Quase 17 milhões de brasileiros com idades entre 20 e 79 anos têm diabetes, segundo o Atlas da Federação Internacional do Diabetes. Esse índice nos coloca como o quinto país com maior incidência da doença no mundo. Essa enfermidade, que virou uma verdadeira epidemia global e tem seu dia mundial de conscientização lembrado em 14 de novembro, é causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula o açúcar no sangue e garante energia para o organismo. E apesar de não ter cura, seguir o tratamento de forma correta, com os medicamentos apropriados, faz toda a diferença na vida do paciente, inclusive evitando sequelas graves.
Existem diversos tipos de remédios para diabetes e alguns chegam a ter diferença de preço de 98%. O levantamento feito pela Plataforma Consulta Remédios, marketplace de farmácias com média de 1 milhão de visitas diárias, considera as buscas e vendas dos medicamentos para diabetes no último ano. Segundo o estudo, as vendas dos medicamentos da categoria de diabetes ficaram entre os 10 mais vendidos na plataforma durante todo o período.
Dentre os remédios para tratar a diabetes o mais vendido foi o Glifage, medicamento antidiabético de uso oral utilizado para o tratamento da doença do tipo 2. Em alguns meses ele chegou a ter um pico de busca de quase 76 mil pessoas na Consulta Remédios. Sua variação de preço é de 59%, sendo encontrado de R$ 40 a R$ 63.
Já o Jardiance, indicado para o tratamento do diabetes mellitus tipo 2 (DM2) para melhorar o controle glicêmico, ficou em 2º lugar nas buscas da Consulta Remédios e foi o medicamento que apresentou maior variação de preços: 98%. Ele pode chegar a custar R$ 354, mas também foi encontrado a R$ 183 em farmácias cadastradas na plataforma.
Outros medicamentos, como o Suganon também ficaram no topo das procuras na Consulta Remédios, especialmente no último trimestre, e apresentou variação de preços de 77%.
“Esses dados mostram um pouco do panorama do consumo de remédio para controle de diabetes no Brasil. Até pelo fato da doença estar sempre em crescimento e ser considerada quase que uma epidemia, os medicamentos deste segmento seguem no top 10 de vendas. Por isso a importância da pesquisa antes de adquirir os remédios, já que constatamos variações grandes, de quase 100% nos preços”, afirma a farmacêutica da CR, Rafaela Sarturi Sitiniki.
Ozempic também aparece nas buscas, mas não lidera vendas
O Ozempic, medicamento injetável utilizado no tratamento de diabetes do tipo 2 e que tem a semaglutida como princípio ativo, ganhou popularidade após a promessa de emagrecimento.
Apesar dos alertas de médicos e até mesmo de vídeos que viralizaram nas redes sociais sobre possíveis efeitos colaterais, na plataforma Consulta Remédios o número de buscas pelo medicamento é bastante expressivo, chegando a quase 181 mil no último trimestre de 2022. Apesar disso, o medicamento não fica entre os mais vendidos na categoria.
“As buscas pelo Ozempic são grandes porque ele é um remédio que há tempos tem sido muito falado. Ou seja, gera bastante curiosidade das pessoas de modo geral. Mas no dia a dia da pessoa com diabetes são outros os remédios de uso contínuo mais utilizados”, analisa Rafaela.
Dados Consulta Remédios (do 4º trimestre de 2022 ao 3º trimestre de 2023)
Top 10 de vendas:
|
Buscas de remédios na categoria diabetes
|
Brasil é o quinto em diabetes no mundo
De acordo com o Atlas do Diabetes da Federação Internacional do Diabetes (IDF), existem mais de 537 milhões de adultos com a doença em todo mundo e essa condição levou a 6,7 milhões de mortes apenas no ano de 2021- uma vida perdida a cada cinco segundos.
No Brasil, são mais de 16,8 milhões de casos entre pessoas com idades de 20 a 79 anos, o que nos coloca como quinto país com maior incidência de diabetes no mundo, perdendo apenas para China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. A estimativa da incidência da doença em 2030 chega a 21,5 milhões ou 23,2 milhões, até 2045.
