O Diabetes acomete 7,4% da população brasileira, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde, em 2019. A doença, caracterizada pelos altos níveis de glicose no sangue, provoca diversos efeitos no corpo.
Aproximadamente 20% das internações de diabéticos são decorrentes de lesões nos membros inferiores. Os pacientes apresentam uma incidência anual de úlceras nos pés de 2% e um risco de 25% em desenvolvê-las ao longo da vida.
Normalmente, a neuropatia surge quando o indivíduo já possui o quadro de diabetes e não nota o aparecimento de úlceras, calosidades ou lesões nos pés.
Segundo o angiologista e cirurgião vascular Nelson De Luccia, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), o pé de Charcot, uma neuroartropatia também relacionada ao diabetes, é outra condição que pode gerar deformidades articulares e consequências graves.
“Este quadro variado, que pode acometer os pés dos diabéticos, explica a dificuldade da compreensão e manejo desta situação. Muitos, por desconhecimento ou simplificação, acreditam que o pé diabético se aplica apenas às condições infecciosas decorrentes da neuropatia, o que atrapalha, confunde e retarda o tratamento adequado”, explica o especialista.
Como é feito o diagnóstico do pé diabético
O reconhecimento do pé do paciente diabético começa com o próprio diagnóstico do diabetes, que pode ser do tipo I ou II. Professor da disciplina de Cirurgia Vascular e Endovascular da Faculdade de Medicina da USP, Nelson De Luccia esclarece que muitas vezes as manifestações nos pés precedem o diagnóstico do diabetes sistêmico.
E quando já existe histórico de ulceração prévia tratada ou deformidades, e a pré-existência da neuropatia, recomenda-se a confecção de calçados customizados. “Em lesões cutâneas abertas, os calçados especiais desempenham papel coadjuvante, auxiliando no alívio de carga e na criação de espaços adequados para o manejo de curativos”, declara o cirurgião vascular.
Nelson De Luccia também analisa que a identificação da neuropatia é importante para profissionais que se dedicam ao cuidado de unhas e calosidades, já que na ausência da dor referida pelo paciente, lesões podem ser provocadas pelo manuseio inadequado.
As lesões demandam mais tempo para cicatrizar por conta da neuropatia diabética, o que pode resultar em infecções e podem levar à amputação do membro. Como doença sistêmica de alta prevalência atual, outras consequências do diabetes são bastante conhecidas, como a arteriosclerose periférica e coronariana, hipertensão, insuficiência renal e retinopatia. Além do controle da glicemia, orientado pelo endocrinologista, as demais manifestações necessitam de outros especialistas de diferentes áreas clínicas.
O diagnóstico correto do diabetes, a realização de exames e o acompanhamento médico adequado são as formas mais efetivas de evitar maiores agravamentos dessa doença. A SBACV tem como missão levar informação de qualidade sobre saúde vascular para a população. Para outras informações acesse o site.