O ator Eriberto Leão, atualmente na novela “Êta Mundo Bão’, da TV Globo, já viveu “na pele” o drama de uma pessoa com necessidades especiais. Em ‘Insensato Coração’, interpretou um piloto de avião que, após um acidente, sofre uma lesão medular e tem que ficar na cadeira de rodas. Em ‘Paraíso’, seu personagem, Zeca, cai de um touro e precisa da ajuda de uma muleta para continuar andando.
Na vida real, Eriberto é um dos vários artistas que já abraçaram a campanha ‘Juntos, podemos morar sozinhos’, que pretende levantar recursos para viabilizar a criação de um modelo de moradia que garanta mais autonomia a adultos com deficiência, seja física, sensorial ou intelectual. Lenine, Celso Fonseca, Malu Valle, Nanda Costa e Roberto Berliner já vestiram a camisa.
A peça – e também a caneca da campanha – estão disponíveis para compra no site www.institutojng.org.br, do Instituto JNG – as iniciais JNG se referem a João, Nicolas e Gabriela, três jovens cariocas com deficiência intelectual (DI). A Organização Social de Interesse Público (Oscip) sem fins lucrativos, com sede no Rio de Janeiro, foi criada por três mães interessadas em garantir maior autonomia a seus filhos e a tantos outros que sofrem com as limitações impostas a quem sofre algum tipo de deficiência.
A ideia surgiu a partir dos novos desafios que passaram a enfrentar após a fase escolar dos filhos, com a preocupação em garantir aos jovens alternativas para a inclusão social. “Onde moram? Onde trabalham? Que lugares frequentam para se divertir e conhecer pessoas da mesma idade? Onde namoram?”, foram algumas questões que intrigavam os pais dos jovens portadores de DI.
Antes de ser uma opção, morar sozinho é um direito, mas no Brasil, explica Flávia Poppe, presidente do Instituto JNG e mãe de Nico, não há um modelo de moradia independente para pessoas com deficiência. “Por meio de experiências de países mais avançados, sabemos que qualquer pessoa pode morar sozinha, mas o que varia é o apoio que o indivíduo precisa“,destaca.
Deficientes já representam 8% da população
De acordo com o IBGE (2010), no Brasil, existem 2.611.536 pessoas com deficiência mental/intelectual, ou seja, 1,5% da população. Se forem somadas as pessoas que declararam ter algum grau severo de deficiência física e sensorial, este número chega a 15.791.945, o que representa 8% da população.
“Os números nos fazem querer ajudar aos outros pais, pois vivenciamos esta realidade e sabemos da necessidade de um suporte profissional que respeite e, inclusive, amplie o grau de autonomia de pessoas com deficiência. Tudo isso faz parte da construção de alternativas saudáveis para que elas vivam bem após a morte de seus responsáveis”, afirma a presidente do Instituto JNG.
Segundo ela, é necessário expandir as fronteiras da vida de pessoas com deficiência, criando novas perspectivas, principalmente na área de inclusão social.”Nos últimos anos, mesmo com poucos recursos, o trabalho sério do Instituto JNG refletiu em grandes conquistas como participação em importantes debates, visibilidade no poder público e parcerias estratégicas”, conta Flávia.