O planeta está esquentando. As temperaturas da Terra estão aumentando a cada ano que passa, como consequência do aumento das emissões de gases de efeito estufa (GEE). As altas temperaturas provocam derretimento de geleiras e aumento do nível dos oceanos e tempestades severas que vêm causando enchentes e deslizamentos de terras, aumento da seca e dos períodos de estiagem, além do aumento do volume e frequência de chuvas.

Como consequência adversa desses eventos climáticos, a humanidade está presenciando, cada vez mais, desequilíbrio de ecossistemas e perda da biodiversidade, aumento de pestes, doenças e pandemias, destruição e perdas de safras e lavouras, aumento da fome e das desigualdades sociais, alagamento de cidades e comunidades em ilhas e à beira-mar e o aumento dos custos de energia e acesso à água potável.

Para celebrar o Dia Nacional da Natureza (4 de outubro) e também o Dia pelas Emissões Zero no Planeta – lembrado no último dia 21 de setembro – o monumento ao Cristo Redentor ganhará iluminação especial nesta quarta-feira (4/10). A partir das 19h, o monumento será iluminado na cor roxa, para lembrar que a descarbonização é um compromisso de toda a sociedade com o enfrentamento às mudanças climáticas, e na cor verde pela natureza.

Por que a questão climática é tão importante?

O Dia Nacional da Natureza foi estabelecido com o propósito de sensibilizar e instigar todos os cidadãos brasileiros a refletirem sobre sua responsabilidade na preservação da natureza e da vida no planeta, mesmo em uma era de avanços tecnológicos. A data representa um momento para a reflexão sobre o impacto das ações humanas no meio ambiente, uma vez que a importância da natureza está na preservação, no cuidado com o próximo e na garantia do futuro.

No relatório de 2022, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) afirmou que para termos uma chance maior do que 50% de manter o aquecimento da Terra no limite de 1,5ºC é preciso que as emissões globais não aumentem nos próximos três anos e caiam 43% até 2030. Além disso, a crise climática pode causar prejuízos de US $7,9 trilhões à economia global até 2030, de acordo com o WRI Brasil.

A boa notícia é que existem soluções para lidar com a questão climática e que todos nós podemos contribuir para isso. Para o Instituto Akatu, ONG que atua na sensibilização e mobilização para o consumo consciente, não existe plano B. Todos podem e precisam contribuir no combate à crise climática. É preciso um esforço conjunto – governos, empresas e sociedade — para cumprirmos o compromisso do Acordo de Paris e limitarmos o aquecimento global a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais.

“Governos, empresas e nós, indivíduos, precisamos entender o nosso papel, mapear os caminhos possíveis e agir efetivamente para enfrentar essa crise. Se nada ou muito pouco for feito, veremos o aumento ainda mais acelerado dos impactos negativos para o meio ambiente e para as pessoas”, destaca Beatriz Pacheco, diretora-geral do Instituto Akatu.

Como cada um de nós pode agir pela natureza?

Ainda que um único indivíduo tenha uma parcela menor de influência na questão climática em relação a um país ou a uma empresa, a soma das ações coletivas faz a diferença. Mudar padrões de consumo, particularmente entre os mais ricos, poderia reduzir as emissões de GEE de 40% a 70% até 2050 em comparação às políticas climáticas atuais, segundo o IPCC.

Conheça abaixo o passo a passo que especialistas do Instituto Akatu, prepararam para que consumidores e empresas possam contribuir em defesa às questões climáticas:

Pratique os 5Rs da Sustentabilidade: repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar são ações que evitam o desperdício de matérias-primas e recursos naturais, além de diminuir a geração de resíduos e a nossa pegada de carbono;

Priorize produtos e marcas sustentáveis: dê preferência a empresas que ofereçam produtos feitos com materiais recicláveis, orgânicos, biodegradáveis e/ou produzidos de forma ética e sustentável, protegendo as pessoas e a natureza;

Adote uma alimentação sustentável: os sistemas alimentares respondem por mais de 1/3 das emissões globais de CO2, segundo a FAO. Reduza o consumo de carne bovina, use alimentos de forma integral (incluindo cascas, sementes e talos), reaproveite sobras e priorize alimentos orgânicos;

Evite desperdícios de água e energia elétrica: é bom para o bolso e para o planeta. Diminua o tempo do banho, regule o uso da torneira, desligue a luz ao sair de um ambiente e retire da tomada aparelhos fora de uso;

Prefira meios de transporte mais limpos: o setor de transporte é responsável por 1/4 das emissões globais de gases de efeito estufa, segundo a ONU. Evite o uso individual do carro e opte por transportes coletivos, como ônibus e metrô, ou vá de bicicleta ou a pé nos trechos mais curtos.

