Daniel Soranz: ‘não temos pernas para fiscalizar bares e restaurantes’

No #PapodePandemia, Daniel Soranz, secretário municipal de Saúde do Rio, fala sobre a variante Delta e a falta de doses de vacinas

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O Rio de Janeiro adiou para 15 de setembro a exigência do comprovante de vacinação para o carioca frequentar locais fechados, mas deixou de fora os bares e restaurantes. “Não teríamos pernas para fiscalizar’, disse o secretário municipal de Saúde Daniel Soranz, durante o 48º encontro da série #PapodePandemia do portal ViDA & Ação. Em pauta no bate-papo no Youtube, o atual cenário da pandemia e as estratégias para encarar a variante Delta, hoje já predominante, em 86% dos casos na cidade.

“A variante Delta transmite mais que as demais, mas não sabe se é menos letal ou menos agressiva ou se é a vacina que está fazendo efeito”, diz ele, garantindo que o número de internações está equilibrado e que há leitos disponíveis para enfrentar uma quarta onda da pandemia.

Soranz fala sobre os desafios da vacinação diante da irregularidade no fornecimento de doses pelo Ministério da Saúde: “É muito ruim ver pessoas morrendo, cidades tentando acelerar o seu calendário e as vacinas armazenadas por questão burocrática”. E esclarece sobre a aplicação da terceira dose (ou dose de reforço) entre os idosos, que começa em setembro, após a vacinação dos adolescentes de 12 a 17 anos, que teve de ser interrompida por falta de doses.

Apesar da preocupação com a nova variante Delta, proveniente da Índia, que vem elevando a taxa de ocupação das UTis Covid na cidade, e das críticas ao Ministério pela demora na tomada de decisões pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) e o fechamento de leitos federais, o secretário de Saúde faz uma projeção otimista para o fim de ano e começo de 2022. Segundo ele, é possível planejar um verão, Ano Novo e Carnaval mais tranquilos para os cariocas, com o avanço da vacinação.

O bate papo com a jornalista Rosayne Macedo, editora do Portal ViDA & Ação, aconteceu nesta quarta-feira (1/9) e dessa vez foi gravado, sendo exibido no canal do Youtube nesta quinta-feira (2). Confira na íntegra e compartilhe. Curta, comente e compartilhe a nossa live. E aproveite para se inscrever em nosso canal e acionar os avisos para novos vídeos!

Daniel responde às dúvidas do ViDA & Ação

Rio, epicentro da Delta

#PapodePandemia: série de encontros do Portal ViDA & Ação traz o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz

ROSAYNE MACEDO – A nova variante já responde por 86% dos casos no Rio de Janeiro. Mortes e ocupação de leitos voltam a crescer. Como virar esse jogo, em meio à pressão pela reabertura total? Corremos o risco de uma “quarta onda” ainda pior, já que essa variante é mais transmissível?  Há risco de um novo lockdown ou esse tipo de medida estaria descartado diante do avanço da vacinação?

DANIEL SORANZ – O mundo está numa pandemia. Todo mundo que fez suas previsões não acertou (inaudível…) Temos uma variante ainda desconhecida, estamos no inverno, um período sempre complicado, mas temos um bom cenário com a vacinação. A vacina de fato é efetiva, protege contra uma série de complicações. A questão da vacina é real, significa que a gente vai ter um cenário epidemiológico cada vez melhor, de acordo com o percentual de vacinados. Pessoas de 60 anos vacinadas com duas doses e maiores de 80 com as três doses. Esperamos um cenário muito melhor daqui para a frente.

