Contra as fake news: cura do câncer de mama começa em pesquisas

Meditação, chá de graviola e babosa não curam o câncer de mama. Campanha combate fake news nas redes sociais. Entenda e participe

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Com a pandemia de Covid-19, aumentou a disseminação de notícias falsas sobre saúde e, quando o assunto é câncer, uma informação incorreta pode ser prejudicial ao tratamento e trazer sérios prejuízos à saúde. Mas essa é uma conversa mais antiga e muito comum, onde a maioria dos pacientes oncológicos sempre recebe “indicações” de alguma cura milagrosa do câncer: receitas de chá, alimentos, entre outros, são oferecidos por parentes e vizinhos com a intenção de ajudar, mas podem acabar atrapalhando muito o tratamento.

Mas, felizmente, muitos pacientes estão conscientes sobre esses perigos e empenhados em vetar a disseminação desse tipo de informação. É o caso da publicitária Paula Dultra, paciente oncológica há 13 anos e uma das pioneiras a falar sobre o câncer de mama nas redes sociais.

“Em todo esse tempo, já escutei muitas coisas! Já me mandaram tomar água benzida, chá de graviola, água com limão, entre outros. Pra mim, que leio, estudo e crio conteúdo, já sei que isso não procede, mas e para a paciente que não tem acesso à informação? Temos que pensar nisso”, diz a influenciadora de saúde,, que usa seu site ‘Mão na Mama’ e seus perfis nas redes sociais para ajudar no compartilhamento de informações seguras

‘A cura do câncer começa nas pesquisas’

Diante do número elevado de fake news sobre o tema nas redes sociais, o Instituto Projeto Cura optou por seguir uma linha diferente nesse Outubro Rosa, mês de conscientização sobre o câncer de mama. A ONG está desenvolvendo uma campanha para contrapor esses mitos de forma direta e objetiva: em letras garrafais, a notícia falsa é exposta e, na imagem seguinte, vemos a mensagem “A cura do câncer começa nas pesquisas”.

“Nós, do Instituto Projeto Cura, acreditamos na medicina baseada em evidências. O que é isso? É a prática com base em estudos científicos e não em “achismos” populares, como os detalhados na campanha”, explicou Fernanda Schwyter, presidente do Cura.

Segundo a oncologista e pesquisadora Liliam Arruda, “a busca pela cura do câncer se apoia nas pesquisas e no compromisso incansável da comunidade científica. Entretanto, a disseminação de desinformação, como as fake news, ameaça minar a promoção de práticas benéficas, ressaltando a importância de basear nossas esperanças e recursos na verdade e na ciência.”

Como identificar uma notícia falsa?

O Instituto Projeto Cura apresenta algumas orientações com cuidados antes de você repassar uma notícia que pode não ser verdadeira. Confira abaixo:

Verifique se a notícia é de algum veículo de comunicação confiável e se a informação está disponível nesse canal de informação.

Desconfie das notícias com tom sensacionalista, que possam trazer esperança ou medo para determinadas situações.

Ainda que a informação recebida seja crível, procure saber se foi baseada em algum estudo que tenha seguido critérios metodológicos.

Em vários casos, a notícia falsa não tem consistência. Basta ler ou assistir ao material com atenção para perceber que faltam explicações técnicas e científicas.

O mais importante é que, diante de dúvidas, não se deve repassar a notícias e, se puder, consulte um especialista.

Pesquisa estuda tratamento do câncer de mama metastático

“A cura do câncer começa nas pesquisas” também tema de um painel realizado durante o 10º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer, no final de setembro. Os debates mostraram não só na teoria, mas também na prática com o depoimento de uma paciente oncológica em tratamento através de pesquisa clínica, o quão importantes e capazes de reverter um cenário elas são, garantindo uma sobrevida, qualidade de vida e controle desse tipo da doença.

A apresentação de Heloísa Resende, médica oncologista e membro do Comitê Científico do Cura, teve foco na pesquisa Neosamba, um ensaio clínico randomizado, que está na fase 3 e estuda uma nova sequência de tratamento de mulheres com câncer de mama metastático, com quimioterapia neoadjuvante (antes da cirurgia) e contemplará o tratamento de quase 500 pacientes em três anos.

