Depressão, ansiedade e estresse são as principais doenças herdadas da pandemia de Covid-19

Brasil tem aumento de 80% no número de pessoas estressadas e médico alerta para o risco para doenças cardíacas Mulheres são mais propensas a sofrer com ansiedade e estresse

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A química do estresse

A pandemia do Covid-19 fez o mundo parar e a grande maioria das pessoas passou a trabalhar remotamente. Porém, nem todo mundo se adapta à rotina do home office e acaba misturando o trabalho com a rotina do lar, gerando mais estresse. Mas sentir-se estressado uma vez ou outra é completamente normal, principalmente diante de cenários adversos, como o atual.

É um processo comum em diversas fases da vida, que está diretamente relacionado à ansiedade, já que o indivíduo estressado costuma sentir-se ansioso na maior parte do tempo. Mas a ansiedade não é um sentimento ruim e pode, inclusive, ser benéfica quando sua intensidade é de leve a moderada”, explica o nutricionista ortomolecular e consultor da Via Farma, Rafael Félix.

Na prática, o “nível ótimo” de ansiedade é capaz de melhorar a concentração e a performance. No entanto, quando esse percentual é ultrapassado e sai de controle, o rendimento cai, a ansiedade assume caráter destrutivo e pode levar ao estresse crônico.

Especialistas apontam que o processo de estresse é dividido em três fases. A primeira é a de alerta, na qual ocorrem picos de liberação do hormônio cortisol, em resposta a uma ameaça, causando uma série de sintomas físicos que caracterizam a reação de luta ou fuga.

Esse instinto é um mecanismo de defesa programado no cérebro humano desde os primórdios, como forma de garantir a sobrevivência da espécie. Nos tempos atuais, diversos estímulos são capazes de despertar essa reação, desde uma real ameaça à vida até o simples fato de estar preso no trânsito, atrasado para uma reunião importante. O resultado desse pico de cortisol, associado à liberação de adrenalina, é o famoso frio na barriga, acompanhado de sudorese, respiração curta, pupilas dilatadas e coração acelerado.

Felizmente, esse pico de cortisol costuma durar pouco tempo. No entanto, algumas pessoas entram e saem desse estado de alerta tantas vezes no dia que o hormônio pode deixar de ser liberado em picos e passar a ser secretado de maneira sustentada e acima dos níveis normais, formando um platô que caracteriza a segunda fase do processo de estresse, a resistência.

Esse é o momento no qual o estresse e a ansiedade começam a representar riscos para a saúde: após meses ou até anos na fase de resistência, o organismo pode entrar na etapa de exaustão, na qual começam a surgir doenças relacionadas à permanência prolongada no processo de estresse. “A imunidade fica prejudicada e também podem aparecer diversas desordens metabólicas, aumentando o risco de diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardíacas, transtornos de ansiedade e depressão, por exemplo”, afirma o nutricionista.

Para combater o estresse e seus efeitos, o primeiro passo é tornar-se consciente do problema e se propor a fazer mudanças positivas na rotina e no estilo de vida. Contar com a ajuda de um profissional da saúde também é essencial em alguns casos, já que só o olhar atento do especialista pode determinar quais intervenções são necessárias para reverter o quadro. “É importante entender que o estresse não é uma doença. Ele é uma reação natural do organismo, essencial diante de uma situação de perigo, por exemplo. O problema é quando ele se torna desproporcional e crônico, causando desordens metabólicas que ameaçam a saúde” pontua

Composição corporal em xeque

O controle de peso é um dos pontos de atenção quando o assunto é estresse crônico. “Comer em excesso é umas das principais formas que as pessoas encontram para aliviar a ansiedade, o que leva ao ganho de peso e à obesidade. Além disso, pessoas estressadas costumam consumir alimentos inflamatórios e altamente calóricos, piorando o quadro”, destaca. O especialista ainda lembra que diversos estudos mostram a relação entre níveis elevados de cortisol e a perda muscular, piorando a composição corporal. “Assim, torna-se necessário modular os níveis de cortisol para reverter o processo de estresse e deixar o corpo metabolicamente mais favorável para ganhar massa e perder gordura”, explica.

Especialista em nutrição esportiva, Félix chama a atenção para os efeitos negativos do estresse sobre atletas que competem nas mais diversas categorias. “O excesso de cobrança, muitas vezes, gera grande estresse psicológico, que associado ao estresse mecânico dos treinos, eleva o cortisol a um nível capaz de derrubar a performance”, diz. Para não causar o efeito oposto do desejado, o recomendado é respeitar os momentos de descanso do corpo e da mente, já que o sono de qualidade e os momentos de lazer são peças-chave para sair do processo de estresse e preservar um bom rendimento em qualquer tipo de atividade.