‘A variante Delta transmite mais que as demais, mas não se sabe se é menos letal ou menos agressiva ou se é a vacina que está fazendo efeito’

Havia uma preocupação com qualquer variante que pudesse furar a barreira da vacina. Já vimos que a variante Delta é suscetível a essa cobertura vacinal, então está tendo um cenário epidemiológico um pouco maior e pudemos acompanhar pelo número de internações e óbitos. (…) Houve um aumento no nosso perfil de pacientes internados, não houve um aumento nos óbitos pela variante Delta, mas teve um aumento grande de casos por essa variante. A gente já sabe que a variante Delta transmite mais que as demais, mas não sabe se é menos letal ou menos agressiva ou se é a vacina que está fazendo efeito. (…)

É preciso conscientizar a população a se vacinar, usar máscara, manter o distanciamento, proteger ao máximo as pessoas a sua volta. Mas também tem muita gente que não aguenta mais ficar em casa, está com depressão, ansiedade ou outros problemas (…). A gente precisa ter um equilíbrio entre as atividades tão importantes para a vida das pessoas e as medidas de proteção. Tudo o que a gente pode associar as medidas de proteção que permitam a volta das atividades. É importante continuar usando a máscara e aos poucos retomar algumas coisas que a gente tinha anteriormente. É sempre importante ter cautela e atenção a qualquer elevação no número de casos, internações e óbitos. Estamos preocupados em proteger a saúde da população. A saúde das pessoas é uma prioridade. (…) 

Falta de imunizantes

RM –  –  Hoje sobram posto e ponto de vacinação e estrutura para vacinar mais cariocas, mas falta vacina. A prefeitura anuncia um calendário e depois tem que voltar atrás, não por conta da prefeitura, mas pela demora na entrega pelo Ministério da Saúde. Como equilibrar o atraso nas doses diante das irregularidades no fornecimento?

DS – A gente lançou um calendário de longo prazo para as pessoas poderem se organizar. Até o momento só teve cinco dias de diferença justamente pelo atraso na distribuição do Ministério. Nosso calendário na maioria das vezes foi cumprido na data que estava prevista e em alguns casos até antecipada, como a vacinação para os adolescentes, que estaria prevista inicialmente para meados ou final de setembro. Com as previsões de entrega da Pfizer, Butantan e Fiocruz. Mas infelizmente nem sempre o Ministério consegue uma agilidade ´nessa distribuição. Hoje tem quase 13 milhões de doses no Ministério aguardando para ser distribuídas para os estados e municípios.

VACINAÇÃO PARA ADOLESCENTES

RM – Como fica a previsão para a retomada da vacinação para a primeira dose dos adolescentes – que teve que ser novamente interrompida esta semana. Minha filha de 15 anos faria a primeira dose da Pfizer nesta quinta-feira (2). Como está essa organização agora?

DS – Pelo novo calendário, deve acontecer na segunda-feira (6/9) a vacinação das meninas de 15 anos, infelizmente. Haverá também no dia 8 aplicação da vacina para quem não pôde no feriado porque não estava na cidade ou estava viajando. Haverá então no dia 8 uma repescagem para as meninas de 16 e 15 anos que não se vacinaram.

‘Vacinação de adolescentes de 15 anos (que estava prevista para 31/8) deve acontecer na segunda-feira (6/9), com repescagem no dia 8’

RM – Uma jornalista, mãe de um adolescente com diabetes, estava reclamando que o município não priorizou os adolescentes com comorbidades. Mas esses adolescentes já foram vacinados, dr Daniel?

DS – Os adolescentes com deficiência e com comorbidades estão sendo vacinados de acordo com a sua faixa etária. Como a diferença é muito pouca do início, 17 anos, até o final, 12 anos, a gente achou por bem fazer junto com aquele grupo populacional. Muitos gostariam de ir junto com outros adolescentes da sua idade, pela diferença ser pequena e por não ter nenhuma evidência científica que mostre que tenha maior internação e óbitos por Covid. A gente definiu que vão vacinar junto com a faixa etária específica. É diferente das crianças com deficiência que têm risco maior.

Terceira dose para idosos

RM E o tão esperado reforço para os idosos que tomaram as duas primeiras doses (previsto para setembro)? 