  • Para saber mais sobre consumo consciente e mudanças climáticas, acesse o guia Primeiros Passos, do Instituto Akatu.

Como as empresas podem colaborar

As empresas, por sua vez, possuem grande responsabilidade e um grande poder de impacto no desafio de reduzir as emissões. Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), realizada com 104 conselheiros de empresas, aponta que há muito a ser feito, pois para 40,4% dos respondentes não há clareza sobre a responsabilidade do conselho e da equipe executiva pelas decisões de redução de emissões de GEE.

Para contribuir, as empresas podem:

Viabilizar o consumo consciente: a partir da oferta de produtos mais sustentáveis, produzidos com matérias-primas recicladas, orgânicas, sem substâncias nocivas ao meio ambiente, com menos embalagens e que priorizem a durabilidade;

Investir em eficiência energética: ao adotar fontes de energia limpas, como a solar, e implementar práticas de eficiência energética, é possível reduzir consideravelmente as emissões de gases de efeito estufa;

Promover a gestão adequada de resíduos: investir em programas de coleta e reaproveitamento de embalagens ou produtos usados, além de tratamento de água e resíduos industriais são soluções que reduzem impactos no meio ambiente;

Praticar cadeias de valor sustentáveis: priorizando e desenvolvendo parceiros que compartilham das mesmas práticas sustentáveis e mais eficientes, possibilitando um menor impacto/emissão ao longo de toda a cadeia, desde o seu início;

Priorizar responsabilidade empresarial e transparência: compromissos como responsabilidade socioambiental e a transparência na divulgação de atributos de sustentabilidade de produtos e ações em ESG são fundamentais, principalmente para auxiliar a escolha do consumidor.

Como o Brasil está agindo pelo clima?

O Brasil está de volta ao debate climático internacional, disposto a reassumir seu papel de protagonista ambiental. Depois de anos seguidos de negação do aquecimento global e de recordes ambientais negativos, de acordo com o cálculo do Observatório do Clima com dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) que indicam um aumento de 59,5% na taxa de desmatamento na Amazônia em relação aos últimos quatro anos — , o atual governo assumiu o poder executivo tendo a questão climática como uma de suas prioridades.

O compromisso público da nova gestão é de desmatamento zero da Amazônia, proteção dos biomas e combate a atividades prejudiciais ao meio ambiente e ao clima, como garimpo, mineração, extração de madeira e ocupação agropecuária indevida.

“O Brasil é um país importantíssimo nessa luta e o novo governo precisará mostrar na prática que a questão climática é uma prioridade por meio de políticas públicas, ações concretas e fiscalização efetiva, além de um diálogo permanente que estimule a sociedade social nesse debate”, comenta Beatriz Pacheco, do Akatu.

Enfrentamento da crise climática no Brasil

Em discurso esta semana na abertura de um dos maiores eventos de tecnologia e inovação da América Latina, o Rio Innovation Week, esta semana, no Rio de Janeiro, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, destacou o recente lançamento da Rede de Descarbonização, Mobilidade e Logística pelo ministério e a Embrapii, para preparar o Brasil para a agenda da mobilidade do futuro, que inclui veículos autônomos, mais conectados e sustentáveis.

Ela afirmou que as mudanças do clima não são um problema do futuro, mas já causam danos graves ao país e falou do papel do governo federal no enfrentamento à crise climática.

“A Amazônia vive uma das maiores secas da história, resultado da combinação de dois fenômenos simultâneos: o El Niño e o aquecimento do Atlântico Tropical Norte. Em algumas regiões, o leito dos rios já está seco e inviabiliza a navegação. Essa alteração na temperatura das águas pode ter provocado a mortandade de botos e tucuxis que habitam o Lago Tefé, causando uma tragédia ambiental de grandes proporções na região do Médio Solimões”, afirmou.

Entre as ações do governo federal para adaptação do país à crise climática, a ministra descreveu programas do MCTI voltados à bioeconomia, reindustrialização em bases verdes e energias alternativas, apontando como o Brasil pode aproveitar seus recursos para gerar riqueza e inclusão sem a exploração da floresta.

“A biodiversidade possui potencial genético e constitui a maior possibilidade de gerar riqueza e inclusão social sem destruir a floresta e envolvendo as comunidades que nela habitam. A bioeconomia pode impulsionar a reindustrialização do Brasil em bases verdes, oferecendo alternativas de baixa emissão de carbono, agregando valor para toda a cadeia produtiva”, disse.

