A influenciadora Vicky Queiroz, de 15 anos, tem quase 1 milhão de seguidores no Instagram, 521 mil no TikTok e quase 120 mil no Kwai. A adolescente já possui a própria marca de roupas, a Vicky Fashion, e conta com um canal de jogos, o Vicky Games, além de 625 mil inscritos no seu canal do YouTube, que traz videoclipes com suas músicas.
O início da carreira ocorreu em 2016, quando a menina tinha apenas 7 anos, com pequenos vídeos simples, até mesmo de brincadeiras em casa, mas passaram a ficar cada vez mais profissionais com o crescimento nas plataformas. Para chegar onde está atualmente, a influencer Vicky Queiroz contou com ajuda dos pais.
Desde muito nova a Victória tinha interesse em tecnologia e sempre incentivamos essa curiosidade de forma cuidadosa, para que seja saudável. Hoje a produção de material para as redes é parte da diversão dela também. Nós estimulamos a criatividade e participamos do processo de produção”, relata a mãe, Patrícia Queiroz.
De fato, a era digital trouxe consigo uma forma de influência e fama inédita, especialmente para as novas gerações. As chamadas “crianças influencers” estão ganhando cada vez mais destaque nas redes sociais, acumulando milhões de seguidores e se tornando verdadeiras celebridades online.
No entanto, essa exposição precoce tem levantado questões importantes sobre a proteção e os direitos das crianças na internet. A denúncia do influenciador Felca viralizou nas redes sociais, reforçando a importância sobre a conscientização em relação ao mercado digital e as leis de proteção, para que a experiência online seja segura e positiva para as crianças.
Para Heloise Castro, head de Influência na EPICdigitais. resoluções propostas no campo político têm um impacto significativo no mercado atual, não só por exigirem que as empresas de tecnologia implementem medidas de proteção mais rigorosas, mas por delegar aos pais e responsáveis maior responsabilidade legal ao decidirem expor os seus filhos nas redes sociais.
Crianças que já nascem influencers
Nos últimos anos, observou-se um aumento na quantidade de crianças que já nasceram famosas na internet. Lua, filha dos influenciadores e ex-BBB’s Viih Tube e Eliezer; Jake, filho do ex-BBB Pyong Lee; Gael e Nikki, filhos do youtuber Christian Figueiredo e da cantora Zoo, são só alguns exemplos dessa tendência, contando com milhões de seguidores no Instagram. As “Marias”, Maria Alice e Maria Flor, filhas do cantor Zé Felipe com a influenciadora Virgínia, acumulam cerca de 7,7 milhões de seguidores na rede social.
De um lado, temos celebridades que escondem a identidade de seus filhos, como a Sandy, e são criticadas nas mídias sociais. Por outro, temos crianças ‘influencers’ que já possuem milhões de seguidores. É uma linha muito tênue e que precisa ser avaliada, por isso, é tão importante a regulamentação por parte do governo”, diz a especialista.
A exposição precoce e a pressão para manter uma presença online podem ter consequências negativas na vida dessas crianças. A especialista alerta que a exposição na internet de forma prematura pode fazer a criança desenvolver uma ansiedade para ser aceita pelas pessoas, entre outras consequências quanto ao uso de sua imagem.
Assim como muitos casos de artistas mirins de Hollywood, devemos lembrar que essas crianças um dia serão adultos que terão que lidar com tudo o que foi exposto da vida deles durante a infância”, destaca.
Síndrome de FOMO: o medo de perder
Ainda segundo a especialista, é essencial entender a influência dessas plataformas para manter o bem-estar emocional. A interação nas redes sociais pode levar a uma diminuição da autoestima, devido ao cyberbullying e aos comentários negativos, trazendo sérias consequências mentais e físicas para a pessoa que se expõe.
Além disso, vale trazer sobre a Síndrome de FOMO, ou o medo de perder, é a preocupação de não estar ciente do conteúdo e das interações on-line. Segundo pesquisa do International Journal of Environmental Research and Public Health, o FOMO pode causar ansiedade, atrapalhar o sono, afetar a concentração e gerar dependência de redes sociais.
O uso excessivo de redes sociais ainda pode ter um impacto significativo na saúde física, especialmente quando se trata de distúrbios do sono. Portanto, é crucial gerenciar esses impactos para preservar o bem-estar emocional. Helô ainda afirma que, como creators, os pais devem buscar a profissionalização, não só pelo bem de suas carreiras, mas pelo bem de seus filhos.
Esse processo envolve educar os pais sobre o mercado digital, as leis de proteção à criança e como gerenciar adequadamente a presença online de seus filhos — priorizando sempre o seu bem-estar”, afirma.
A ideia é que, ao entender melhor o ambiente digital, os pais possam proteger seus filhos de possíveis danos e garantir que sua experiência online seja segura e positiva. “A capacitação profissional no mercado criativo é uma peça fundamental para trazer melhores resultados e maior segurança na atuação como criadores de conteúdo”, explica. “Tem espaço para todo mundo na internet, mas isso exige responsabilidade.”
Mãe de influencer mirim ‘ensina’ como ajudar os pequenos a começar uma carreira na internet
Responsável pela carreira da influencer mirim Vicky Queiroz conta quais foram os passos para a evolução da filha na web
Que as redes sociais são o meio de trabalho mais relevante atualmente todos já sabem, mas a novidade é que nesse quesito, crianças e adolescentes vem dominando o cenário há um bom tempo. Com a presença dos pequenos nas redes sociais, há cada vez mais interesse em seguir carreira nesse campo. Para Patrícia Queiroz, é preciso fazer tudo com responsabilidade.
Segundo ela, para iniciar esse tipo de atividade é necessário ter muito cuidado, mas o trabalho também ajuda no desenvolvimento interpessoal. Ela conta que hoje Vicky apresenta maior desenvoltura ao falar e se apresentar em frente a outras pessoas. Por conta desses progressos a influencer mirim conquistou milhares de inscritos em seus canais e perfis.
Além de tempo e dedicação, é preciso investir em bons equipamentos. “Após algum tempo filmando os vídeos, começamos a investir mais em equipamentos, pois vimos que existe realmente uma necessidade de evolução, não somente do conteúdo, mas também da qualidade”, conta a mãe da influencer.
Para os pais que estão passando por alguma situação parecida com crianças que desejam entrar no meio artístico ou conseguir sucesso nas plataformas digitais, Patrícia recomenda que tudo seja feito com leveza. “Embora seja um trabalho difícil e que requer persistência, também é uma maneira de curtir o tempo com a família. Então se uma criança realmente quer seguir esse caminho, vale a pena reservar algum horário para fazer isso juntos”, ela finaliza.
Com Assessorias