Setembro Amarelo é um convite à reflexão sobre a saúde mental e a prevenção do suicídio. Neste ano, um tema ganha destaque: o impacto do uso excessivo de telas na vida dos adolescentes.

Um estudo publicado em junho de 2025 pela revista científica JAMA Psychiatry, liderado pela universidade americana Weill Cornell Medicine, revelou que o uso viciante de telas está associado a um aumento significativo do risco de ideação suicida entre jovens.

Essa e outras pesquisas, além de acontecimentos recentes, como a denúncia do YouTuber Felca sobre canais que exploram a imagem de crianças e adolescentes, reacende o debate sobre os efeitos das redes sociais, jogos online e plataformas de streaming no desenvolvimento emocional dessa geração.

Não se trata de demonizar as telas, mas de orientar o uso. Os jovens precisam de mediação para aprender a lidar com esse excesso de estímulos. O diálogo aberto, a definição de limites e a atenção ao comportamento diário são fundamentais para reduzir riscos.

No Brasil, os números reforçam a urgência da discussão. De acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil, do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), entre 2015 e 2024 houve um crescimento de onze pontos percentuais entre crianças e adolescentes de 9 a 17 anos que usam a internet todos os dias ou quase todos os dias: de 84% para 95%.

Uma pesquisa da Universidade Federal do Paraná com adolescentes meninas, de abril de 2025, mostrou que 76,4% delas usam telas por mais de 4 horas por dia. A exposição prolongada está diretamente relacionada a quadros de ansiedade, depressão, distúrbios do sono e isolamento social, além das constantes comparações com vidas idealizadas nas redes, que minam a autoestima.

Apesar das preocupações, a tecnologia também pode ser positiva, servindo como ferramenta de acolhimento e conexão quando usada de forma equilibrada. O desafio está em supervisionar, impor limites e conversar abertamente sobre os riscos e benefícios do mundo digital.

Dicas práticas para pais e responsáveis

Algumas medidas que podem ajudar famílias a promover uma relação mais saudável com a tecnologia:

  1. Estabeleça limites de tempo

    • Defina horários claros para o uso de telas, evitando longos períodos consecutivos.

    • O ideal é que, pelo menos uma hora antes de dormir, celulares e computadores sejam desligados para preservar o sono.

  2. Acompanhe o conteúdo consumido

    • Mais importante que o tempo é a qualidade: observe quais aplicativos, jogos e redes sociais seus filhos utilizam.

    • Sempre que possível, conheça as comunidades online das quais participam.

  3. Converse sobre os perigos

    • Explique, de forma adequada à idade, sobre cyberbullying, comparações sociais e conteúdos nocivos.

    • Deixe claro que eles podem procurar você em caso de situações constrangedoras ou violentas na internet e que você não vai brigar caso o adolescente caia em algum tipo de golpe, mas sim ajudar a resolver o problema.

  4. Dê o exemplo

    • Pais e responsáveis são modelos de comportamento. Se toda a família estiver constantemente no celular, será difícil convencer o adolescente a se desconectar.

    • Valorize momentos offline, como refeições em conjunto e passeios ao ar livre.

  5. Incentive atividades fora das telas

    • Esporte, música, arte e encontros com amigos fortalecem a autoestima e reduzem a dependência digital.

  6. Use a tecnologia a favor

    • Aplicativos de controle parental e configurações de bem-estar digital podem ajudar a monitorar o tempo de uso e limitar o acesso a conteúdos inadequados.

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