Dentro de 30 anos a população deve passar de sete para mais de nove bilhões de pessoas. Estima-se que serão necessários quase três planetas Terra para manter o atual estilo de vida da Humanidade. E o gasto de água é a principal ameaça. No Brasil, as condições hídricas mudaram em muitas regiões, que passaram a enfrentar longas estiagens. O problema que o Nordeste brasileiro e Brasília (DF) vivem atualmente e o drama enfrentado por São Paulo em 2015 estimulam campanhas de conscientização, incentivando o consumidor a usar a água com mais moderação.
No Rio de Janeiro, no entanto, passada a fase mais crítica que levou ao racionamento de água em 2015, atormentando cariocas e fluminenses, muita gente voltou aos velhos hábitos de consumo. Como se a água fosse durar para sempre. Por isso, é fundamental ter consciência sobre o consumo invisível de água, que é tão ou até mesmo mais importante quanto os gestos de consumo da água que a gente vê no dia a dia.
Para produzir uma simples calça jeans, por exemplo, são consumidos 10.850 litros de água durante toda a cadeia de produção – quantidade suficiente para suprir o consumo de uma residência média no Brasil por mais de três meses. Essa quantidade contabiliza desde a água gasta na irrigação do algodoeiro, material usado para fabricar o tecido, até a água da confecção da peça.
“Melhorar os processos de produção para conseguir usar a água de forma mais eficiente é um dever, e é certamente de interesse, das empresas. Do ponto de vista empresarial, é preocupante ser dependente desse recurso que é cada dia mais escasso. E essa preocupação não deve ser só das empresas. As políticas públicas devem contribuir para evitar desperdícios hídricos e garantir a preservação dos mananciais. E, além disso, cada pessoa e cada família pode fazer a sua parte buscando consumir apenas o necessário, evitando o desperdício desse recurso tão essencial”, afirma Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu.
Empresas investem em medidas de contenção
Neste Dia Mundial da Água (22 de março), mostramos alguns exemplos de empresas que estão investindo em medidas para reduzir o consumo e ajudar a garantir as reservas do planeta. O ar-condicionado, por exemplo, é um dos maiores vilões. Um aparelho de 30 mil BTUS, por exemplo, em seu funcionamento normal, retira do ar em 12 horas entre 7 a 8 litros de água, com alto grau de reaproveitamento.
Complexo Tio Sam – Para eliminar o desperdício, o Complexo Tio Sam Camboinhas, em Niterói, criou um desvio com tubos e agora a água dos aparelhos de arpcondicionado é enviada a um acumulador hermeticamente fechado, para evitar que mosquitos, como o Aedes Aegypti, depositem seus ovos. A água é reconduzida para ser reaproveitada no arrefecimento do gerador elétrico. O que sobra é utilizado para regar jardins, lavar pisos e outros usos não higiênicos.
Rede D’Or São Luiz – Nos hospitais da Rede D’Or São Luiz um sistema de gerenciamento e controle da gestão predial também monitora o sistema de ar-condicionado. Outra medida foi a instalação de arejadores nas torneiras para misturar ar à água e diminuir o fluxo. Centrais de água gelada tiveram equipamentos antigos de baixa eficiência trocados por sistema de automação. Simples atitudes, como a captação de água pluvial para irrigação dos jardins, também fazem parte das ações de preservação da água.
Ambev – Responsável por 90% do seu principal produto, a cerveja, a água é vista com prioridade na Ambev. Em 12 anos, as cervejarias do grupo adotaram práticas que permitiram reduzir o índice de consumo de água em mais de 40%, atingindo um índice médio de 3,17 litros de água para produção de um litro de bebida. Entre as metas sustentáveis da empresa até o fim de 2017, está reduzir para 3,2 litros de água o volume necessário para envasar um litro de bebida e reduzir o risco de disponibilidade hídrica em regiões-chave de cultivo de cevada.
Plantio de mudas – Além de desenvolver ações para reduzir o consumo, a empresa apoia a fase Guandu do Projeto Bacias, na APA Guandu. O início do trabalho em julho do ano passado foi marcado pelo plantio de duas mil mudas em uma área de preservação ambiental às margens do Rio Gandu, em Queimados, na Baixada Fluminense. A ação tem a parceria da The Nature Conservancy (TNC), do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e da Cedae.
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Fonte: Instituto Akatu e empresas, com redação