Gluten-integral

Muito se ouve falar sobre glúten, doença celíaca e dietas radicais que excluem o consumo deste nutriente. Mas, diferentemente do movimento gluten-free propagado de maneira irresponsável por alguns influenciadores de opinião, a alimentação isenta da proteína não deve estar atrelada ao controle de peso ou ser vista como prática saudável para este fim.

O glúten é uma proteína presente no trigo, aveia, centeio, cevada e malte, que ajuda a dar a “liga” para algumas preparações, como pães e massas, por exemplo. Segundo a nutricionista Bianca Naves, do NutriOffice, “esta é uma desordem sistêmica autoimune que acontece devido à ingestão de glúten, e que causa uma inflamação crônica nas paredes do intestino delgado”.

Entretanto, Bianca afirma que “a dieta gluten free está na moda, mas é preciso ter cuidado, pois tirar essa proteína do dia a dia não significa perder peso, ao contrário do que muitos acreditam”.

Ela explica que “apenas aqueles que têm doença celíaca ou hipersensibilidade ao glúten precisam eliminar a proteína da alimentação e substituir os produtos à base de trigo, aveia, centeio, cevada e malte por outros que não contenham glúten, como farinhas e preparações que sejam à base de milho, mandioca e arroz, como é o caso do amido de milho, tapioca e farinhas de milho e de arroz, por exemplo”.

Veja 10 alimentos glúten free

A dieta glúten free está em alta e, apesar de muitas pessoas tirarem o glúten da dieta com o intuito de emagrecer, não há comprovações científicas desse fato. “Não é recomendada a suspensão da ingestão de glúten para pessoas não celíacas. Alimentos com a proteína podem ser consumidos pelo público em geral dentro de uma alimentação equilibrada.

“Aqueles que precisam seguir uma dieta glúten free devem verificar os rótulos para certificarem-se que estão usando versões isentas desta proteína”, aponta Mônica  Beyruti, nutricionista membro do Departamento de Nutrição da ABESO e especialista em nutrição em cardiologia pela SOCESP e fisiologia do exercício pela Unifesp.

Com a febre da dieta sem glúten, muitos restaurantes apresentam em seus cardápios pratos ”sem glúten”. “Atenção, pois para o celíaco, a contaminação cruzada com quantidades mínimas de glúten já é suficiente para fazer estragos”, finaliza a especialista. Veja na lista a seguir alguns importantes alimentos que não contêm glúten:

1. Frutas e vegetais

2. Milho

3. Carnes, aves e peixes

4. Tapioca

5. Azeite

6. Queijos

7. Ovos

8. Amido de milho

9. Quinoa

10. Polenta

Mitos e Verdades sobre glúten

De acordo com Marcela Tardioli, consultora em nutrição da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (ABIMAPI), “restringir o glúten deve estar relacionado ao controle de algumadoença ou condição adversa ao consumo e deve adotar esta prática somente quem possui diagnóstico e recomendação médica, para que não haja nenhuma deficiência nutricional”, alerta.

Para ajudar a esclarecer sobre os riscos que envolvem o modismo, a especialista elencou os principais mitos e verdades sobre o tema. Confira:

Retirar o glúten da dieta emagrece.

MITO.O glúten, de forma geral, é uma proteína encontrada nos grãos de trigo, centeio, cevada e malte e consequentemente nas preparações que contém estes ingredientes. Está associado a alimentos fonte de carboidrato, que contêm vitamina B e açúcar. Na realidade, reduzir e equilibrar a ingestão destes produtos faz com que aconteça a diminuição e o controle do peso por não haver exagero no consumo de forma geral, e não pela ausência do glúten.

É indicada a retirada do glúten da dieta em caso de doença celíaca.

VERDADE. A restrição deve ser feita após um diagnóstico médico da doença celíaca e sinais clínicos (diagnosticados) de sensibilidade ao glúten. No caso da alergia ao trigo, sua ingestão ou preparações que o contenha deve cessar. Tirar o glúten do dia a dia de forma indiscriminada ou que não seja pelos motivos citados acima, não tem respaldo da ciência.

Há relação de rotavírus com doença celíaca.

VERDADE. Estudos recentes apontaram que, principalmente em crianças, infecções frequentes e repetitivas com rotavírus podem aumentar o risco de desenvolvimento da doença celíaca em pessoas com predisposição genética. Uma das hipóteses para esta relação é que as infecções afetam a mucosa do intestino, deixando-as mais suscetíveis à doença.

Doença celíaca tem cura.

MITO. A enfermidade não tem cura, mas com a exclusão do nutriente da alimentação os sintomas já começam a desaparecer. Ou seja, é uma condição controlável, mas que deve receber atenção para o resto da vida.

Cientistas australianos e americanos realizaram alguns testes para a criação de uma vacina para doença celíaca, que visa reduzir a sensibilidade dos pacientes ao glúten. A primeira fase de testes mostrou eficácia, porém ainda existe um longo caminho a ser percorrido até que seja de fato aprovada.

Por fim, Marcela ressalta que uma alimentação saudável deve incluir todos os grupos de alimentos, como cereais, frutas, verduras, legumes, entre outros. “Além disso, entender as diferenças entre a doença celíaca, sensibilidade ao glúten e alergia ao trigo pode ajudar a identificar alguns sintomas que devem ser relatados a um profissional da área de saúde, para correto diagnóstico e tratamento”.

 

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