DS – Começamos a vacinar os idosos em instituições de longa permanência (ILPIs), é um número pequeno, só 8 mil que estão nesses institutos. A gente espera acelerar essa vacinação para os idosos. A gente já sabia que ia precisar de uma terceira dose. Logo no início do ano, Moderna e outras farmacêuticas já estavam mostrando uma redução da proteção ao longo do tempo para os idosos de mais de 60 anos. A gente já vinha discutindo isso com o Ministério da Saúde e a Secretaria de Estado. A Prefeitura do Rio foi a primeira a falar da necessidade da dose de reforço, hoje é uma realidade e o ministério já colocou no calendário. A gente espera que possa ser feita o quanto antes. Para isso precisa ter vacina, acelerar a entrega e a distribuição. 

‘A Prefeitura do Rio foi a primeira a falar da necessidade da dose de reforço; hoje é uma realidade e o ministério já colocou no calendário’

RM – A terceira dose dos idosos em geral será de qual marca – Pfizer e Astrazeneca, como quer a Câmara de Vereadores? Todos os idosos tomaram Coronavac na primeira e segunda doses no Rio?

DS – A terceira dose ou dose de reforço para os idosos será com vacina heteróloga, uma vacina diferente daquela que tomaram na primeira e segunda doses. Será sempre da Pfizer ou da Astrazeneca, que são as vacinas que vão estar disponíveis nesse primeiro momento. Não foram todos os idosos: 79% tomaram Coronavac e o restante tomou a da Astrazeneca. E vão fazer a vacina heteróloga, diferente do fabricante que tomaram da primeira.

Autonomia fora do PNI

RM – A Câmara de Vereadores aprovou recentemente que o município possa comprar vacinas direto dos fabricantes. Como estão as negociações? Pode haver uma parceria direta entre o município do Rio com o Instituto Butantan ou Fiocruz ou outros fabricantes?

DS – Até o momento em todas as tratativas para compra de vacina direta, todas as empresas informaram que só negociam com governos nacionais e ainda não negociam com subnacionais (estados e municípios). A gente espera que o Ministério continue avançando nessa compra e na aceleração da entrega de vacinas. Não conseguimos evoluir em nenhuma tratativa para compra de com as subnacionais, nem a maioria das prefeituras do país.

RM – A propósito, como o sr. avalia hoje a gestão do PNI – Programa Nacional de Imunização? Se pudesse, que critérios o sr alteraria?  

DS – A primeira coisa é tratar a vacinação com celeridade. Não é possível ter doses de estoque e uma discussão sem fim, processos que não estão acertados para entrega dessas doses o mais rápido possível. É muito ruim ver pessoas morrendo, cidades tentando acelerar o seu calendário e as vacinas armazenadas por questão burocrática. É muito importante que isso não aconteça. Acho que essa gestão deve estar preocupada em entregar doses na maior velocidade possível.

‘É muito ruim ver pessoas morrendo, cidades tentando acelerar o seu calendário e as vacinas armazenadas por questão burocrática

GESTÃO DA PANDEMIA

RM – O ministro da Saúde informou recentemente que até o final de outubro estará com toda a população vacinada com a primeira dose concluída. Mas a gente sabe que muita gente não retornou aos postos para a segunda dose. Só aqui no Rio são quase 200 mil pessoas.

DS – Final de outubro para a primeira dose é um absurdo. Aqui no Rio já finalizou a primeira dose para maiores de 18 anos. O Brasil precisa acelerar num prazo razoável para finalizar em final de outubro. Tem doses suficientes para acelerar para que todo mundo possa estar vacinado agora na metade de setembro.

O ministério demorou muito para lançar um calendário, com maior previsibilidade e mais tempo. O ministério demorou para permitir a vacinação heteróloga no caso das gestantes que tomaram a primeira dose – o município do Rio iniciou dois meses antes. O ministério demorou para assumir a necessidade da terceira dose, só assumiu depois que o Rio de Janeiro colocou em pauta, inclusive criticou a Prefeitura do Rio. É muito importante que o Ministério esteja atento aos números para tomar uma decisão de maneira oportuna, assim como estamos fazendo aqui na cidade do Rio.

