Moradora de São Gonçalo, Suellen Vieira, de 30 anos, já perdeu a conta de quantas vezes doou sangue. Uma de suas filhas recebe transfusão de sangue há 11 anos, o que a incentivou a realizar o ato. “Minha filha tem anemia profunda e sempre faz transfusões, desde que nasceu. A doação de sangue faz a diferença na vida das pessoas. Parte da minha família depende disso”, conta ela, que esteve no Hemonúcleo de São Gonçalo na manhã desta sexta-feira (25), Dia Nacional do Doador de Sangue. Acostumada a receber em média 15 doadores por ano, a unidade triplicou o atendimento.
“Nós doamos sem saber pra quem o sangue vai, é questão de solidariedade. Hoje estamos bem, mas amanhã podemos precisar. Então é importante que possamos ajudar ao próximo”, explicava a atendente Roseana Gonçalves, de 32 anos, que realizou sua segunda doação. A irmã dela vai passar por uma cirurgia de alta complexidade no próximo mês e para garantir o estoque necessário de sangue, ela mobilizou amigos do trabalho para a doação, como Maria Helena (foto). Segundo Roseana, um familiar já precisou de sangue, foi aí que percebeu a importância da doação.
Suellen, Roseana e Maria Helena fazem parte de um seleto grupo de 1,8% da população brasileira que doa sangue. Embora o percentual esteja dentro dos parâmetros recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de que pelo menos 1% da população seja doadora de sangue. Ainda que o Brasil siga os parâmetros internacionais de doação de sangue, é preciso ampliar e fidelizar o número de doadores. Para isso, o Ministério da Saúde trabalha constantemente para aumentar esse índice. Em 2015, foram coletadas 3,7 milhões de bolsas de sangue no país, volume insuficiente para abastecer os estoques e enfrentar períodos de grande demanda como as festas de fim de ano.
Não há outro substituto do sangue, que pode ser utilizado para diversas finalidades, como tratamento de pessoas com doenças crônicas (talassemia e doença falciforme), alguns tipos de câncer, transplante, cirurgias eletivas de grande porte, acidentes ou outras situações que necessitam de transfusão. Todos os anos, 234 milhões de operações importantes são realizadas em todo o mundo, muitas delas envolvendo transfusões de sangue ou tratamentos resultando em uma contínua necessidade de doações. Globalmente, a cada ano, 108 milhões de doações são coletadas, um volume baixo, considerando que atualmente há cerca de 7 bilhões, de pessoas em todo o mundo aptas a doar sangue.
“Precisamos expandir essa compreensão e doar sangue de forma regular, voluntária e solidária. Uma bolsa de sangue pode salvar até quatro vidas, mas o sangue é insubstituível. Por isso, as doações são fundamentais o ano inteiro”, reforça o ministro da Saúde, Ricardo Barros.
Em 2015, cerca de um milhão de pessoas doaram sangue pela primeira vez, o que representa 38% do total das doações. Já outras 1,6 milhão de pessoas, ou 62% do total, retornaram para doar. Durante o período, foram realizadas 3,7 milhões de coletas de bolsa de sangue no país, resultando em 3,3 milhões de transfusões. Apesar disso, os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Hemorrede Pública Nacional encontram-se com os estoques no limite, apresentando dificuldades na manutenção dos estoques estratégicos e necessitando de mais doadores.
“Embora o sistema brasileiro seja uma referência internacional, é fundamental fazer a manutenção e a ampliação permanente das doações”, lembra a coordenadora-substituta de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, Rosana Nothen. As bolsas de sangue coletadas são necessárias durante todo o ano, principalmente, nos períodos que antecedem feriados prolongados, quando o número de voluntários cai significativamente.
Como estimular a cultura da doação
Por isso é importante criar campanhas que alertem para a conscientização sobre a necessidade de aumentar a cultura da doação de sangue no Brasil. Para reforçar a importância da doação de sangue, sensibilizar novos doadores e fidelizar os que já existem, o Ministério da Saúde promove a Semana Nacional do Doador de Sangue, para fazer com que mais brasileiros tenham a doação de sangue como um hábito, não apenas em datas específicas ou quando conhecem alguém que necessita de transfusão.
