Crivella anunciou que está se tratando de um tumor na próstata (Luiz Ackermann / Agência O Dia)
Crivella anunciou que está se tratando de um tumor na próstata (Luiz Ackermann / Agência O Dia)

O anúncio no início desta semana, feito pela assessoria do prefeito do Rio, Marcelo Crivella, de que ele está se tratando de um tumor na próstata reacendeu o interesse por um problema de saúde que afeta boa parte dos brasileiros. Crivella não está sozinho. O câncer na região da próstata ganhou cada vez mais evidência. O prefeito de Manaus, Artur Neto, disse recentemente que também está com a doença. E, no fim de fevereiro, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, tirou licença do governo para começar o tratamento da doença.

No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens , atrás do câncer de pele não-melanoma. Segundo dados do Inca, a estimativa para todo o ano de 2016 foi de 61 mil casos, mais do que o câncer de mama (58 mil) e com óbitos superiores a 13 mil. E esse tipo de câncer é mais comum a partir dos 50 anos, e 75% dos pacientes têm mais de 65 anos. No país, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). Em valores absolutos e considerando ambos os sexos é o quarto tipo mais comum e o segundo mais incidente entre os homens.

A boa notícia é que o problema tem cura em boa parte dos casos, com diversas opções de tratamento, seja através de cirurgia, uso de medicamentos, radioterapia ou apenas uma vigilância ativa. O diretor global Jayme Monjardim, por exemplo, acaba de celebrar a cura do câncer de próstata. Jayme descobriu no ano de 2015 a doença e fez uma cirurgia para retirar o tumor e declarou que agora está curado da doença.

“Na grande maioria dos casos de câncer de próstata, não há sintomas iniciais, e por isso, é extremamente importante a prevenção correta e uma boa orientação sobre os exames. Vejo que os pacientes atualmente tem consciência de procurar os serviços de urologia para realizar seus exames, poucos são aqueles que se negam a fazer exames”, explica o urologista Mauricio Rubinstein, professor doutor em Medicina pela Uerj.
De acordo com o Inca, o avanço notado nas taxas de incidência no Brasil pode ter como causa parcial a evolução dos métodos diagnósticos (exames), do aumento da qualidade dos sistemas de informações nacionais e da elevação da expectativa de vida. “Se o tumor for descoberto no estágio inicial, há tratamento e elevadas chances de cura. Caso ele se espalhe pelo corpo, essas chances desaparecem”, afirma Carlos Augusto Vasconcelos de Andrade, diretor da Oncoclínica.

Segundo ele, muitos homens desconhecem que somente o exame do PSA – Antígeno Prostático Específico, que pode indicar o aparecimento de problemas na próstata, caso apresente alterações – não é suficiente para diagnóstico de todos os tumores. “Por isso, é fundamental que homens a partir dos 40 anos (caso tenham histórico familiar, pois a recomendação é para os que não têm fatores genéticos é a partir dos 50 anos) procurem um urologista para a realização do toque retal. A avaliação pode ajudar muito no diagnóstico precoce, salvando vidas”, orienta.

Para Andrade, tão importante quanto estar atento aos sintomas é manter uma agenda regular de visitas ao médico, a fim de identificar precocemente um diagnóstico, caso haja suspeita da doença. O oncologista destaca, ainda, que tornar universal a toda a população sintomas, formas de prevenção e fatores de risco pode fazer a diferença na redução do número de novos casos.

“Sinais como sangue na urina, sensação de bexiga não completamente vazia e dificuldade de urinar são os mais comuns e apontam para a presença de tumores na próstata. Por isso, todos os homens, principalmente os acima de 40 anos, devem conhecer esses sintomas. Também é essencial saber que a qualidade de vida é um poderosa arma de prevenção. A combinação de exercícios regulares com um cardápio saudável, repleto de frutas, legumes, cereais, grãos integrais e pouca gordura, sobretudo as de origem animal, é um forte aliado na prevenção do câncer de próstata”, garante.
Um problema negligenciado

Outros dados alarmantes mostram que o aparecimento da doença muitas vezes se dá pela negligência masculina. Segundo um levantamento realizado da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) 51% dos homens com mais de 45 anos nunca tinham ido ao médico recentemente, justamente na idade em que as doenças começam a aparecer. Algumas das razões para isso justificadas na pesquisa foi, além da falta de tempo, eles se considerarem saudáveis e não precisarem ou medo de descobrirem doenças.

Já dados do Ministério da Saúde mostram que as consultas ao urologista são de 3 milhões anualmente, enquanto ao ginecologista chega a 20 milhões, um numero preocupante. Para alertar ainda mais sobre o assunto, uma outra pesquisa realizada pelo Instituto Lado a Lado pela Vida junto a 1.130 homens a partir de 18 anos de idade, de todas as classes sociais e nas principais capitais do país, mostra que a maioria (74%) foi ao médico uma vez nos últimos seis meses.

O clínico geral é a especialidade mais consultada, 54%. Apenas 10% dos homens procuraram o urologista. Somente 10% realizaram exame preventivo de próstata, dentre eles, 17% estão na faixa acima de 60 anos mostrando que a realização de exames de detecção é feita tardiamente.

