No mundo inteiro, mais de cinco milhões de pessoas sofrem com as doenças inflamatórias intestinais (DIIs). Segundo a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBPC), nos últimos anos os casos de têm aumentado no Brasil e atingem, especialmente, adolescentes e adultos jovens, entre 15 e 40 anos. Suas origens são multifatoriais, mas o tabagismo é considerado um dos grandes fatores de risco para seu surgimento.

O gastroenterologista Silvio Demetrio Pavan Capparelli, explica que as causas são desconhecidas, podendo estar relacionadas tanto a fatores genéticos, imunológicos e ambientais, quanto à alteração da flora intestinal. As DIIs mais comuns são as doenças inflamatórias crônicas do trato digestório, como a doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa.

As duas doenças, aliás, podem ser confundidas, em cerca de 15% dos pacientes, na fase inicial. Segundo o Dr. Capparelli, existem várias diferenças entre a doença de Crohn, que afeta todo o tubo digestivo, da boca ao ânus podendo afetar outros órgãos (Crohn metastático) e a Retocolite Ulcerativa que afeta apenas o intestino grosso.

“A doença de Crohn tem várias apresentações e localizações, enquanto a retocolite está restrita a mucosa intestinal. A diferenciação depende da história clínica, exame físico e pelos exames subsidiários. As diferenças podem ser observadas através da colonoscopia, quando são realizadas biópsias, posteriormente analisadas por um médico patologista.

Ou seja, a Doença de Crohn se apresenta de forma espaçada e atinge camadas mais profundas. Agride os intestinos delgado e grosso, podendo alcançar desde a boca até o ânus. Por outro lado, a Retocolite Ulcerativa é responsável pelo aparecimento de úlceras no intestino grosso e no reto. Contudo, nesse caso, a camada mais superficial da parede do intestino é atingida, configurando, ainda, uma lesão contínua.

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Sintomas mais frequentes

Os sintomas compreendem, principalmente, diarreia crônica, cólica intestinal e sangue nas fezes. “Observamos a mudança do hábito intestinal, nas características e frequência das fezes, dor abdominal, mal estar, fadiga, fraqueza, sangramento nas fezes, urgência fecal, e outras manifestações extra intestinais”, explica o médico.

·  Diarreia;

·  Dor abdominal;

·  Perda de peso não intencional;

·  Cansaço ou fadiga;

·  Febre;

·  Aparecimento de sangue nas fezes;

·  Apetite reduzido.

Diagnóstico

Maio Roxo adverte para a identificação dos sintomas e, em seguida, para a busca do diagnóstico. Além da avaliação do histórico clínico do paciente, os procedimentos utilizados para o diagnóstico incluem:

·  Exames laboratoriais;

·  Exames endoscópicos, como endoscopia digestiva alta;

·  Colonoscopia;

·  Biópsias;

·  Exames radiológicos, por exemplo, a tomografia e a ressonância magnética.

Tratamento

Apesar de as DIIs não terem cura, o tratamento correto controla o processo inflamatório e promove a remissão clínica. Durante o tratamento, a dieta deve ser balanceada, com a identificação de alimentos não tolerados. Dessa maneira, preserva-se o intestino, que, durante o processo inflamatório, fica muito mais permeável.

“Após o surgimento dos medicamentos biológicos (anti TNF) mudaram os paradigmas e hoje em dia temos mais perspectivas de cura sintomática, endoscópica e histológica, o que parecia impossível. Temos um campo terapêutico promissor e muito conhecimento que vem se acumulando para melhor tratamento dos pacientes”, informa o médico.

Maio Roxo alerta para hábitos mais saudáveis

Maio Roxo se propõe, por esse motivo, a sensibilizar a sociedade da importância do diagnóstico precoce. Ao mesmo tempo, alerta para que os pacientes procurem o tratamento correto, incluindo uma mudança de hábito em suas vidas.

“A campanha de conscientização tem como objetivos alertar a população e garantir mais qualidade de vida aos pacientes. Por certo, a atenção aos possíveis sintomas representa a forma mais efetiva de prevenção”, ressalta o especialista.

Mais do que divulgar e esclarecer sobre os sintomas, diagnóstico e tratamento das DIIs, o Maio Roxo tem outro objetivo. De fato, a proposta da campanha inclui informar sobre as diversas formas de cuidar da saúde intestinal.

A campanha ressalta a importância de manter consultas de rotina e exames médicos em dia. Assim, é possível diagnosticar precocemente uma grande quantidade de doenças, incluindo as doenças inflamatórias intestinais.

Para isso, listamos, neste artigo, alguns cuidados que todos devemos ter, para evitar o aparecimento das doenças inflamatórias intestinais:

Alimentação

Manter uma dieta equilibrada e saudável é um dos pilares que garantem o bom funcionamento do intestino. Sendo assim, é importante incluir na alimentação alimentos ricos em vitaminas, proteínas e fibras, encontrados em grãos, legumes e frutas.

Acima de tudo, deve-se reduzir a ingestão de alimentos industrializados e processados. O consumo de cigarros e bebidas alcoólicas em excesso, além disso,  deve ser evitado. Em contrapartida, a ingestão moderada de probióticos, que são microorganismos vivos, traz inúmeros efeitos benéficos à flora intestinal.

“É preciso observar a forma como ingerimos os alimentos. Não só devemos comer em paz e sem pressa, como também nos preocupar em mastigar bem, durante as refeições”, ressalta o médico.

Hidratação

A água, mais do que um elemento essencial, evita o ressecamento das fezes e promove o bom funcionamento dos órgãos.

Exercícios físicos

Sem dúvida, a prática de atividades físicas contribui para uma vida saudável e melhora o funcionamento dos intestinos.

Controle do estresse

“O estresse é um grande vilão em nossas vidas, sendo responsável por desequilíbrios e doenças. Dessa forma, é fundamental respeitar os limites do corpo, comer e dormir bem, relaxar e ter algumas atividades de lazer”, ressalta o médico.

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