Diante da incerteza em torno dos perigos do novo coronavírus, estamos todos muito assustados, como se nossas vidas estivessem sendo lançadas para situações e circunstâncias fora de nossos controles e, neste cenário, uma das mais sérias prescrições da Organização Mundial da Saúde (OMS) é a recomendação do isolamento social.

Para Paulo Cesar da Silva Guimarães, professor de Psicologia da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio, “o mundo está sendo convulsionado pelo avanço da pandemia da Covid-19, que afeta e transtorna a vida da humanidade, em todos os sentidos e dimensões, de forma que ainda não conseguimos identificar com clareza as consequências”.

Permanecer em casa, ocupando o tempo segundo critérios próprios parece um grande desafio. Perdemos, ao que parece, a capacidade de lidar e tratar com a subjetividade, de escolher o que fazer com o próprio tempo. Deixamo-nos ser tragados pelo enclausuramento nos shoppings, pelo frenesi das compras e pelas “mesas dos banquetes” das praças de alimentação, onde nos sentamos uns juntos aos outros, como numa roda de conversa, mas onde cada um vincula-se a outras realidades através de celulares de última geração”, ressalta.

Usurpados de nossos tempos pessoais — e tempo é vida na tradução mais simples da existência humana — agora, em função de uma pandemia, a vida condena cada um, compulsoriamente, a ser sua própria companhia por um tempo que ainda não podemos precisar qual seja.

Como seres humanos nós nos organizamos em sociedade através da interação social, estamos habituados a isso, faz parte da nossa rotina e dia a dia, portanto é natural que o isolamento social possa trazer algum desconforto, o que pode ocasionar algumas respostas físicas e emocionais que podem afetar tanto nosso sistema imunológico, quanto nosso equilíbrio emocional.

Mas então, como lidar com isso?

Evitar a hiperinformação é uma dica importante

Paulo diz que para contornar este desafio, devemos explorar situações que possam contribuir para que o confinamento resulte em mais qualidade de vida. Nesse momento, manter-se sereno é essencial e para isso algumas atitudes podem ser levadas em conta, como: se informar saudavelmente, sem se contaminar pelas fake news ou pela necessidade da hiperinformação a respeito da situação.

Ele também dá outras dicas:

  • procurar manter-se bem hidratado e com respiração ritmada;
  • lembrar sempre que o tempo em que se vive é o aqui e agora;
  • batalhar para não se transformar prisioneiro de suas ansiedades e medos;
  • atualizar sonhos, projetos, planos, preferências e gostos;
  • ressignificar antigas memórias;
  • ou até descobrir quantos cantos legais tem na sua casa, no seu quarto.

Lembre-se de que você é parte importante da solução do problema: cuide-se e siga as orientações para não se contagiar ou contaminar. Se há no planeta uma pessoa que precisa manter a calma e a serenidade, essa pessoa é você. A solução do problema depende de sua contribuição para o outro. Salve a sua vida e a dos outros”, afirma o psicólogo.

Psicóloga lista estratégias para manter a mente saudável

Segundo a psicóloga Ana F. Winter, temos algumas estratégias para tentar manter a nossa saúde mental o mais equilibrada possível, diminuindo as reações de estresse e ansiedade. “Estamos passando por algo completamente novo, temos que nos isolar, mudar completamente nossa rotina, parar atividades, é claro que isso afeta nossa saúde mental, mas temos como cuidar disso”, analisa.

A principal recomendação é para que fiquemos quietos e isolados, mas nos desacostumamos a isso. Não sabemos mais nos fazer companhia. Nesse cenário, o mais é importante se redescobrir e passar bons momentos consigo mesmo. Este é o tempo de realizarmos novas aprendizagens e, a partir delas, contribuir para um mundo melhor e uma vida mais confortável para todos”, afirma Paulo.

A primeira coisa a ser feita, de acordo com a psicóloga, é tentar diminuir a quantidade de informações desnecessárias, já que isso pode gerar um quadro de ansiedade. Procure se informar uma vez ao dia, o excesso de informações pode ativar um estado de alerta exagerado, o que prejudica a capacidade do corpo de relaxamento. Tente pensar no isolamento como algo bom, algo feito para o bem comum, em breve sua rotina voltará ao normal.

Tente manter sua agenda de tarefas diárias. Para muitos, o home office é uma novidade, o que pode acabar sendo uma experiência nada prazerosa. Ainda que temporária, essa medida pode desorganizar seu dia a dia e trazer um sentimento de insegurança e angústia. “A melhor opção nesse caso é tentar manter ao máximo a rotina, mesmo estando em casa. Organize seu tempo, tire o pijama, faça seu trabalho, mas não esqueça da pausa para o almoço, café, para respirar e jamais abra mão do seu tempo livre e é claro, descanse!”, complementa Ana.

A psicóloga alerta sobre o ócio e dá algumas dicas:

  • Evite ficar sem fazer nada, se o trabalho foi suspenso, procure alternativas como atividades manuais, atividades físicas que possam ser feitas em casa, leitura, jogos etc.
  • Busque atividades que distraiam a sua mente para evitar o desanimo, a tristeza e a solidão.
  • Utilize a tecnologia a seu favor, ela é uma ótima ferramenta hoje em dia, mantenha-se conectado com a vida, os amigos, sem exageros.
  • A solidão faz parte do nosso estado emocional, mas em excesso ela pode produzir tristeza e potencializar traços depressivos inerentes a cada ser humano.

Com Assessorias

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