dislexia é um distúrbio de aprendizado que pode provocar erros de ortografia e dificuldade de leitura, de acordo com o Ministério da Saúde. Ela ocorre quando o cérebro tem dificuldade em fazer a conexão entre sons e símbolos, como letras. Essa condição é comumente associada ao Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), mas ambas podem cursar juntas. Também pode ser confundida com outros quadros, como Transtorno do Espectro Autista (TEA). Além disso, frequentemente pode causar ansiedade ou depressão. Por isso, é fundamental o diagnóstico precoce para o acompanhamento adequado. Mas muitas vezes a dislexia é descoberta tardiamente.

“Com frequência a dislexia, principalmente a leve ou moderada, passa despercebida na infância, na adolescência e pode ser identificada só no adulto. Isso pode acarretar em problemas como autoestima baixa, sentimento de inferioridade, ansiedade, depressão e até abandono escolar, porque a pessoa tem uma dificuldade muito grande e não foi diagnosticada para ser tratada em tempo oportuno, que é a idade escolar”, afirma a pediatra Ana Márcia Guimarães, especializada em desenvolvimento infantil.

Segundo a especialista, algumas pessoas podem confundir os sinais da dislexia com outros transtornos, como autismo ou déficit de atenção. Por isso, ter esse diagnóstico desde cedo é primordial. Ainda segundo a pediatra, a dislexia não tem cura, mas tem tratamento, com fonoaudiologia especializada. Em alguns casos, também pode ser necessário acompanhamento psicológico.

“A criança em idade escolar é inteligente, mas se apresentar uma dificuldade muito grande em aprender a ler e escrever normalmente, precisa de atenção. Se essa criança for estimulada corretamente por um bom profissional, da maneira correta e em tempo correto, ela tem grandes chances de melhorar, mas vai depender do grau de dislexia dela”, completa a médica, afirmando que é possível conviver muito bem com o distúrbio e ter uma boa qualidade de vida.

Diagnóstico com avaliação neuropsicológica a partir dos 6 anos

Especialista em desenvolvimento infantil, pediatra Ana Márcia Guimarães esclarece informações sobre dislexia (Foto: Arquivo Pessoal)

A especialista em desenvolvimento infantil, explica que não é possível dar um diagnóstico sem exame específico. E recomenda uma avaliação neuropsicológica. Ela afirma que o diagnóstico é mais fácil de ser feito a partir dos seis anos, porém, os familiares podem observar alguns sinais a partir dos quatro anos.

“Quando uma criança tem uma dificuldade escolar que é discrepante de seu aparente nível de inteligência e que não melhora com uma intervenção, como por exemplo uma aula de reforço, é preciso procurar um pediatra especialista em desenvolvimento e ele vai solicitar uma avaliação neuropsicológica, porque somente essa avaliação vai afastar déficit intelectual e mostrar a dificuldade da criança com processo de leitura e escrita”, afirma a pediatra.

Segundo Ana Márcia, alguns sinais precoces podem levantar suspeitas, como atraso para falar, ou dificuldade com rimas, com música. “Aquelas que por volta dos quatro ou cinco anos que não reconhecem a letra do nome dela, que tem dificuldade de contar podem estar apresentando estes sinais. Além disso, ter parentes de primeiro grau com dificuldade na escola também é um ponto de atenção”, destaca a especialista.

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Dislexia e TDAH: duplo diagnóstico ocorre em 50% dos casos

Você sabia, por exemplo, que a dislexia e o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) são condições neurológicas distintas, mas que podem coexistir, impactando a vida de milhares de pessoas em todo o mundo?

Uma mesma pessoa pode ter ambas as condições e ao longo do seu desenvolvimento, pode enfrentar dificuldades para rotinas básicas do dia a dia como leitura, escrita, concentração e dificuldades de planejamento e organização, sendo as duas primeiras características comuns da dislexia e as duas últimas, do TDAH.

O conhecimento sobre o assunto e tratamento precoce podem ajudar no desenvolvimento de pessoas com essas condições já na infância, visto que ambas andam juntas desde muito cedo na vida de quem as presencia.

De acordo com o neurologista Rubens Wajnsztejn, especialista em neurodesenvolvimento, com ênfase na educação e saúde, membro do Movimento Dislexia TDAH GABCD-SP e diretor da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil (SBNI), está comprovado que na infância a comorbidade entre dislexia e TDAH chega a 50%, “o que torna muito difícil que uma criança disléxica não tenha TDAH predominantemente atento ou combinado”.

“Quando não têm, ainda podem desenvolver algum tipo de hiperatividade ou desatenção secundária. Assim, até nas atividades básicas elas apresentariam mais dificuldade de desenvolvê-las”, afirma o especialista, que é mestre em Distúrbios da Comunicação Humana pela Unifesp e Doutor pelo Centro Universitário Medicina ABC, onde atua como  professor orientador permanente do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Faculdade de Medicina do ABC.

Segundo ele, a hiperatividade e a desatenção têm impactos grandes na dislexia, porque impedem a melhora uma vez que não são tratados adequadamente. Portanto, ao ser diagnosticado com dislexia e TDAH, é necessário que, além do acompanhamento com fonoaudiólogo, o paciente receba o tratamento adequado para ambas as condições, se houver, como explica a psicóloga, psicopedagoga, neuropsicóloga Alessandra Bernardes Caturani Wajnsztein, idealizadora do Movimento Dislexia TDAH GABCD-SP e e diretora do Instituto ABCWRW. 

“Além da terapia especializada, se inclui o acompanhamento psicológico e de outros profissionais da área como fonoaudiólogos. Em alguns casos, quando os sintomas são mais graves, o uso de medicamentos torna-se essencial”, diz a especialista em neuroaprendizagem, que é coautora da ferramenta de sondagem e intervenção psicopedagógica denominada “Ecos na Aprendizagem”. Ela coordena desde 2003 do NEAFMABC, o centro de referências de avaliação interdisciplinar multiprofissional dos transtornos do neurodesenvolvimento da Faculdade de Medicina do ABC.

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Com Assessorias

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