Encabeçada por José Bines, investigador principal do estudo conduzido pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), a pesquisa já investigou 118 pacientes com a proposta de avaliar se a mudança na ordem dos medicamentos da classe das antraciclinas e taxano (alguns dos medicamentos mais comuns utilizados para a quimioterapia) faria diferença na sobrevida das mulheres.

Heloísa mostrou dados importantes que precisam ser levados em consideração, como:

  • 70% dos centros estão localizados em capitais;
  • Um terço dos oncologistas referência e menos de 1% dos pacientes para pesquisas clínicas;
  • Dentro das barreiras apontadas: escassez de protocolos, necessidade do paciente viajar a outro local para participar da pesquisa, burocracia relacionada aos processos regulatórios;
  • Dificuldade para incluir o hospital em pesquisa;
  • Falta de uma plataforma atualizada e unificada que pudesse informar com segurança a disponibilidade de estudos para cada paciente.
  • A médica oncologista ainda mostrou que em cânceres de mama, 27% dos casos já são encontrados em estágios avançados, sendo assim, fez o questionamento: “será que posso confiar naquela sequência de tratamento que tenho com a doença nesta fase?”.

Cenário atual das pesquisas clínicas no Brasil

O tema vem ao encontro da missão do instituto, que é ser uma associação sem fins lucrativos que leva informação, educação e financiamento no apoio à pesquisa clínica para a busca da cura contra o câncer. O Instituto Projeto Cura está empenhado na divulgação, informação e educação sobre a importância das pesquisas clínicas, segundo sua presidente, Fernanda Schwyter.

“Assim como todos os medicamentos e vacinas que usamos hoje precisaram de pesquisas antes de serem utilizados, a cura do câncer também necessita de estudos clínicos para ser encontrada”, disse.

Conforme citado por Ricardo Caponero, oncologista clínico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, os estudos não só precisam mostrar que funcionam, mas também que sejam benéficos aos pacientes e, para tal, precisamos de mais pesquisas”.

Na sua explanação, Claudiosvam Martins, coordenador de Pesquisas da Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, reforçou a tese afirmando que “ainda há um espaço gigantesco para investimentos em pesquisas no Brasil, principalmente provenientes de investimentos nacionais, de empresas brasileiras”.

  • A paciente de pesquisa de câncer de mama metastático e colaboradora do Instituto Projeto Cura, Ana Cristina Angrisano contou como entrou nas pesquisas clínicas após a remissão de seu segundo câncer, em 2015.
  • “Comecei os estudos clínicos em 2017, dois anos depois do segundo diagnóstico. Naquela época, a expectativa era nula. Quando você recebe um diagnóstico desses e se depara com uma opção de sobrevida de alguns meses, obviamente que a minha escolha foi pela vida. E cá estou, anos depois. Desejo que as pesquisas sejam para todos!”.

Ao final, foi apresentado em vídeo um depoimento da atriz Patrícia Pillar, em uma campanha feita para o Instituto Projeto Cura e o LACOG (Latin American Cooperative Oncology Group @lacogcancerresearch).

Agenda Positiva

‘Existe cura para o câncer de mama?’

Com uma ação que leva informação para as pessoas, o instituto pretende conscientizar através de uma linguagem clara e objetiva o melhor caminho para a cura do câncer. Para ampliar ainda mais essa comunicação, o Instituto irá realizar através do Instagram @projetocura uma Live com o tema: “Existe cura para o câncer de mama?”.

A live acontece no dia 19 de outubro, às 20h, com as médicas oncologistas e oesquisadoras Heloisa Resende e Lilian Arruda, para esclarecer e desmitificar mitos e reforçar que a cura do câncer começa na pesquisa.

“O tema será o câncer de mama, a neoplasia mais frequente em mulheres no Brasil. Abordaremos os aspectos relacionados ao diagnóstico e atitudes que todos podemos adotar rumo a um cenário mais favorável, em que mais vidas sejam salvas”, diz dra Heloísa.

Fonte: Instituto Cura

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