diabetes

O Brasil possui atualmente 14,3 milhões de pessoas com diabetes, o que representa 9,4% da população do país. Contudo, metade delas não sabe que tem o problema e, atualmente, mais de 130 mil brasileiros morrem todos os anos por conta disso. Até 2040, o mundo terá 642 milhões de pessoas com diabetes. E é justamente para alertar a população para o problema que nesta segunda-feira, 14 de novembro, é celebrado o Dia Mundial do Diabetes.

A data foi estabelecida pela Organização Mundial de Saúde, em 1991, em resposta às preocupações crescentes com a doença. Em seu 25º ano, a campanha retoma com força a assinatura Novembro Azul pelo Diabetes. O objetivo é divulgar a importância de se colocar em discussão esse problema de saúde pública tão importante e que demanda uma maior atenção por parte da população e sobretudo diagnosticar, tratar e dar a devida atenção e assistência aos pacientes.

De acordo com alerta divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) o total de casos é hoje quatro vezes maior do que em 1980, passando de 108 milhões para 422 milhões em 2014. Os níveis elevados de açúcar no sangue estão relacionados a 3,7 milhões de mortes por ano. De acordo com a OMS os números continuarão a aumentar se “ações drásticas” não forem tomadas.

Uma doença silenciosa

De acordo com a presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM-RJ), Flávia Conceição, o diabetes é uma doença silenciosa, pois as pessoas podem levar alguns anos sem sentir nada e no diagnóstico médico apresentar alguma complicação da doença.

“Um grande percentual de pacientes com diabetes não sabe que tem a doença, exatamente porque ela pode ser assintomática durante alguns anos. Sabemos que para prevenir as complicações crônicas do diabetes é importante desde o início da doença termos um bom controle da glicemia. Por isso, os pacientes que não sabem ser diabéticos não terão o controle adequado e correm grande risco de desenvolver complicações”, ressalta.

Ainda segundo ela, o aumento do número de casos de diabetes tem a ver com estilo de vida atual, alimentação rica em alimentos industrializados, carboidratos e gorduras e pobre em frutas e verduras, bem como a falta de atividade física.

Novos medicamentos

O controle da glicose do paciente diabético é fundamental para evitar as complicações da doença. Até  pouco tempo, os diabéticos dispunham de poucas armas para controlar o açúcar no sangue. Segundo a diretora da SBEM-RJ, Vivian Ellinger, um arsenal bem maior de medicamentos e insumos que ajudam muito no controle do diabetes surgiu a partir de 2014.

“Tivemos, por exemplo, a chegada ao Brasil de uma nova insulina, que permite maior flexibilidade de horário ao paciente com menos hipoglicemia noturna”, destaca. Ela lembra também o surgimento de um novo análogo de GLP-1 e de um medicamento que age independente da insulina, aumentando a excreção de glicose pela urina. “Além destes medicamentos, novos insumos que facilitam a vida de quem é dependente de insulina, como novos glicosimetros, bomba de insulina com monitorização continua da glicose em tempo real”, acrescenta.

Diabetes nas gestantes 

Gestantes que desconhecem ser portadoras de diabetes correm riscos de problemas para ela e para o feto, se não forem diagnosticadas precocemente, é o que alerta a diretora da SBEM-RJ, Vivian Ellinger. “ Uma das dificuldades é o fato de não haver consenso entre as diversas sociedades de especialidade. Outro problema é que são recomendados vários testes como a glicemia e o teste oral de tolerância à sobrecarga de glicose, o que gera um certo desconforto para a gestante, além de demora no diagnóstico”.

No entanto, a endocrinologista revela que o  teste da Hemoglobina Glicada pode ter um resultado melhor para o diagnóstico das gestantes. É o que mostra um estudo científico realizado na Nova Zelândia e  publicado na revista  Diabetes Care, da Associação Americana de Diabetes. “E para quem pensa que este exame ainda se encontra em fase experimental, a boa noticia, é de que a Hemoglobina Glicada pode ser realizada rotineiramente no Brasil em muitos laboratórios”, informa.

 O estudo mostrou que a dosagem da Hemoglobina Glicada pode ser usada com segurança para o diagnostico, com a vantagem de apenas uma coleta de sangue além de não necessitar de jejum. O grupo da Dra. Ruth C.E. Hughes acompanhou 16.122 gestantes e observou que a Hemoglobina Glicada ≥5.9%, na fase bem inicial  da gestação, foi capaz de identificar mulheres com risco aumentado de anomalia congênita, pré-eclâmpsia, distócia de ombro e morte perinatal, devido ao diabetes não diagnosticado.

Durante o mês, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) promovem ações em todo o Brasil que buscam conscientizar sobre a data, com atendimento e esclarecimento ao público: www.diamundialdodiabetes.org.br/atividades.

