Desde 2005, acompanho de perto – e apoio – o belo trabalho realizado pela ong Clínica da Alegria, criada pela auxiliar de enfermagem Fátima Magalhães com apoio de seus filhos e um grupo de voluntários. Ele visitam hospitais, asilos, creches e outras instituições do Rio, Niterói e Região Metropolitana, levando sorrisos, brincadeiras e doações de roupas, fraldas e artigos de higiene pessoal. Muitos deles são pacientes muito carentes ou abandonados pela própria família. Nas visitas, não é difícil perceber a importância deste trabalho para pacientes, familiares e mesmo as equipes médicas e enfermagem.
Não foram poucas as vezes que Amada saiu com os olhos marejados em muitas visitas. Apesar de procurar manter sempre o alto astral, ela muitas vezes não se contém e se emociona com as histórias de vida que encontra pelo caminho. De fato, essa empatia, o colocar-se no lugar do outro, é o que move boa parte dos voluntários que dedicam parte do seu tempo a projetos sociais. Mas o que traz realização a quem se dedica a tão altruísta tarefa?
Não é à toa que se diz que “quando se faz o bem, o bem retorna”. Em meio a tanta dor, atos altruístas como este representam um papel relevante tanto para quem os pratica quanto para os que recebem. No fim das contas, todos saem ganhando. Não importa a habilidade do voluntário, pode ser artística, terapêutica ou até um bom papo. É grande a variedade de ações deste tipo desenvolvidas nas unidades hospitalares de todo o país.
Mas, afinal, qual é a importância do voluntariado? Jorge Moll Neto, diretor-presidente do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), foi o primeiro neurocientista no mundo a concluir que fazer uma boa ação ativa áreas do cérebro relacionadas com o prazer, o bem-estar e o sentimento de pertencimento. Além dos medicamentos indicados pelos especialistas, a presença do trabalho voluntário para os pequenos internados contribui para a humanização do tratamento.
Mesmo em uma sociedade onde as questões pessoais são muito latentes, ainda é possível perceber o aumento no número de voluntários que existem no Brasil. Nos corredores dos hospitais, por exemplo, é perceptível a importância de ações voluntárias para os pacientes, principalmente os que passam grande parte dos seus dias internados. Vários grupos como a Clínica da Alegria atuam desta forma, levando solidariedade e afeto a quem precisa. São pessoas que dedicam parte de sua vida ao próximo, através de trabalhos voluntários, oferecendo gratuitamente o que têm de melhor: amor, compaixão e alegria.
Projetos voluntários na Rede D´Or
A Rede D’Or São Luiz, ao lado de instituições parceiras, desenvolve projetos especiais. Como o Instituto Rio de Histórias, projeto da Associação Viva e Deixe Viver, que realiza visitas semanais para contação de histórias, nos hospitais Rios D’Or, em Jacarepaguá; Copa D’Or, em Copacabana; Oeste D’Or, em Campo Grande; e o Hospital Estadual da Criança, em Vila Valqueire. A Trupe Miolo Mole, outro parceiro da Rede D’Or São Luiz, visita semanalmente inúmeras crianças na unidade de Jacarepaguá e de Vila Valqueire para apresentações teatrais e brincadeiras.
Atividades lúdicas e recreativas auxiliam a criança no enfrentamento da doença, além de atuar como agente terapêutico, contribuindo para uma melhor qualidade de vida. A psicóloga do Hospital Caxias D’Or, Teresa Eder destaca a importância do contato do voluntário com a criança. “Sempre que possível, incentivo a realização dessas visitas para esses pacientes. É bom estimular momentos confortantes para eles”, explica a especialista.
“Os voluntários são muito importantes para apoiarem os pacientes do hospital. São pessoas maravilhosas, saem da suas casas para virem ajudar as crianças. Tenho mais contato com a Trupe Miolo-Mole, quando eles vêm ao meu quarto já sabem até o meu nome”, afirma Estefany Alves da Silva, 14 anos, que se trata de um câncer no Hospital Estadual da Criança.
A unidade é gerida pelo Instituto D’Or de Gestão de Saúde Pública e tem como um dos diferenciais a participação de voluntários. “Os voluntários fazem um belo trabalho, não só para as crianças, mas também para as mães, dão todo o apoio possível”, confirma a dona de casa Dominga de Jesus Alves, mãe da Estefany.
O grupo de palhaços realiza vínculos não só com pacientes, mas também com seus familiares e equipe médica. Assim como a Comunhão da Alegria que marca presença na pediatria do Hospital Quinta D’Or e no Centro de Oncologia D’Or, para apresentações musicais. Para eles, a música não é apenas um entretenimento, mas também uma forma de acalmar e proporcionar bem-estar durante o tratamento.
No Hospital Norte D’Or, através de uma parceria com representantes religiosos da comunidade surgiu o Projeto AMAR, que tem o objetivo de trazer apoio e conforto por meio de assistência religiosa. O atendimento realizado por voluntários representantes das Igrejas responsáveis pelo Projeto é oferecido de forma opcional a pacientes e acompanhantes. A participação durante o período de internação na Unidade, pode ser de três formas: espaço ecumênico, visitas individuais e celebrações.