Transição energética no Brasil

A transição energética é uma tendência mundial. O conceito propõe a migração do uso de matrizes energéticas poluentes, que utilizam combustíveis à base de gás, carvão e petróleo, para as fontes de energia renováveis, capazes de gerar energia utilizando recursos como água, vento, sol e biomassa. O conceito é composto de três pilares essenciais, sendo o primeiro deles a descarbonização. Isso significa gerar energia elétrica sem a emissão direta de CO² (dióxido de carbono), poluente emitido na queima de combustível fóssil.

“O Brasil vem fazendo avanços neste sentido, inclusive, ao investir nas hidrelétricas, eólicas e fotovoltaicas, hoje responsáveis por 52,7%, 12,5% e 4,5% da matriz elétrica do país, respectivamente”, observa o professor da Escola Politécnica da Univali, Raimundo Celeste Ghizoni Teive. Segundo o especialista, o modelo, que tem como premissa básica a geração de energia limpa ao substituir o uso de combustíveis fósseis por fontes de energia renováveis, também abrange o uso e reaproveitamento consciente deste recurso.

Consumo de combustíveis leves cresce 11%

O Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV) acaba de lançar mais uma edição do dashboard de descarbonização na matriz de combustíveis leves. O objetivo é acompanhar, trimestralmente, a dinâmica de consumo de combustíveis no Brasil, com atenção especial à análise e compreensão dos efeitos da bioenergia na redução das emissões de gases causadores do efeito estufa (GEE). Entre os resultados para o segundo trimestre de 2023, se destacam:

O consumo energético de combustíveis leves cresceu 11,5% e o consumo do ciclo diesel avançou 3,3% na comparação com igual período do último ano.

Apesar do ganho de eficiência energético-ambiental de 2,0% na produção de etanol, a queda na participação do biocombustível no consumo total promoveu piora de 3,4% na intensidade de carbono da matriz de combustíveis leves, que atingiu 66,4 gCO2eq/MJ.

O ganho de eficiência energético-ambiental de 3,5% e o aumento na mistura de biodiesel promovem melhoria de 2,1% na intensidade de carbono da matriz de ciclo diesel, que alcançou 76,7 gCO2eq/MJ.

As emissões totais de GEE alcançaram 28,0 milhões de toneladas de CO2eq. na matriz de ciclo Otto (+ 15,2%) e 44,4 milhões de toneladas nos combustíveis do ciclo diesel (+ 1,5%).

As emissões evitadas pela presença da bioenergia atingiram 13,3 milhões de toneladas de CO2eq. na frota leve e pesada (+ 8,0%) apenas no segundo trimestre de 2023, o que equivale ao plantio de 32,3 mil hectares de árvores nativas.

Mercado de descarbonização em alta

Definir a estratégia de descarbonização da economia, avançar na implementação do mercado global de carbono e mobilizar os países para o financiamento climático são algumas das ações defendidas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para as negociações brasileiras na Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP28), que ocorre de 30 de novembro a 12 de dezembro, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

As propostas se encontram no documento Visão da Indústria para a COP28, que reúne as principais medidas consideradas necessárias pelo setor industrial para o desenvolvimento da agenda climática e as ações mais relevantes para o país nas negociações.

O mercado de baixo carbono é atualmente foco de fomento tanto dos setores públicos quanto privados, sendo que os números são impressionantes. Somente através do Glasgow Financial Alliance for Net Zero (GFANZ), existem mais de US$ 130 trilhões de capital privado comprometidos com a economia de baixo carbono, enquanto um estudo da Associação Brasileira de Bioinovação revela que o desenvolvimento da área pode acrescentar US$ 284 bilhões por ano ao faturamento industrial do país, até 2050.

Agenda Positiva

Projeto 90 Anos de Luz

De braços abertos para um mundo mais sustentável e iluminado, o Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor também receberá o show do grupo Clareou, com apresentação de Rodrigo Pepicon, radialista da rádio FM O Dia. O show será transmitido ao vivo em live no Instagram @cristoredentoroficial.

O evento integra o calendário de shows da segunda fase do projeto 90 Anos de Luz, realizado em uma parceria com a Enel Distribuição Rio, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. O projeto, que nasceu com a proposta de criar iluminações especiais para campanhas culturais de causas relevantes, inaugurou, no ano passado, a nova iluminação do monumento ao Cristo.

“Esta celebração é uma oportunidade para pensarmos sobre o futuro que estamos construindo para o planeta. As mudanças climáticas e o esgotamento dos recursos naturais são realidades que batem diariamente à nossa porta. Entendemos que mudar esse cenário requer um esforço coletivo da sociedade”, explica Francisco Scroffa, executivo responsável pela Enel X Brasil.

Com Assessorias

Shares:

Posts Relacionados

1 Comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *