Desde o início dos anos 70, a Humanidade vem utilizando mais recursos do que o planeta é capaz de produzir. A primeira vez que alcançamos a sua sobrecarga foi em 1970, no dia 29 de dezembro. Desde então, a data vem sendo antecipada. Ano passado, o Dia Mundial de Sobrecarga da Terra foi adiado devido ao lockdown em vários países por causa da pandemia, mas em 2021 a data chega em 29 de julho. A data foi antecipada no dia 24 no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, como forma de reconhecer as escolhas e atitudes – individuais e coletivas – que contribuíram para a configuração deste cenário e debater ações possíveis.
O biólogo Leandro Tavares Azevedo, professor de Ecologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, afirma que há muito tempo tem se falado sobre a importância de hábitos sustentáveis e conscientes a fim de evitar ou pelo menos retardar a degradação do meio ambiente, que já vem refletindo as consequências das más atitudes do ser humano

Para alertar o porquê devemos dar atenção a atitudes como as citadas anteriormente, Azevedo usa os dados do Dia da Sobrecarga da Terra (Earth Overshoot Day), calendário ilustrativo que calcula a data em que o consumo de recursos para a humanidade excederá a capacidade disponível na Terra. Neste ano a data ocorre no dia 29 de julho.

Isso significa que a partir desse dia estaremos consumindo mais recursos que o planeta suporta para o ano. Fazendo um paralelo, isso quer dizer que você tem recursos para sobreviver até o final de julho, a partir disso você entra no cheque especial, e aí uma hora a conta chega, e com juros”

Menos consumo, mais saúde para o planeta

De acordo com o professor, cada dia mais torna-se impossível não alertar a necessidade da mudança dos nossos estilos de vida e passar a colocá-la em prática. Para isto, um dos primeiros passos é entender os impactos das atividades humanas individuais sob o meio ambiente.
Para implementar atitudes sustentáveis à rotina é preciso começar aos poucos até que atos como, separar o lixo reciclável e economizar energia se tornem um hábito. Vale pensar também na produção daquilo que consumimos e procurar informações para saber se o produto foi feito com responsabilidade social e ambiental, e se não estamos fomentando trabalho desumano ou escravo, e de degradação ambiental.
O especialista aconselha o uso de calculadoras para mensurar individualmente como simples atos como, tomar uma xícara de café, comer carne ou até adquirir um novo celular podem influenciar na emissão de carbono e na crise hídrica. “A fabricação de um celular demanda muita água em sua produção, a chamada água virtual. Comer muita carne ou até mesmo jogar comida fora trazem muitos impactos negativos ao meio ambiente”, explica o professor.

“Ao comprar algo é como se disséssemos ao mundo que concordamos com os meios de produção daquele produto. Então cada real “investido” com sua compra é como se você dissesse que quer que o mundo tenha mais esses processos de produção”, acrescenta.

Azevedo cita que para uma contribuição maior com o meio ambiente, trocar o carro por transporte público e bicicleta, planejar a alimentação diminuindo o consumo de carne e investir nos produtos certos são ótimas opções. Ele acredita que tudo pode ser resumido em um consumo consciente.

“Reveja tanto a sua necessidade de compra quanto a cadeia produtiva em que este produto é manufaturado. Pesquise e dê preferência à compra de produtos sustentáveis, orgânicos e mais eficientes no consumo de energia. Há muitas formas de contribuir para uma sociedade mais sustentável, basta entender que é possível reverter a atual situação”.
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