Reequilíbrio

Assim como no esporte, na vida também é preciso reconhecer quando algo está levando o organismo para além dos limites da exaustão. Exemplo disso é o próprio trabalho, que em excesso, pode ocasionar um quadro de estresse crônico conhecido como Síndrome de Burnout. “Em casos como esse, o acompanhamento médico e a psicoterapia são essenciais. Uma readequação da dieta e a prática de exercícios físicos regulares também são ferramentas poderosas para a recuperação. Terapias naturais com eficácia comprovada por estudos, como a suplementação com extrato de carvalho francês (Robuvit®), também podem ser avaliadas para acelerar a recuperação, reduzindo a fadiga e aumentando a diposição”, indica o nutricionista.

Para outros quadros de estresse, associados ou não ao trabalho, pode ser benéfico buscar a ajuda de um nutricionista que possa auxiliar no equilíbrio dos nutrientes na dieta, priorizando alimentos anti-inflamatórios. “O ômega 3, por exemplo, tem sido apontado por diversos estudos como modulador do estresse, devido suas propriedades neuroprotetoras e anti-inflamatórias. Uma alimentação natural, com a ingestão balanceada de carboidratos e rica em zinco e magnésio, também é importante para promover o equilíbrio bioquímico necessário para reverter o quadro de estresse”, aponta o nutricionista.

Paralelamente, é preciso que o paciente siga o tratamento indicado pelo médico, em casos nos quais terapias farmacológicas são necessárias. Alguns indivíduos podem responder bem apenas com abordagens naturais, como o apocynum venetum (Venetron®), por exemplo, que ajuda a reduzir o estresse e a ansiedade, normalizando os níveis de serotonina e melhorando a qualidade do sono”, finaliza.  

Sintomas se parecem com os de um infarto

Dormência nos braços, sensação de fraqueza, dor de cabeça, tontura e falta de ar. Parece a descrição clara de sintomas de infarto, mas nem sempre estes sinais do corpo sinalizam um problema mais grave. A rotina muito atarefada da maioria das famílias, faz com que os compromissos profissionais e sociais tenham um ponto de começo, mas não um final. A sensação é de que 24 horas seja pouco tempo na vida de quem trabalha, estuda, cuida da casa e dos filhos, por exemplo. E é ai que o estresse vai agindo em nosso organismo, liberando hormônios e substâncias químicas que deixam nosso corpo em estado de alerta.


O médico cardiologista Augusto Vilela, alerta para os cuidados com o excesso de estresse, que em altos níveis pode sim levar a um infarto ou acidente vascular cerebral (AVC). Embora os sintomas de estresse e infarto possam ser parecidos, existem algumas diferenças que ajudam no diagnóstico inicial. De acordo com ele, a maioria dos pacientes que está sofrendo um ataque cardíaco, apresenta dor aguda no meio do peito, no braço esquerdo, gerando formigamento e nas costas podendo refletir em outros pontos como nuca, ombros, mandíbula, queixo e estômago. “É muito importante que em ambos os casos o paciente procure ajuda médica imediatamente. Somente um médico pode fazer um diagnóstico preciso, afinal, não se pode “brincar” com doenças cardíacas”, avalia.

Segundo o cardiologista, para combater o estresse, não devemos nos descuidar da alimentação saudável e atividade física, que dentre seus inúmeros benefícios, ajuda a liberar endorfina, hormônio responsável pela sensação de bem estar e prazer. Cuidar da mente também é fundamental, evitando notícias catastróficas em excesso, escolhendo boas leituras e amizades verdadeiras. “A ansiedade não ajuda a resolver os problemas e traz prejuízos para a saúde de todos”, completa.

Plataforma de telemedicina confirma aumento de casos

Um levantamento realizado da pela área de Telepsicologia da Conexa Saúde, plataforma de telemedicina, revela o cenário emocional das pessoas durante a pandemia do novo coronavírus. A equipe de psicólogos analisou um grupo de pacientes atendidos por queixas emocionais geradas pela pandemia, no período de abril a junho.

Dessa amostra, 50% eram profissionais que atuam na linha de frente de atendimento da Covid-19. O diagnóstico dos pacientes analisados revelou que depressão (38%), ansiedade (21%) e estresse (21%) são as principais enfermidades desenvolvidas durante a pandemia.

Outro dado importante diz respeito à eficiência do tratamento psicoterápico realizado por meio da telepsicologia. O tratamento foi feito com um protocolo de 12 sessões de terapia breve. Em relação à depressão, após as sessões o percentual de pacientes com depressão extremamente severa caiu de 38% para 7%. Em relação à ansiedade e estresse, o quadro dos pacientes passou de severo para moderado.

Resultados do tratamento psicoterápico

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