Confira um pingue-pongue com Mauricio Rubinsteisn sobre o tema:

1- O câncer de próstata faz parte do envelhecimento do homem?

Sim, pois o câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais comum no homem (após o câncer de pele) e ocorre em 1 a cada 7 homens, tendo seu pico de incidência aos 65 anos. Em 2016 foram diagnosticados mais de 180 mil novos casos nos EUA e morrerão desse tipo de câncer cerca de 26 mil pacientes (dados do National Cancer Institute/EUA).Mantenha sua prevenção

2- Uma dieta inadequada pode ser responsável pelo desenvolvimento do câncer na próstata?

Sim. Na grande maioria dos cânceres, já foi descoberto que uma dieta rica em gordura (saturadas) pode aumentar a incidência de câncer. No caso da próstata, isso também é valido.

3- Não ter sintomas urinários quer dizer não ter câncer?

Não. A grande maioria dos casos atualmente são diagnosticados precocemente. Esses casos são diagnosticados em homens que podem não ter nenhum sintoma urinário e simplesmente descobrem através da prevenção, com a realização de toque retal e do exame sanguíneos de PSA (antigen prostático específico). Quando o câncer de próstata causa sintomas, muitas vezes se encontra em estágio mais avançado.

4- Nem todos os tumores na próstata precisam ser tratados?

Temos que ver isso com muita cautela. Há diversos estudos publicados que colocam como uma opção ao paciente a escolha de “observação ativa” como tratamento. Esses estudos se baseiam em casos de câncer de próstatas descobertos em sua fase inicial, quase indolentes, onde somente seriam tratados com outros métodos caso o quadro do câncer se mostrar mais agressivo em uma próxima avaliação. Isso deve ser individualizado a cada paciente e muito bem discutido com seu médico, a fim de que não se perca a chance de salvar uma vida.

5- Todo paciente que opera a próstata acaba com algum grau de impotência ou de incontinência urinária?

Não. Os tratamentos evoluíram muito e minimizaram muito o risco desses efeitos colaterais. A Cirurgia Minimamente Invasiva, através da cirurgia Robótica, aperfeiçoou a técnica e vem alcançando melhores resultados nesse assunto. Atualmente, cerca de 95% das cirurgias para câncer de próstata nos EUA são realizadas com a utilização da tecnologia Robótica.Os aparelhos de Radioterapia também evoluíram e apresentam maior segurança atualmente.

6- O câncer de próstata afeta apenas homens idosos?

Não. O câncer de próstata apresenta seu pico de incidência entre 65-70 anos, porém, existe um aumento progressivo a partir dos 40 anos. A prevenção é essencial para um diagnóstico precoce.

7- Aumento da próstata é um sinal de câncer de próstata?

Não. O aumento de próstata chama-se Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP) e ocorrera em praticamente todos os homens com o envelhecimento. A HBP não é um fator de risco para o câncer de próstata.

8- O câncer de próstata é um câncer de crescimento lento, por isso não me devo preocupar?

Não. Há diversos tipos de câncer, e ainda não temos a resposta definitiva de qual câncer cresce lento e qual cresce e se expande rápido em nosso organismo. Todos os casos devem ser discutidos individualmente e fim de que se possa escolher o melhor para cada paciente.

9- Quais exames de rotina são indicados pra mim, como homem, e qual o momento certo?

O exame de PSA (antigeno prostático especifico) e o toque retal se complementam, fazendo com que ao utilizarmos os dois em conjunto, tenhamos uma maior chance de detecção ou não de câncer de próstata. A evolução dos métodos diagnósticos, principalmente através do uso da Ressonância Magnética, fez com que nos últimos anos fossemos capazes de detectar imagens de possíveis cancêres de próstata, ainda em estado inicial. O exame vem sendo aprimorado e sua indicação vem crescendo para o diagnostico desse tipo de câncer.

10- Qual o panorama do brasileiro em relação ao acompanhamento médico com urologista?

Nosso país apresenta dificuldades socioeconômicas que dificultam o acesso da população à prevenção. Os pacientes atualmente têm consciência de procurar os serviços de urologia para realizar seus exames; poucos são aqueles que se negam a fazer exames, porém se deparam com longas filas e marcações de consultas para meses, fazendo com que um possível diagnóstico e tratamento precoce possam ficar altamente prejudicados. O bom controle do câncer de próstata depende de mudanças, em toda política de saúde, que favoreça a captação de recursos para melhoria do sistema.

11 – Quais os novos avanços da cirurgia robótica em casos de câncer de próstata?

A cirurgia robótica evoluiu muito ao longo dos anos, e o robô foi sendo adaptado às necessidades. O sistema da Vinci® é hoje o único sistema robótico disponível, oferecendo ao cirurgião controle intuitivo, movimentos em escala e manipulação de tecidos delicados. Com visualização 3-D dá características de cirurgia aberta, permitindo que o cirurgião trabalhe através de pequenas incisões, característica das cirurgias minimamente invasivas. O robô também atribui vantagens como precisão, menos dor, menos chances de sangramento e portanto uma recuperação pós-operatória mais rápida.

Da Redação, com assessorias

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