O Rio de Janeiro é a capital com maior número de pessoas vivendo com Diabetes Mellitus em todo o país e cerca de 10% da população do estado têm a doença. Outro fator preocupante é a relação entre a doença e a Covid-19. Um levantamento da Secretaria de Estado de Saúde (SES), divulgado nesta segunda-feira (15/11), aponta que a diabetes isolada é a terceira comorbidade mais comum entre os pacientes internados com Covid-19 no estado.
De março de 2020 a outubro de 2021, foram 11.308 internações de pacientes com esse quadro. A análise mostrou ainda que a diabetes é a terceira doença mais comum entre os pacientes com comorbidades que evoluíram a óbito. Foram 4.534 mortes no período avaliado. Em primeiro lugar, tanto de internados como de óbitos, ficaram as doenças cardiovasculares, seguidas da combinação de doenças cardiovasculares e a própria diabetes.
A associação da diabetes a outras comorbidades entre os pacientes internados por Covid-19 e nos que foram a óbito também preocupa. Entre os 20 primeiros quadros clínicos pré-existentes descritos nos prontuários, a diabetes aparece em oito deles, com um total de 34.134 internações. Entre os óbitos, o excesso de açúcar no sangue surge em nove dos 20 primeiros quadros mais comuns de doenças associadas, somando um total de 15.070 óbitos.
“Esse estudo é importante para conhecermos as principais doenças associadas à Covid-19 em nosso estado. Isso nos permite criar estratégias públicas de saúde e de prevenção. Dessa forma, podemos continuar avançando no combate ao coronavírus e na consolidação da queda nos indicadores assistenciais”, esclareceu o secretário de Estado de Saúde, Alexandre Chieppe.
Segundo Rosane Kupfer, chefe dos Serviços de Diabetes do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (IEDE) e presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes – Regional do Rio de Janeiro (SBD-RJ), grande parte da população do Estado do Rioc está com índices de glicemia alta.
“Nós sabemos que muitas pessoas deixaram de buscar tratamento médico por medo da exposição ao coronavírus, mas é muito importante que os pacientes diabéticos continuem os seus tratamentos mesmo durante a pandemia. Em especial aqueles que estão com a glicemia descontrolada, uma vez que são esses que tendem a ter casos mais graves de Covid-19”, afirmou ela.
Diabética passou 32 dias internada no Rio
Maria Lucia da Silva, de 58 anos, é uma destas pessoas que convivem com a diabetes. A paciente é atendida no IEDE desde 2020 e, em 15 de maio deste ano, foi internada por conta da Covid-19. Segundo Maria, foram 32 dias no Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, onde teve duas intubações e uma parada cardíaca. Ela conta que mantinha a glicemia controlada com a ajuda da equipe do IEDE, o que pode ter ajudado a salvar sua vida.
“É muito ruim ficar internada e intubada. Sentia uma ansiedade enorme e eu só queria ir para casa. A glicemia aumentava muito e chegou a 400. A pressão também ficou alta. As enfermeiras me diziam que eu só poderia sair quando normalizasse. Só relaxei quando, graças a Deus, ela normalizou e fui liberada”, relata.
Hoje, Maria já está melhor e em casa, mas é importante que todos os que convivem com a diabetes sigam o exemplo dela e mantenham os cuidados. Aqueles que têm diabetes e desejam se preservar durante a pandemia devem manter o uso de máscara e a higienização constante das mãos. Além disso, Rosane Kupfer reforça a importância de cumprir as orientações médicas para manter a taxa glicêmica controlada e criar bons hábitos:
“Para o paciente que tem diabetes, é muito importante estabelecer uma rotina. Para manter a glicemia compensada, é preciso tomar a medicação corretamente, fazer o teste de glicose, adotar uma alimentação adequada, além de fazer atividade física quando for possível”, aconselha.
IDF aponta que a doença está fora de controle
A IDF – International Diabetes Federation acaba de anunciar alguns dados da 10º edição do IDF Diabetes Atlas, levantamento que é feito a cada dois anos pela entidade. Segundo a pesquisa deste ano, 6,7 milhões de pessoas já morreram em decorrência da doença em 2021 em todo o mundo.
O estudo também mostra um aumento contínuo da prevalência da diabetes no mundo, atingindo a marca de 537 milhões de indivíduos com a doença. Além disso, os especialistas da IDF elevaram a projeção de que este número pode chegar à marca de 643 milhões, em 2030, e 784 milhões, em 2045.
O levantamento do IDF também apontou que 81% dos adultos com diabetes vivem em países em desenvolvimento. De acordo com Rosane, o aumento da doença está permeado a um estilo de vida não saudável.
“Cada vez mais pessoas estão ficando diabéticas por conta do sedentarismo e da ingestão de comidas industrializadas. Existe uma armadilha no mundo hoje sobre o estilo de vida em que os alimentos de maior acesso são de baixa qualidade. Em geral, os produtos mais baratos são ricos em carboidratos, mais acessíveis do que as proteínas e os vegetais, comprometendo uma dieta mais balanceada”, explicou.
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Da SES, com Redação