O tradicional plantio de mudas, que marca o Dia Mundial da Árvore (21/9), merece uma reflexão. Afinal, como garantir que elas permaneçam de pé? No Rio de Janeiro, enquanto a Cedae lança um ousado projeto para plantio de 1 milhão de árvores em até cinco anos numa faixa de 500 hectares que corresponde a mais de 700 gramados do Maracanã, ambientalistas alertam para o extermínio de árvores na cidade. E convidam para participar da campanha ‘Pelo fim das podas assassinas da Comlurb e Light’ (saiba mais abaixo).
Ações de reflorestamento como a da Cedae são importantes para combater a escassez de água, erosão e assoreamento, além de fazerem parte do compromisso com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ONU). Mas não são suficientes. Outro alerta dos ambientalistas é para o risco de criação dos chamados ‘desertos verdes’, áreas criadas a partir da monocultura de espécies de árvores – como pinus e eucalipto – que, ao contrário do que se pensa, são danosas ao meio ambiente.
A data marca também o Dia Internacional de Luta contra as Monoculturas de Árvores, onde povos indígenas e quilombolas, movimentos e organizações socioambientais, sindicais, reforçam as denúncias dos impactos provocados pelo plantio massivo dessas espécies para abastecer as indústrias papeleiras, energia e siderurgias.
“Onde é instalada a monocultura de árvores, um “deserto verde” se espalha, expulsando moradores, agricultores, comunidades tradicionais e animais de seus territórios, acabando com a biodiversidade nos locais e afetando fontes de água, como nascentes, córregos e rios. Monocultura não é floresta!”, diz o ambientalista Sergio Ricardo, do movimento Baía Verde.
Segundo ele, o 21 de Setembro é um dia, também, para defesa dos territórios e das populações. “Um dia de luta contra a monocultura de árvores e de resistência à destruição gerada pelas indústrias de celulose por lucro”, ressalta. A articulação brasileira Rede Alerta contra o Deserto Verde está com atividades programadas para este dia, em defesa da vida e da biodiversidade. Acompanhe neste link.
O projeto de recuperação da mata ciliar do Rio Guandu, desenvolvido pela Cedae, começou pela Rodovia Presidente Dutra, altura de Engenheiro Pedreira, em Japeri (RJ), onde egressos do sistema prisional, integrantes do projeto Replantando Vida, plantaram as primeiras 2 mil mudas.
Pau-Brasil – Também em comemoração ao Dia da Árvore, a equipe do Horto Municipal Carlos Guinle, em Teresópolis, na Região Serrana, fez o plantio do primeiro exemplar de pau-brasil da unidade. A árvore, que dá nome ao país e é típica da Mata Atlântica, já tem 2,5 m e poderá alcançar até 15 m. O Horto Municipal Carlos Guinle, que é administrado pela Secretaria Municipal de Serviços Públicos, funciona de terça a domingo e feriados, das 8h às 16h.
Campanha Pelo Fim das Podas Assassinas
Qualquer cidadão carioca ou morador da cidade do Rio de Janeiro, pode participar da campanha fazendo com seu próprio celular fotos e vídeos dessas podas assassinas. Não esqueça de informar o dia, hora e o local, onde está ocorrendo a poda assassina de árvore no seu bairro ou comunidade.
Além de divulgar nas suas redes sociais, denuncie para a Patrulha Ambiental Tel: 1746, e no Ministério Público Estadual do RJ, nos seguintes contatos: fones 127 ou (21) 2262-7015, ou pelo whatsapp (21) 99366-3100. É possível denunciar também à Fundação Parques e Jardins: (21) 2224-8088. A petição “PAREM COM O EXTERMÍNIO DE ÁRVORES NO RIO DE JANEIRO!” pode ser acessada nesse link.
Replantando Vida reúne egressos do sistema penal
Ao longo dos próximos cinco anos, a Cedae oferecerá capacitação técnica na área ambiental para mil apenados participantes do programa Replantando Vida, mobilizando, em média, 200 por ano. Os egressos do sistema penal vão atuar desde a coleta das sementes, germinação e produção das mudas florestais, plantio e manutenção até o monitoramento do reflorestamento. Além dos benefícios ambientais, o projeto proporciona oportunidade de trabalho, capacitação e inclusão social para pessoas em cumprimento de pena.