Atualmente, 32 hemocentros coordenam os 530 serviços de coleta distribuídos por todo o país. Em 2015, o Ministério da Saúde investiu R$ 617,2 milhões na rede de sangue. Os recursos foram destinados ao fortalecimento da rede nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) para a modernização das unidades, qualificação dos profissionais e processos de produção da hemorrede.
“É importante criar uma conscientização de doações regulares na população, porque sempre tem alguém precisando. Por isso as campanhas são importantes. Se cada pessoa no Rio de Janeiro doasse uma vez por ano, seria suficiente para abastecer todos os bancos de sangue do estado”, afirma a hemoterapeuta Fernanda Azevedo, coordenadora do HemoINTO.
“É extremamente importante mantermos os estoques para as festas de fim de ano, quando a demanda aumenta e o movimento no salão de doadores cai. A campanha nos dá mais visibilidade e mostra à população que o Hemorio está sempre aberto, todos os dias, com sua capacidade máxima, para receber os voluntários que querem contribuir para salvar vidas”, afirma o diretor-geral do Hemorio, Luiz Amorim.
Campanha nacional de doação
A Campanha Nacional de Doação de Sangue deste ano tem como slogan “Doar sangue é compartilhar vida”, trazendo uma mensagem de agradecimento aos atuais doadores. A ideia central da campanha é constituir uma cultura solidária de doação de sangue espontânea na população brasileira, independentemente das características individuais e de o doador conhecer ou não a pessoa que precisa de sangue. Além das campanhas anuais, o Ministério da Saúde mantém divulgação permanente de incentivo à doação de sangue por meio do Facebook, na página www.facebook.com/DoeSangueMS.
Somado a isso, há qualificações regulares para os profissionais envolvidos com a promoção da doação de sangue nos hemocentros, para que suas ações incentivem mais pessoas a doarem. Também existem outras estratégias empreendidas pelos setores de captação de doadores e de comunicação dos hemocentros, que promovem a doação de sangue localmente, por meio de campanhas, trabalhos junto à comunidade, entre outras ferramentas de sensibilização da população.
Doar sangue é seguro
O gesto de doar sangue não leva um pouco mais de uma hora e pode salvar até quatro vidas. “O grande desafio é mostrar para as pessoas que a doação é um processo seguro e rápido e algo que a maioria pode fazer. Mesmo com todos os avanços na área da saúde, ainda não existe um substituto para o sangue, algo que todos nós podemos necessitar um dia”, diz Cesar Rodrigues, gerente geral da divisão de Diagnósticos da Abbott no Brasil, empresa global de cuidados para saúde e responsável pela triagem de mais de 60% do estoque de sangue doado do mundo.
A companhia é líder global em doenças infecciosas e diagnósticos e, por meio de seu Programa Global de Vigilância, trabalha para manter o fornecimento de sangue seguro identificando continuamente novos vírus e doenças, assim como estirpes recentemente emergentes do HIV, Hepatite B e Hepatite C, de forma a incorporar a detecção desses vírus no processo de rastreio de sangue.
Quem pode doar
Para doar sangue é necessário ter entre 16 e 69 anos e mais de 50 quilos, além de estar saudável, descansado e alimentado. Não é necessário estar em jejum, mas é importante evitar alimentos gordurosos três horas antes da doação. Pessoas com febre, gripe ou resfriado não podem doar temporariamente, assim como as grávidas e as mulheres no pós-parto.
Homens podem doar sangue até quatro vezes por ano e as mulheres até três. Para os menores (entre 16 e 18 anos) é necessário o consentimento dos responsáveis e entre 60 e 69 anos a pessoa só poderá doar se já o tiver feito antes dos 60 anos. O candidato deve estar descansado, não ter ingerido bebidas alcoólicas nas 12 horas anteriores à doação e não fumar. No dia da doação, é imprescindível levar documento de identidade com foto. A doação é 100% voluntária e beneficia qualquer pessoa, independentemente de parentesco.