Ocupação dos leitos de UTI

RM –  – O Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, referência no Rio e maior do Brasil para Covid, já está com a UTI lotada de casos de pacientes com idades que variam de 17 a 103 anos. Os leitos no Rio são suficientes para uma eventual quarta onda? E os leitos federais, quando serão reabertos? Como está o diálogo com o governo federal em relação à gestão da pandemia no Rio?

DS – A gente tem muitos leitos federais fechados na cidade hoje. O Hospital Geral de Bonsucesso vai completar um ano fechado após o incêndio. É muito importante esse hospital para a cidade, é um dos maiores do Rio. Tem o Hospital Universitário do Fundão (UFRJ), com muitos leitos fechados; Lagoa também; Servidores. São hospitais com muita tradição, com o Hospital Federal do Andaraí, que tem uma emergência grande praticamente fechada. É claro que isso sobrecarrega a rede, prejudica muito a gestão da pandemia, mas a Prefeitura do Rio abriu muitos leitos.

‘O fechamento de leitos federais sobrecarrega a rede, prejudica muito a gestão da pandemia, mas a Prefeitura do Rio abriu muitos leitos’

O Ronaldo Gazzola é um hospital de referência para a a Covid. É um dos hospitais do país com  melhor desempenho assistencial, muito bem estruturado, com 420 leitos. Hoje tem fila de regulação (solicitação de entrada de novos pacientes) equilibrada com os leitos disponíveis, não tem muitas pessoas esperando por um leito de UTI Covid. Felizmente a gente conseguiu um equilíbrio e espera que com a vacinação avançando esse público de pessoas internadas caia cada vez mais. De 1.400 pacientes internados na cidade, agora tem em média 800. Esse número vem caindo e a gente espera que essa queda ainda maior e tenha muito pouca gente internada por Covid.

Comprovante da vacina

RM –  Foi adiada a exigência para 15 de setembro diante dos problemas com o site do Ministério para emissão do certificado (o ConecteSUS), embora seja possível apresentar o comprovante em papel emitido pelos postos e pontos de vacinação. Essa comprovação será válida para quem só recebeu a primeira dose ou esquema completo? Por que não incluir nos bares e restaurantes e casas de shows?

DS –  As casas de shows estão incluídas, os bares e restaurantes não porque não têm controle de acesso, uma portaria, um local para entrar, isso dificultaria a fiscalização. Nos locais que têm uma barreira de entrada, compra de ingressos, é exigido o comprovante de vacina. Esses locais de livre circulação, como bares e restaurantes, a gente não teria pernas para fiscalizar, é um número muito grande e tem bares e restaurantes que são muito pequenos e não faz sentido fazer a fiscalização nesse momento. A gente vai fazer gradativamente.

“Nos locais que têm uma barreira de entrada, compra de ingressos, é exigido o comprovante de vacina. Esses locais de livre circulação, como bares e restaurantes, a gente não teria pernas para fiscalizar”

O primeiro decreto foi para obrigar os servidores e quem mais trabalha na prefeitura a se vacinar. Outro decreto é para quem recebe benefícios sociais, que podem ser regulados pela prefeitura. Temos ainda um decreto para cirurgia eletiva, que é um risco muito grande. Quem vai fazer uma cirurgia plástica, uma cirurgia que pode ser agendada, e não se vacinou, corre risco grande de no pós-cirúrgico pegar Covid no hospital e vir a adoecer gravemente. É uma responsabilidade muito grande. Aquele médico precisa assumir se a pessoa não se vacinar, mas é um risco imenso alguém pegar Covid num pós-cirúrgico eletivo.