A crescente prevalência de diabetes em todo o mundo é impulsionada por uma complexa interação de fatores socioeconômicos, demográficos, ambientais e genéticos. O aumento contínuo se deve, em grande parte, ao aumento do diabetes tipo 2 e dos fatores de risco relacionados, que incluem níveis crescentes de obesidade, dietas não saudáveis e falta de atividade física. No entanto, os níveis de diabetes tipo 1, com início na infância, também estão aumentando.
Segundo o Atlas, a crescente urbanização e a mudança de hábitos de vida (por exemplo, maior ingestão de calorias, aumento do consumo de alimentos processados, estilos de vida sedentários) são fatores que contribuem para o aumento da prevalência de diabetes tipo 2 em nível social. Enquanto a prevalência global de diabetes nas áreas urbanas é de 10,8%, nas áreas rurais é menor, de 7,2%. No entanto, essa lacuna está diminuindo, com a prevalência rural aumentando.
O que é mito e o que é verdade sobre diabetes?
Na era das fake news e redes sociais, fica difícil saber o que é verdade e o que é mito em muitos assuntos – quando o tema é saúde, é necessário um cuidado ainda maior para saber se aquilo que está sendo dito é de fato confiável. O tipo 2 de diabetes é a forma mais comum de diabetes no Brasil, representando cerca de 90% dos casos. A doença é mais prevalente entre adultos com mais de 45 anos, mas tem aumentado entre crianças e adolescentes e por isso a doença tem gerado mobilização para a prevenção, o diagnóstico precoce e o controle dessa doença.
“O diabetes é uma condição metabólica que ocorre quando o corpo não produz insulina suficiente para a quantidade de açúcar consumida ou não a utiliza de forma adequada. Isso resulta em níveis elevados de glicose no sangue, o que pode levar a complicações graves, como problemas cardíacos, renais, oculares e neuropatias. Ainda que seja uma doença com complicações que podem vir a ser graves, com o diagnóstico correto é possível controlar a doença e garantir uma boa qualidade de vida”, explica o médico endocrinologista do Sabin Diagnóstico e Saúde, Wilson Cunha Junior.
Os sintomas da diabetes variam de acordo com o tipo da doença. Em comum entre eles é possível identificar fome frequente, sede excessiva e vontade de urinar exagerada, várias vezes ao dia. Portadores do tipo 1 apresentam fraqueza, fadiga, mudanças de humor, náusea e vômito, enquanto os do tipo 2 têm formigamento nos pés e mãos, infecções, feridas que demoram para cicatrizar e visão embaçada.
“Os exames auxiliam na identificação e monitoramento do diabetes”, complementa Cunha, ressaltando que “os testes proporcionam maior precisão no quadro clínico de cada paciente e são indicados para diagnosticar e monitorar a doença, podendo apresentar a confirmação do caso, alterações no índice glicêmico e nível de hemoglobina glicada”.
O acompanhamento médico regular é fundamental, especialmente para indivíduos com histórico familiar de diabetes, obesidade, hipertensão arterial e colesterol elevado, grupo mais propenso a desenvolver a doença.
A primeira linha de defesa para se prevenir da diabetes é um conjunto de estratégias, como a prática de atividades físicas, adoção de hábitos e alimentação saudáveis, evitar o consumo de álcool, tabaco e outras drogas.
De acordo com Leonardo Demambre Abreu, coordenador médico da Amparo Saúde, empresa do Grupo Sabin, é imprescindível adotar uma rotina de atenção com a saúde e buscar os cuidados que ajudam a controlar a taxa de açúcar no organismo.
“O diagnóstico, tratamento e o monitoramento são feitos através de consultas de rotina com uma equipe multidisciplinar e exames laboratoriais que são fundamentais no acompanhamento integral do paciente. Contamos com os avanços da medicina e suas possibilidades para detectar o risco ou o Diabetes tipo 2 já estabelecido permitindo intervenções para evitar ou controlar o excesso de açúcar no sangue e as temidas manifestações crônicas irreversíveis da doença”, afirma.
Atividade física e alimentação saudável é o primeiro remédio recomendado para os pacientes. “Alguns casos podem precisar de medicação, mas primeiro tentamos regular as taxas de glicose com o paciente adotando comportamentos que produzem saúde, ou seja, com o autocuidado apoiado por nossa equipe multidisciplinar”, acrescenta o médico.
Fonte: Ministério da Saúde, Consulta Remédios e Sabin