A falta crônica de financiamento adequado para a diálise no Brasil vem provocando uma grave crise no setor, afetando principalmente o acesso dos pacientes ao tratamento.  Nos últimos anos, houve aumento de 71% no número de pacientes dependentes de diálise, enquanto o número de clínicas aumentou apenas 15%.

Houve o quase desaparecimento da diálise peritoneal como alternativa de tratamento, além do aumento da quantidade de pacientes aguardando na fila para ter acesso ao seu tratamento ambulatorial de diálise, muitas vezes internados em hospitais públicos, ocupando vagas de pacientes agudos e recebendo um tratamento inadequado, face à cronicidade dos casos.

Estimativa da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) aponta que existem no Brasil aproximadamente 122 mil pacientes renais crônicos, que dependem do tratamento com terapia renal substitutiva para filtrar artificialmente o sangue. Entretanto, uma crise que se arrasta há anos pode provocar um colapso no atendimento.“Os pacientes com funcionamento renal comprometido dependem única e exclusivamente das sessões de diálise para sobreviverem”, afirma o presidente da Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT), Marcos Vieira.

Entre os problemas estão a falta de financiamento adequado para a diálise, a defasagem de 30% no custo da sessão de hemodiálise, atraso no repasse de pagamentos pelos municípios de pacientes do SUS atendidos nas clínicas particulares e o desequilíbrio entre oferta e procura. Segundo Marcos, nos últimos anos, houve aumento de 71% no número de pacientes dependentes de diálise, enquanto a quantidade de clínicas cresceu apenas 15%.

Dia D da Diálise

Para chamar a atenção da população geral para a falta crônica de financiamento adequado para a diálise no Brasil vem provocando, afetando principalmente o acesso dos pacientes SUS ao tratamento, a Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT) promoverá um Dia D da Diálise, como parte da campanha de valorização do setor “Vidas Importam: a diálise não pode parar”. A ação acontecerá no dia 29 de agosto e será realizada simultaneamente em diversas cidades brasileiras.

O principal objetivo da data especial é criar uma movimentação nacional para alertar a população sobre a crise e buscar sensibilizar o governo para a necessidade de se buscar formas de aumentar os investimento no setor da diálise. A ação faz parte da campanha de valorização do setor “Vidas Importam: a diálise não pode parar”.

Para o Rio de Janeiro, está programada uma mobilização na Cinelândia a partir das 11 horas. O evento contará com material explicativo sobre os tratamentos, aferição de pressão arterial, teste glicêmico e simulação de hemodiálise. A ação conta com o apoio da Associação dos Renais e Transplantados do Estado do Rio de Janeiro (Adreterj).

“Nosso objetivo é conscientizar a população sobre o drama que aproximadamente 120 mil pacientes renais enfrentam no país. Temos problemas de várias ordens. São questões financeiras, questão do repasse de verba SUS, falta de vagas para realização de hemodiálise, falta assistência do Ministério da Saúde, dos estados e das prefeituras, que também não colaboram”, afirma Gilson Nascimento, presidente da Adreterj.

Segundo ele, o tratamento que deveria ser gerenciado pelo governo fica “na mão das clinicas privadas, que acabam fazendo o papel do SUS, mas com uma remuneração defasada”. “Na ponta, quem sofre e quem fica sem a devida assistência somo nós, pacientes. Precisamos da ajuda da população. Falta de hemodiálise ou tratamento sem qualidade podem levar a morte. Temos várias sugestões para melhorias e o governo precisa nos ouvir”, destacou.

Campanha prevê audiência pública

“Queremos levar para as ruas as histórias das pessoas impactadas pela crise da diálise, buscando causar envolvimento da sociedade com o assunto”, explica o presidente da ABCDT, Marcos Alexandre Vieira. Para isso, a iniciativa se concentrará em cidades onde existam clínicas de diálise, em locais com grande circulação de pessoas, amparada por material produzido para este fim, desenvolvendo-se ações de interação com a população que passará pelo local.