A outra situação é do que é válido (como comprovante de vacinação). A gente aceita na Secretaria certificados internacionais emitidos por outros países; cerificados por institutos de pesquisa, para aqueles que fizeram testes clínicos; certificado do ConecteSUS, do Ministério da Saúde, e também a caderneta que recebe no ato da vacinação. Todo o setor regulado precisa de um treinamento, de tempo para se adaptar. Demos um tempo bem razoável para essa adaptação. As academias por exemplo precisam de um tempo para os alunos entregarem o comprovante e colocar na ficha. Mas a partir do dia 15 (de setembro) não tem mais adiamento e vai estar válido na maioria dos estabelecimentos.

A adesão é muito alta dos donos de estabelecimentos. Todos querem o comprovante da vacina, sabem que esse é o caminho. Tivemos o apoio dos setores regulados para isso, para que as pessoas venham se vacinar. Aproximadamente 80 mil pessoas vieram para a repescagem no Rio de Janeiro e vieram para tomar a vacina. 

PESQUISAS EM PaqueTá e Maré

RM –  Quais os principais resultados do projeto realizado em parceria com a Fiocruz até agora e o que apontam em Paquetá? E o projeto de vacinação em massa na Maré? O que a gente já tem de concreto em relação a isso?

DS – A Prefeitura do Rio, em parceria com a Fiocruz, tem essas duas pesquisas em andamento. A Maré Vacinada vacinou toda a população – 96% das pessoas com a primeira dose. Na Ilha de Paquetá, colhemos o sangue das pessoas e a pesquisa mostra que 21% da população de crianças e 41% dos adultos já tinham sido expostas ao vírus da Covid-19. A população também aderiu maciçamente tanto à coleta de sangue, que era a primeira etapa da pesquisa, quanto à vacinação da primeira e segunda doses. Agora a previsão é a aplicação da terceira dose dos idosos nos próximos dias.

Teremos uma série de eventos-testes que vão ser realizados na cidade, como outros países fizeram, com uma dupla checagem – das pessoas vacinadas e também das pessoas testadas

 

RM – Os resultados estão dentro do esperado? A partir desses resultados, será avaliada a abertura da cidade como um todo, sem uso de máscara? O evento-teste em Paquetá (o carnaval fora de época que chegou a ser anunciado para setembro) está descartado? 

DS – Ainda não está descartado. Vamos analisar com calma esses dados, ver como a população vacinada de Paquetá vai se comportar, temos que ver se tem transmissão sustentada na ilha e avaliar se vai ser ideal fazer um evento-teste lá ou não. Agora, tem uma série de eventos-testes que vão ser realizados na cidade, igual outros países fizeram, com uma dupla checagem – das pessoas vacinadas e também das pessoas testadas. A ideia é que a gente tenha locais livres de Covid, com testes de todas as pessoas circulando naqueles locais sendo realizados 48 horas antes de entrar naquele determinado recinto. O intuito justamente é ter áreas livres onde as pessoas possam se encontrar, ficar mais próximas, mas que sejam protegidas de pessoas doentes.

Eventos-teste

RM – Já tem uma previsão de quando, onde e como serão esses eventos-testes na cidade?

DS – Esse decreto (sobre os eventos-teste) já foi publicado, a gente está esperando que instituições esportivas ou de festas ou cinema, teatro, concerto que queiram fazer eventos com maior número de pessoas do que está permitido atualmente para que a gente possa avaliar esses protocolos e fazer essa liberação, ainda em caráter experimental. Serão alguns eventos. Caso não ocorra o cumprimento das regras, os protocolos não sejam cumpridos ou o número de casos aumente, a gente terá que suspender esses eventos. Outros países fizeram esses eventos com êxito e muita qualidade e a gente espera que a gente consiga também fazer aqui.

