A Iniciativa Global para a Integridade da Informação sobre a Mudança do Clima lançou nesta quarta-feira (12) a Declaração sobre Integridade da Informação sobre a Mudança do Clima na COP30, estabelecendo compromissos internacionais compartilhados para combater a desinformação climática e promover informações precisas e baseadas em evidências sobre questões climáticas.
A Declaração estabelece o compromisso dos signatários em promover a integridade da informação relacionada à mudança climática nos níveis internacional, nacional e local, em conformidade com o direito internacional dos direitos humanos e os princípios do Acordo de Paris.
Elaborada em colaboração com membros da sociedade civil do Grupo Consultivo da Iniciativa Global, a Declaração foi endossada por dez países até o momento: Brasil, Canadá, Chile, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Espanha, Suécia e Uruguai.
O que dizem as autoridades sobre a Declaração

A mudança climática não é mais uma ameaça do futuro; é uma tragédia do presente”, afirmou o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, em Belém. “Vivemos em uma era em que obscurantistas rejeitam as evidências científicas e atacam as instituições. É momento de impor uma nova derrota ao negacionismo.”
A Declaração exorta os governos, o setor privado, a sociedade civil, a academia e os financiadores a tomarem medidas concretas para combater o impacto crescente da desinformação, da informação falsa, do negacionismo e dos ataques deliberados a jornalistas, defensores, cientistas e pesquisadores ambientais que prejudicam as ações climáticas e ameaçam a estabilidade social.
Devemos combater a desinformação, o assédio online e o greenwashing”, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, em mensagem preparatória para a COP30. Por meio da Iniciativa Global para a Integridade da Informação sobre Mudança Climática, governos e organizações estão trabalhando juntos para financiar pesquisas e ações que promovam a integridade da informação sobre questões climáticas. Cientistas e pesquisadores nunca devem ter medo de dizer a verdade.”
“Sem acesso a informações confiáveis sobre a disrupção climática, nunca poderemos esperar superá-las. Por meio dessa iniciativa, apoiaremos os jornalistas e pesquisadores que investigam questões climáticas, que às vezes correm grande risco, e combateremos a desinformação relacionada ao clima que se espalha nas redes sociais”, afirmou a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, no lançamento da Iniciativa.
A Declaração ressalta que mobilizar todos os atores da sociedade requer acesso a informações consistentes, confiáveis, precisas e baseadas em evidências sobre a mudança climática, o que é indispensável para aumentar a conscientização, promover a participação pública, possibilitar a prestação de contas e construir a confiança do público em políticas e ações climáticas urgentes.

Principais compromissos da Declaração
Nos termos da Declaração, os países signatários comprometem-se a:
- Promover a integridade das informações relacionadas à mudança global do clima, em conformidade com o direito internacional dos direitos humanos, incluindo as normas relativas à liberdade de expressão
- Apoiar a sustentabilidade de um ecossistema midiático diversificado e resiliente, a fim de garantir uma cobertura precisa e fiável das questões climáticas e ambientais
- Apoiar a inclusão de compromissos relativos à integridade da informação na agenda da Ação para o Empoderamento Climático no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, ou ONU Mudança Climática).
- Promover ações climáticas com base em informações inclusivas, promovendo o acesso equitativo a informações precisas, baseadas em evidências e compreensíveis para todas as pessoas
- Fomentar a cooperação e o desenvolvimento de capacidades para enfrentar as ameaças à integridade da informação, protegendo as pessoas que reportam e pesquisam questões climáticas
Com os recursos aquém das necessidades globais, a Declaração apela aos governos para que garantam fundos para a pesquisa da integridade da informação climática, especialmente nos países em desenvolvimento. O documento também insta o setor privado a se comprometer com a integridade da informação em suas práticas comerciais e garantir práticas publicitárias transparentes e responsáveis em termos de direitos humanos, que reforcem a integridade da informação e apoiem o jornalismo confiável.

