incluir o paciente como agente ativo no cuidado com a própria saúde. Essa responsabilização consciente é o que permite não apenas evitar doenças, mas conquistar bem-estar duradouro, com vitalidade e clareza mental mesmo com o avançar da idade.
*Publicado originalmente no site Comida na Mesa