Para quem quer ser um doador, é importante buscar o hemocentro mais próximo, conhecer as condições básicas para a doação e ser sincero na entrevista que antecede a doação. É importante, depois da doação, continuar se hidratando, tomar o refresco ou o lanche que o local de coleta oferece. É necessário um intervalo entre as doações de 60 dias para os homens, com o máximo de quatro doações por ano, e de 90 dias para as mulheres, com o máximo de três por ano.
Conheça as principais dúvidas sobre a doação de sangue, respondidas pela Abbott
1. Quanto tempo leva para repor a quantidade de sangue doada?
O plasma, um dos compostos do sangue, é reposto dentro de 24 horas no organismo. As hemácias necessitam de 4 a 6 semanas para serem repostas. É um processo doloroso? É realizada apenas uma leve picada da agulha e muitas pessoas consideram relativamente indolor.
2. Quanto tempo demora?
Para quem doa pela primeira vez, o processo completo leva em torno de 2 horas. Já no caso das visitas de retorno, é de cerca de 90 minutos. Porém, em ambos os casos, o ato da doação de sangue é feito em, no máximo, 15 minutos.
3. É seguro doar sangue?
A doação de sangue é um processo muito seguro. O sangue é coletado por meio de uma agulha estéril nova, que é utilizada uma única vez e depois descartada. Este é um processo rotineiro em hemocentros e bancos de sangue do país.
4. Como uma doação pode ajudar várias pessoas?
Cerca de 450 ml de sangue podem ajudar muitas pessoas, porque os diferentes componentes do sangue (hemácias, plasma e plaquetas) possibilitam vários usos para diversos tipos de pacientes.
5. Por que a doação é importante?
Porque o sangue é um componente fundamental para muitos processos de cura e tratamento para diversas doenças. Por exemplo: são necessárias mais de 1.200 doações de plasma para tratar um paciente com hemofilia. Também são necessárias mais de 130 doações de plasma para tratar um paciente que apresente uma deficiência imune primária.
6. Quem pode doar?
Para ser um doador é preciso estar com peso mínimo de 50 quilos e ter entre 16 e 69 anos, sendo que os menores de idade devem estar acompanhados pelos pais ou responsáveis. O candidato deve estar descansado, não ter ingerido bebida alcoólica nas 12 horas anteriores à doação e não estar em jejum.
7. Como faço para doar?
Entre em contato com um dos hemocentros ou bancos de sangue distribuídos pelo Brasil. No site da campanha global da Abbott que busca estimular as pessoas do mundo inteiro a doar sangue regularmente, #BETHE1Donor, há uma lista com diversos locais de doação no país. Acesse: www.bethe1donor.com/donate e encontre o local mais próximo de você.
Campanha no Rio de Janeiro
Cinelândia- Com apoio do Instituto Masan, a Semana da Saúde acontece na Cinelândia entre os dias 23 e 25 de novembro. Na estrutura montada para receber o Hemorio, cerca de 35 profissionais vão trabalhar, nos três dias da ação, para que os voluntários possam fazer a sua doação de sangue. Serão 12 poltronas, com capacidade para 500 coletas diárias. No total, a meta a ser atingida é de 1.500 bolsas de sangue. A campanha acontece há sete anos. Em 2015, 1.424 voluntários foram cadastrados no local, o que resultou em 1.067 bolsas coletadas, um recorde. O total, que pode ser superado em 2016, garante o abastecimento dos bancos de sangue do estado para o fim do ano, época em o número de doadores cai cerca de 30%.
Os candidatos que forem à Cinelândia poderão participar de uma competição informal entre os times da capital do Rio. Ao se cadastrar para a doação, o voluntário poderá declarar para qual time torce. O placar será atualizado online, pelas redes sociais, e também do lado de fora da estrutura do Hemorio. No fim da disputa, o time vencedor será o campeão da solidariedade.
Salão do Hemorio – O salão de doadores do Hemorio permanece aberto todos os dias, das 7h às 18h, incluindo sábados, domingos e feriados, na Rua Frei Caneca, n° 8, no Centro do Rio. Para mais informações, o voluntário deve ligar para o DisqueSangue (0800 282 0708), que esclarece dúvidas e informa o endereço das outras 26 unidades de coleta distribuídos pelo estado. O modelo da autorização pode ser adquirido no site do Hemorio – www.hemorio.rj.gov.br.