Réveillon, verão e Carnaval

RM – O prefeito Eduardo Paes chegou a falar de um ano inteiro de eventos para marcar a volta ao normal, que começaria a partir desta quinta-feira, 2 de setembro e iria até o Rock in Rio de 2022 (marcado para 8 de setembro). Mas voltou atrás após o avanço da variante, os problemas com a vacinação junto ao Ministério da Saúde. Dá para pensarmos em ter Carnaval ou pelo menos um Revéillon um pouco mais confortável, com amigos e familiares? Qual é a sua expectativa?

DS – É muito importante a gente planejar um futuro melhor, que a gente possa sonhar com dias melhores. Esse planejamento precisa acontecer porque motiva as pessoas a se protegerem agora, pensando num cenário melhor para o futuro. É muito importante ter esperança de ter esse momento sem Covid-19. A gente acredita na vacina. De fato, ela protege. A gente está vendo outros países em que a vacina tem uma alta cobertura para a redução de internações e de óbitos.

A gente espera que isso também seja uma realidade também para a gente, saindo agora desse período de inverno e de variante Delta. Que a gente tenha um cenário melhor para o Réveillon e a gente possa ter ano que vem um ano inteiro de eventos, de festas, para compensar essas que a gente perdeu. E também para conseguir voltar ao estilo carioca de ser, de se apresentar, de se abraçar.

RM – O carioca é efusivo por natureza, precisa dessa aproximação, mas o Rio está preparado para voltar a receber turistas com a mesma intensidade da pré-pandemia com segurança? O Rio de Janeiro está preparado ainda que grandes eventos não estejam mais em pauta? Sai um solzinho e o carioca corre para a praia, lota o metrô, os ônibus, lota tudo.

DS – Temos que nos preparar para isso. A praia é um bom local para se estar. Locais abertos são melhores que fechados para estar. É um período sazonal, de inverno, mais frio, a doença transmite mais rápido porque as pessoas ficam aglomeradas em locais fechados. Locais abertos protegem contra a transmissão, principalmente na praia quando tem sol, vento. Agora muita gente no transporte público ou muito próximo na praia é ruim. Tem que saber usar esses espaços com parcimônia. Praia não muito cheia é bom, positivo, é sol, as pessoas podem se ver sem tanto risco de transmissão. Mas praia cheia, muita gente, não é bom. Melhor não se expor, fazer outra programação.

É fundamental ter equilíbrio na hora de lazer, na caminhada, usar máscara, para manter distanciamento social quando for possível. Quando alguém for na sua casa, fazer um inquérito, saber se tem algum sintoma que pode ser Covid-19; proteger os idosos até que tenham tomado a terceira dose. A regra agora é equilíbrio, parcimônia, cautela. Claro que todo mundo quer voltar, mas ainda não é o momento. Vai chegar o momento daqui a pouquinho.

RM – Nosso Papo de Pandemia está acabando. Quer complementar alguma coisa?

DS – Tem duas coisas que eu mais quero. A primeira é que ninguém mais adoeça gravemente ou vá a óbito por Covid. E depois que a gente possa ter um bom Revéillon, um bom Carnaval, ter dias melhores e mais felizes para aliviar esse momento que ainda está muito duro. 

RM – Não depende só do poder público. A sociedade tem que se conscientizar que a gente hoje vive outra realidade.

DS – Depende de todos nós, depende de ver como as vacinas vão se comportar na população, depende de como a nossa população vai conseguir procurar a proteção. Estamos juntos, o desafio é grande, mas o carioca é um povo super solidário e temos tudo para avançar.

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Sobre o convidado

Daniel Soranz (foto) é médico sanitarista, especialista em Medicina de Família e Comunidade pela Associação Médica Brasileira (AMB), com mestrado em Políticas Públicas de Saúde e doutorado em epidemiologia, ambos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). 

É atual secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, cargo que ocupou anteriormente, entre 2014 e 2016, participando da expansão recorde da Estratégia de Saúde da Família na cidade, que saiu de 3,5% para 70%. Também foi subsecretário de Atenção Primária na cidade do Rio entre 2009 e 2014.

 

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