Saiba mais sobre a doença

1. O que é – O Diabetes mellitus (DM) não é uma única doença só, mas um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que apresenta em comum a hiperglicemia, resultante de defeitos na ação da insulina na secreção de insulina ou em ambas. Em resumo, é a elevação da glicose no sangue. Os alimentos sofrem digestão no intestino e se transformam em açúcar, a chamada glicose, que é absorvida para o sangue e é utilizada pelos tecidos como energia. Mas para transformar a glicose em energia, é necessária a presença da insulina — substância produzida nas células do pâncreas. Quando a glicose não é bem utilizada pelo organismo ela se eleva no sangue, o que chamamos de hiperglicemia.

2. Diabetes tipo 1 – Também conhecido como diabetes insulinodependente, compreende o idiopático (tipo 1A) e autoimune (tipo 1B), Diabetes infanto-juvenil e diabetes imunomediado. Neste tipo de diabetes, a produção de insulina do pâncreas é insuficiente, pois suas células sofrem o que chamamos de destruição autoimune. Os portadores necessitam de injeções diárias de insulina para manterem a glicose no sangue em valores normais. Se as doses de insulina não são aplicadas diariamente, há risco de complicações graves, incluindo a morte. O diabetes tipo 1, embora ocorra em qualquer idade, é mais comum em crianças, adolescentes ou adultos jovens.

3 – Diabetes tipo 2  – Chamado também de diabetes não insulinodependente, é o diabetes do adulto e corresponde a aproximadamente 90% dos casos. Ocorre geralmente em pessoas obesas com mais de 40 anos, embora na atualidade também seja visto com maior frequência em adultos jovens, em virtude de maus hábitos alimentares, sedentarismo e estresse da vida urbana. No diabetes tipo 2 a insulina está presente no organismo, porém sua ação é dificultada pela obesidade, o que é conhecido como resistência insulínica, uma das causas de hiperglicemia. Por ter poucos sintomas, na maioria das vezes, permanece por muitos anos sem diagnóstico e sem tratamento, o que favorece a ocorrência de suas complicações no coração e no cérebro entre outros órgãos.

4 – Sintomas – Aproximadamente metade dos portadores de diabetes tipo 2 desconhece sua condição, uma vez que a doença apresenta poucos sintomas. O diagnóstico precoce é importante para evitar as complicações da doença. Quando presentes, os sintomas mais comuns são: urinar diversas vezes, sede excessiva, aumento do apetite, perda de peso — em pessoas obesas a perda de peso ocorre mesmo estando comendo muito —, cansaço, vista embaçada ou turvação visual e infecções frequentes, sendo as mais comuns às infecções de pele. No diabetes tipo 2 esses sintomas, quando presentes, se instalam de maneira gradativa e, muitas vezes, passam despercebidos pelas pessoas. Ao contrário, no diabetes tipo 1, os sintomas se instalam com rapidez. Quaisquer que sejam os sintomas, um médico deve ser procurado imediatamente para realização de exames que esclarecerão o diagnóstico.

5 – Quem pode ter – A maioria, próximo a 90% dos portadores de diabetes, é do tipo 2, pouco sintomática, podendo passar despercebida e retardar (portanto) o diagnóstico e o tratamento, além de favorecer a ocorrência de complicações. A presença de uma ou mais das seguintes condições sugerem a possibilidade da presença de diabetes: familiares próximos portadores de diabetes, idade maior que 45 anos, excesso de peso ou obesidade, pressão alta, colesterol elevado e mulheres com antecedentes de filhos nascidos com mais de 4kg.

Dados de diabetes no Brasil

•        O Brasil atualmente tem 14,3 milhões de pessoas com diabetes;

•        Metade das pessoas com diabetes não sabe que tem o problema;

•        Isso representa 9,4% da população brasileira;

•        Atualmente morrem 130.700 pessoas devido ao diabetes no Brasil.

 

Dados de diabetes no mundo

•        Um em cada 11 adultos tem diabetes no mundo (415 milhões de pessoas);

•        Um em cada dois adultos com diabetes ainda não foi diagnosticado;

•        12% das despesas com saúde no mundo são gastos com diabetes (USD 673 bilhões);

•        Em 2040 a International Diabetes Foundation (IDF) estima que serão 642 milhões de pessoas com diabetes e as despesas serão superiores a USD 802 bilhões;

•        Diabetes é a principal causa de cegueira, falência renal e amputações de membros inferiores;

•        A mortalidade devido ao diabetes é maior do que o HIV/AIDS, tuberculose e malária somados. Ou seja, uma morte a cada seis segundos.

Fontes: Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD)

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1 Comment
  • […] A doença crônica, na qual o corpo não produz insulina ou não consegue empregar adequadamente a insulina que produz, já afetava em 2015 mais de 14 milhões de brasileiros adultos. Desse total, quase seis milhões de pessoas ainda não haviam sido diagnosticadas, ou seja: tinham diabetes e desconheciam que eram portadores da doença. […]

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