Hospital do Fundão – Por ser de alta complexidade, o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), o Hospital do Fundão, na Ilha do Governador, necessita de uma grande quantidade de voluntários. Atualmente, o estoque está baixo e precisamos de voluntários. Para ser um doador, basta comparecer ao 3º andar do hospital, de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 13h30, portando documento de identidade com foto (identidade, carteira de trabalho, carteira do conselho profissional ou carteira nacional de habilitação). Mais informações pelo telefone: 3938-2305 ou pelo e-mail: hemoter@hucff.ufrj.br.
Unidades federais – Outras unidades de saúde federais também estão recebendo doações no Rio de Janeiro, para reforçar os estoques de sangue para atender a constante demanda por cirurgias de emergência e eletivas. Na Zona Norte as doações podem ser feitas no HemoINTO do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO); na Zona Sul os voluntários podem doar no Hemonúcleo do Instituto Nacional de Cardiologia (INC); e na Zona Oeste no Hemonúcleo do Hospital Federal Cardoso Fontes (HFCF). Serviço: – HemoINTO – funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 15h. Avenida Brasil, 500, 1º andar – São Cristóvão. Telefone: (21) 2134-5067 / 2134-5289. – Hemonúcleo do INC – funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h. Rua das Laranjeiras, 374, térreo – Laranjeiras. Telefone: (21) 3037-2215. – Hemonúcleo do HFCF – funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h, no prédio da Unidade de Pacientes Externos (UPE). Avenida Menezes Cortes, 3245 – Jacarepaguá. Telefone: (21) 2425-2255 ramal 260.
Inca – As necessidades de doações de sangue e plaquetas no Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) são constantes: muitos pacientes precisam de transfusões regulares em decorrência do tratamento. O Inca realiza cerca de 1,5 mil transfusões de hemocomponentes por mês. Os doadores devem apresentar documento com foto e os menores de 18 anos só podem doar com consentimento formal dos responsáveis. O Banco de Sangue do Inca funciona na Praça Cruz Vermelha, 23, 2º andar, no Hospital do Câncer I. O horário de funcionamento para doação de sangue é de segunda a sexta, das 7h30 às 14h30 e aos sábados das 8h às 12h. Para doar plaquetas é necessário agendar pelo telefone: (21) 3207-1064. Nesta sexta-feira (25), o Inca promove, no Banco de Sangue do Hospital do Câncer I (2º andar), um SPA das mãos e cuidados com a pele, realizado por consultoras da empresa Mary Kay, que estará disponível para quem for doar sangue.
Desconto no Uber – O Ministério da Saúde está apoiando a iniciativa desenvolvida pela Uber, em parceria com 40 hemocentros, de 25 cidades do país, para estimular a doação de sangue. Ações como essa ajudam os hemocentros na manutenção dos estoques estratégicos, o que pode salvar muitas vidas. No Inca, os doadores também podem contar, até o dia 26, com desconto no Uber. A campanha UberDoação, que acontece em parceria entre o Inca e o serviço de transporte, oferece, na cidade do Rio de Janeiro, duas viagens cada, com desconto de até R$ 20,00 para ir e voltar do Inca, através da utilização do código promocional VIDARIO.
São Gonçalo – O Hemonúcleo de São Gonçalo funciona na Praça Estephânia de Carvalho, s/n, ao lado do Posto de Saúde Washington Luiz, no bairro Zé Garoto. O horário de atendimento é de segunda a sexta-feira, das 7h às 12h.
Nas redes sociais – O aplicativo Fade It criou dois filtros, com as hashtags #vemdoar e #eudoei, que podem ser aplicados nas fotos de perfil nas redes sociais. Para fazer a mudança, é preciso baixar o aplicativo, disponível nos sistemas iOS e Android, apenas no celular.
Fontes: Ministério da Saúde, Abbott, Inca e HUCFF, Prefeitura de São Gonçalo