Quatro novos países aderem à Iniciativa Global
A Iniciativa Global anunciou que Bélgica, Canadá, Finlândia e Alemanha aderiram como novos países membros, elevando o número total de estados-membros para 13. Esta expansão do número de membros reflete o crescente reconhecimento internacional de que as ameaças à integridade da informação representam um dos desafios determinantes do nosso tempo, enfraquecendo os alicerces do debate público e minando a capacidade das sociedades de construir soluções coletivas para a crise climática.

Fundo Global apoia primeiros projetos
Desde o seu lançamento em junho de 2025, o Fundo Global para a Integridade da Informação sobre a Mudança do Clima da Iniciativa recebeu 447 propostas de quase 100 países. Com um financiamento inicial de US$ 1 milhão do governo do Brasil, o Fundo começou a apoiar sua primeira leva de projetos em vários continentes, com quase dois terços das propostas elegíveis originárias do Sul Global.
A Declaração reconhece o papel central da Iniciativa Global no fortalecimento da cooperação global para defender a integridade das informações relacionadas às mudanças climáticas e convoca os financiadores a doarem ao Fundo Global e apoiarem projetos que promovam a integridade das informações em nível local, nacional e internacional.
O texto completo da Declaração está disponível em: www.unesco.org/en/
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PNUD lança campanha para combater desinformação sobre mudança climática
A campanha #ClimateCounts apresentará 30 fatos sobre o clima, cada um acompanhado de visual de impacto, projetado para tornar a mudança climática algo pessoal, de fácil compreensão e urgente.

No início de novembro, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) lançou a campanha #ClimateCounts (“O Clima Conta”), que busca contar a história da mudança global do clima por meio de números e inspirar a ação com base em fatos.
#ClimateCounts apresentará 30 fatos sobre o clima, cada um acompanhado de um visual de impacto, projetado para tornar a mudança climática algo pessoal, de fácil compreensão e urgente. A campanha faz parte dos esforços do PNUD para aumentar a conscientização e mobilizar comunidades para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP30, em Belém, de 10 a 21 de novembro. Este ano marca também o 10º aniversário do Acordo de Paris – marco significativo para a ação climática.
A mensagem é clara: não temos tempo a perder”, afirma a diretora global de Mudança Climática do PNUD, Cassie Flynn. “Este é o momento de transformar planos em progresso. A #ClimateCounts destaca 30 fatos de peso, mostrando que uma ação climática ousada pode impulsionar a prosperidade, resiliência e justiça – e reafirmando que o que é bom para o planeta, é bom para as pessoas.”

Os países ricos estão usando os recursos da Terra a taxas que exigiriam entre 3 a 9 planetas para se sustentar. Para deter a mudança climática e garantir nosso futuro na Terra, devemos mudar.
Com o aumento da propagação de desinformação e de informações falsas sobre o clima, a #ClimateCounts também busca promover o letramento climático, capacitando indivíduos e comunidades a agir e exigir ações climáticas mais ambiciosas. O engajamento dos cidadãos é crucial, já que os países se preparam para apresentar e implementar seus planos climáticos nacionais atualizados, as chamadas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), com novas metas no âmbito do Acordo de Paris.
Para promover a campanha, Embaixadores da Boa Vontade do PNUD e jovens campeões do clima ajudarão a compartilhar esses fatos globalmente. A campanha estará inicialmente disponível em inglês, francês, espanhol e português, com mais idiomas sendo adicionados posteriormente. A #ClimateCounts se baseia no amplo trabalho do PNUD em ação climática e ciência baseada em evidências.
Por meio da Climate Promise (“Promessa Climática”), o maior portfólio climático das Nações Unidas, o PNUD apoia mais de 140 países com mais de US$ 2,45 bilhões em financiamento por meio de subsídios, beneficiando diretamente 37 milhões de pessoas. Esse trabalho se apoia na expertise do PNUD em adaptação, mitigação, mercados de carbono, clima e florestas, riscos climáticos e segurança, além de estratégias e políticas climáticas.
Fonte: ONU



