Enquanto alguns filmes são responsáveis em ser um passatempo nos horários livres, outros, já destacam mensagens importantes e reflexivas para o dia a dia, mesmo em formato de animação, trazendo na história personagens repletos de diversidade e inspirações que lembram do por que é necessário resgatar o valor da família e o como isso reflete no futuro.
Os filmes da Disney são clássicos quando o assunto é família. E por isso, para ajudar nesta escolha, a psicanalista e terapeuta Joseana Sousa seleciona 5 filmes que assinam histórias marcantes, necessárias e dignas de uma sessão especial em casa, aproveitando que no dia 15 de maio, é o Dia Internacional da Família. Confira!
Red: Crescer é uma Fera
Com o passar do tempo, a menina descobre que o surgimento do panda vermelho é algo que acontece com todas as mulheres de sua família, quando na verdade, a história é uma metáfora da puberdade, etapa de importante desenvolvimento na qual, as emoções ficam à flor da pele.
“O filme te convida a olhar de forma compreensiva e amorosa para a criança que todos nós já fomos um dia. Todo pai e toda mãe já tiveram momentos de angústia e medo, e hoje, como pais não queremos que nossos filhos passem pelo que passamos e talvez esse seja o momento para uma conversa sobre vulnerabilidade”, conta Joseana.
Mei e seus pais se deparam com todas essas questões e um grande choque. Com isso, surgem os conflitos familiares. “O filme é mais para adultos do que para crianças, reflete sobre a melhor forma de conversar com as crianças nessa fase de desenvolvimento e amadurecimento das emoções”, completa a psicanalista.
“Adolescência afeta a família como um todo e isso precisa ser vivenciado por todos em harmonia e conversa, tanto pela criança quanto pelos adultos”, avalia.
Luca
O sucesso de Luca traz uma reflexão importante sobre identidade e relações a partir das aventuras de três amigos. Luca é uma criança que esconde um segredo: ele também é um monstro marinho e na história, ele busca seu amadurecimento para seguir com seus sonhos e acima de tudo, se aceitar do jeito que é.
Segundo Joseana, o filme também destaca a relação de Luca com seus pais, já que eles proíbem o garoto de ir à superfície justamente para protegê-lo dos perigos. Mas, em paralelo, não abrem espaço para um diálogo, sobre seus desejos e preocupações. Com isso, diante da curiosidade e desobediência de Luca, a história acontece.
“Podemos perceber que é possível criar ambientes familiares que acolhem as crianças principalmente, por conta das diferenças, mas também da importância em falar sobre sonhos, curiosidades e perigos da vida, permitindo que nossos filhos ganhem asas. Que eles vivam suas próprias experiências. Mesmo que, por proteção, nossa vontade não deve ser imposta, desse modo, assim só amedrontamos e não permitimos que sejam quem nasceram para ser por conta dos nossos medos e traumas”, analisa.
Encanto
Mais do que uma animação, ‘Encanto’ conta a história dos Madrigal, uma família que vive em uma casa mágica e escondida nas montanhas da Colômbia, em um lugar chamado Encanto. Foi a magia presente no local que deu a todos os membros da família dons especiais e únicos, com exceção de Mirabel.
Em torno disso o enredo se forma e ganha uma grande história, já que quando a protagonista descobre que a magia corre perigo, ela pode ser a única que pode ajudar! No filme, inicialmente, já é possível perceber que a história gira em torno de uma típica família colombiana, com tudo em perfeita ordem quando de repente tudo muda devido a diferença da personagem Mirabel.
“Na verdade, a desordem se iniciou quando um outro personagem foi banido dessa família e a partir daí, percebemos que o pertencimento é um direito humano e quando esse lugar nos é tirado a geração seguinte pede atenção para que possamos olhar para trás e repararmos nosso erro”, destaca Joseana.
Dentro das constelações familiares, esse membro ‘banido’ da família recebe o nome de “ovelha negra”, que tem como papel ser diferente para que toda a hierarquia seja colocada em ordem e o dar e receber entre em equilíbrio. “É preciso reconhecer e incluir mesmo com as diferenças”, completa a especialista.
Viva – A Vida é Uma Festa
O filme “Viva: A Vida é uma Festa” conta a história de um menino chamado Miguel, que sonha em se tornar músico, mas enfrenta a oposição de sua família, que tem uma longa história de proibição da música. Para seguir seu sonho, Miguel acaba entrando em contato com a terra dos mortos e descobrindo segredos sobre sua família.
Um dos papéis da Constelação Familiar é revelar segredos que estão causando danos ao sistema familiar. A psicanalista afirma que essa teoria sugere que muitos dos problemas pessoais têm raízes nas dinâmicas familiares inconscientes que herdamos, incluindo traumas, crenças e valores que foram transmitidos de geração em geração.
No filme, Miguel começa a ter acesso a informações sobre sua família e suas tradições, que haviam sido mantidas em segredo por muitos anos. Ao explorar sua ancestralidade, ele começa a entender melhor as dinâmicas familiares que o levaram a ser proibido de tocar música e a se sentir desconectado de sua família.
Além disso, o filme apresenta a importância da reconciliação e da aceitação das diferenças familiares. Em um momento chave do filme, Miguel precisa lidar com a descoberta de que seu ídolo musical, que ele acreditava ser seu avô, na verdade abandonou sua esposa e filha para seguir sua carreira musical. Através da resolução dessas questões, Miguel e sua família conseguem se reconciliar e curar traumas do passado.
“Viva: A Vida é uma Festa” apresenta temas que podem ser interpretados sob essa perspectiva e que enfatizam a importância de compreender e honrar as dinâmicas familiares para viver uma vida mais plena e harmoniosa.
Mundo Estranho
Mundo Estranho é uma aventura repleta de ação da Disney que traz em sua história uma lendária família de exploradores, os Clades, enquanto tentam navegar por uma terra inacessível e inexplorada ao lado de uma equipe heterogênea. Mas, nessa jornada, os personagens precisam superar os conflitos familiares, enquanto descobrem as maravilhas desconhecidas desse mundo extraordinário.
“A história traz um novo olhar sobre aceitação, na qual, o filho não gosta do jeito aventureiro de seu pai, já que ele, por achar que é o melhor jeito de exercer esse papel, leva seus filhos em todas suas aventuras .Até que em um dia, o filho se revolta e decide voltar para casa, desistindo dessas aventuras em família”, conta a terapeuta.
Tempos depois, levando sua vida e quando já se torna pai, com a intenção de educar, por sua vez, o seu filho, a situação é oposta. O filho quer se aventurar e o pai não, diferente do que foi educado. Ou seja, ele acabou fazendo a mesma coisa que o pai fazia com ele.
“Assim, observamos que quando eu tento fazer diferente por julgar meus pais, eu acabo fazendo igual para honrá-los e na família, não cabe julgamento, certo ou errado, todos os membros precisam ser honrados e respeitados”, finaliza Joseana.
Filmes como ferramenta terapêutica para mandar mensagens ao inconsciente
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“O filme é uma linguagem que fala diretamente com nossa mente inconsciente, durante um filme você não fica avaliando se aquilo é verdade ou não e a mensagem passa sem filtro ficando somente aquilo que faz sentido para a sua mente”, explica a mentora.
Aos 36 anos, ela também não esconde sua paixão por aviões. É formada em ciência aeronáutica e foi a primeira mulher piloto maranhense, que depois de iniciar um processo de autoconhecimento, lançou seu primeiro livro ‘Caixa Preta’, onde conta sobre os ‘acidentes’ que mudaram a trajetória de sua vida e inspira os leitores a seguirem o caminho do autoconhecimento.