“O nosso objetivo é atuar cada vez mais alinhados à agenda ESG (ambiental, social e governança). A Cedae já começou a trabalhar e continuará trabalhando para deixar um legado de sustentabilidade ao Rio de Janeiro. O Replantando Vida vem alcançando importantes marcas no que há de mais contemporâneo no cenário mundial referente às questões ambientais e sociais”, destacou o presidente da Cedae, Leonardo Soares.
A medida contribui ainda para a qualidade da água bruta do Rio Guandu, tratada na Estação Guandu, a maior do mundo em produção contínua, que processa 43 mil litros de água por segundo, conforme registro no Guinness Book. A ETA abastece mais de nove milhões de moradores da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
“Hoje é um dia muito especial para o meio ambiente. Essa causa é fundamental para a geração atual. Nós já estamos vivendo a urgência da pauta ambiental e precisamos ter consciência para refazer a nossa forma de viver e nos relacionarmos com os bens naturais”, declarou Thiago Pampolha, secretário de Estado de Meio Ambiente.
Sobre o Replantando Vida
Unindo preservação ambiental e ressocialização de apenados do sistema prisional estadual, o programa Replantando Vida mantém viveiros florestais na Estação de Tratamento de Águas (ETA) do Guandu, na Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) de São Gonçalo, na ETE Alegria, no Reservatório Victor Konder, na Caixa Velha da Tijuca, no Complexo do Alemão e na Colônia Penal Agrícola de Magé. As unidades têm capacidade de produzir 1,8 milhão de mudas por ano de 254 espécies nativas da Mata Atlântica, das quais 40 estão ameaçadas de extinção.
As espécies cultivadas nos viveiros da Companhia são usadas na recuperação de matas ciliares e na preservação da Mata Atlântica. Somente em 2021, mais de 78 mil mudas foram distribuídas a projetos de reflorestamento em 41 municípios do Estado do Rio de Janeiro. Ao longo de 20 anos, mais de 4 milhões de mudas foram produzidas.
Todos os viveiros contam com a mão de obra de apenados dos regimes semiaberto, aberto e liberdade condicional que integram o programa, fruto do contrato entre a Cedae e a Fundação Santa Cabrini. Além dos trabalhos ligados à área ambiental, os participantes desempenham diversas atividades dentro da Cedae, como auxílio nos serviços gerais dos setores administrativos e operacionais; confecção de uniformes da companhia e máscaras de proteção contra a Covid-19; manutenção de áreas verdes e jardinagem; obras e reparos. Eles recebem remuneração pelo serviço prestado, auxílios transporte e alimentação, além do benefício de redução de um dia de pena a cada três trabalhados.
Desde sua criação, mais de 4 mil pessoas já passaram pelo Replantando Vida, que é o maior empregador de mão de obra apenada do país. O programa, contrato da Cedae com a Fundação Santa Cabrini, recebeu o reconhecimento pelo “Selo Resgata”, concedido pelo Ministério da Justiça em três edições, e foi contemplado com quatro premiações da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, o prêmio Firjan Ambiental.
Os números do projeto
1 milhão de árvores em até 5 anos;
500 hectares = 700 campos de futebol = 3,47 Jardins Botânicos;
ETA Guandu – tratamento de 43 mil litros de água por segundo;
9 milhões de moradores abastecidos;
Replantando Vida
No projeto: 1.000 apenados, 200 por ano;
Hoje, 700 atuam em todas as áreas (limpeza, conservação, manutenção e serviços gerais) – 50 na área ambiental;
Sete Viveiros (ETA Guandu, Reservatório Vitor Konder, ETE Alegria, Caixa Velha da Tijuca, Complexo do Alemão, ETE São Gonçalo, Colônia Penal Agrícola de Magé);
Capacidade total de produção de mudas por ano: 1,8 milhão;
254 espécies;
40 espécies ameaçadas de extinção.
Com Assessorias