Além disso, os parceiros da campanha buscarão realizar uma audiência pública sobre a crise na diálise junto a parlamentares locais no Dia D, para gerar debate relacionado ao tema nas cidades envolvidas. O contato com personalidades locais dos mais diversos segmentos – como cultura, artes visuais, esporte e digital influencers – também está previsto, para que possam apoiar o evento.

No Rio Grande do Sul, representantes do setor participarão de audiência pública na Assembleia Legislativa de Porto Alegre para discutir diagnósticos e tratamentos das doenças renais e as dificuldades enfrentadas pelo setor.

Em Santa Catarina, a maior movimentação vai ocorrer na cidade de Joinville, Blumenau, Itajaí e na capital Florianópolis. Médicos e pacientes vão se reunir em locais de grande circulação com a praça Nereu Ramos, em Joinville, para mostrar a importância do tratamento para a qualidade de vida do doente renal crônico.

Já no Distrito Federal, pacientes, familiares, médicos e proprietários de clínicas da Capital Federal e de regiões próximas se reunirão na Praça do Relógio, na Região Administrativa de Taguatinga, a 24 km do Congresso Nacional. O público que passa pelo local receberá orientações sobre doenças renais e poderá realizar testes glicêmicos e aferir pressão arterial.

A divulgação da campanha ocorrerá por meio de mídias offline, como busdoor e backbus (ambos na parte traseira do ônibus), envelopamento de metrô, mídia de tela de metrô e ônibus, além das mídias online. Mais informações em www.vidasimportam.com.br, ou nas páginas nas redes sociais da campanha: Vidas Importam (Facebook) e @vidasimportam (Instagram).

Estilo de vida saudável ajuda a evitar problemas renais

Semelhantes ao formato de grãos de feijão, os rins desempenham funções vitais para o nosso organismo. A cada minuto os órgãos recebem cerca de 1,2 litros de sangue, o que corresponde a aproximadamente um quarto do volume total de um adulto. Calcula-se que a cada hora todo o sangue de uma pessoa é filtrado aproximadamente 12 vezes pelos rins. As toxinas são eliminadas em forma de urina e o sangue retorna ao nosso organismo filtrado. Além disso, os rins atuam na regulação da formação do sangue e dos ossos, produzem hormônios que impedem a anemia e a descalcificação óssea, eliminam alguns medicamentos e outras substâncias ingeridas, regulam a pressão sanguínea e controlam o balanço químico e de líquidos do corpo.

Apesar da importância da saúde renal para o bom funcionamento do organismo, as pessoas não dão muita atenção para os rins. Estimativas apontam que existem atualmente cerca de 641 milhões de pessoas com doenças renais crônicas no Brasil. A previsão é que, até o ano de 2025, 13% da população mundial adulta sofra desse problema. A cada ano, aproximadamente, 21 mil brasileiros iniciam tratamento de terapia renal substitutiva, mais conhecida como diálise.

Adotar desde cedo um estilo de vida saudável é o principal aliado para prevenção de problemas nos rins. De acordo com a Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT), um dos principais fatores de risco é a obesidade. Comparados a indivíduos com um Índice de Massa Corporal (IMC) nos parâmetros saudáveis (entre 18,5 e 24,9), pessoas obesas possuem um risco 83% maior de desenvolver doença renal crônica.

A obesidade é uma epidemia mundial e o excesso de peso pode levar à hipertensão e à diabete, os dois maiores causadores de problemas renais”, completa Marcos Alexandre Vieira, presidente da ABCDT.

Segundo ele, ajustes simples no estilo de vida, como praticar exercícios físicos regularmente, não fumar e evitar o consumo excessivo de sal, carne vermelha, bebidas alcoólicas e gorduras são importantes aliados da saúde renal. “É importante controlar o peso corporal, a pressão arterial, o colesterol e a glicose. Além de conhecer os fatores de risco, recomenda-se que todas as pessoas realizem uma vez por ano exames laboratoriais para avaliar a saúde dos rins, como dosagem de creatinina no sangue e análise de urina”, explica o presidente da ABCDT.

Da Redação, com Assessorias

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