O Carnaval é uma das festas mais aguardadas do ano no Brasil. Com suas cores vibrantes, músicas alegres, fantasias coloridas, ele representa uma oportunidade de lazer e diversão para milhões de pessoas. No entanto, para muitos, o Carnaval é mais do que apenas uma festa: torna-se uma válvula de escape emocional, um momento de libertação das emoções intensas, do estresse acumulado ao longo do tempo e da ansiedade, pois afinal, é um tempo de não se preocupar com julgamentos e análises comportamentais.
Para muitos, é sinônimo de alegria, liberdade e descontração. Para outros, pode representar um desafio na organização da rotina e na gestão emocional, especialmente para aqueles que precisam conciliar trabalho, estudos e demais responsabilidades com a intensa programação carnavalesca.
Para psicólogos, psicanalistas e psiquiatras, o Carnaval serve como uma válvula de escape para as pessoas realizarem coisas que não fariam em outros períodos do ano. Máscaras e fantasias, por exemplo, podem dizer muito sobre as brincadeiras da festa mais popular do ano. No entanto, muitos foliões ultrapassam limites e ficam com a chamada “ressaca moral” por beber demais e beijar demais, uma intensidade que não tem no dia a dia.
Pessoas ansiosas ou deprimidas podem ser acometidas por sentimentos de solidão, exatamente por não gostarem da folia. A ansiedade também pode afetar os introvertidos com aversão à multidão”, diz Fabiana Saes, psicóloga e professora de mindfulness.
Planejamento e autoconhecimento
Segundo o psicólogo Marcelo Matias, a chave para aproveitar o Carnaval sem prejudicar a rotina está no planejamento e no autoconhecimento. “Muitas pessoas sentem culpa ao se divertir ou ansiedade por não conseguirem acompanhar todas as festividades. É essencial compreender os próprios limites e estabelecer prioridades. Nem sempre é possível fazer tudo, e tudo bem”, afirma Matias.
O período carnavalesco pode gerar um forte contraste entre a euforia da folia e a necessidade de manter a produtividade. A organização emocional e a gestão da rotina são essenciais para que o Carnaval seja desfrutado com responsabilidade, sem prejuízos para o bem-estar e a produtividade. Com planejamento e atenção aos sinais do corpo e da mente, é possível aproveitar a festa e manter o equilíbrio no dia a dia.
Para evitar o impacto negativo na rotina, algumas estratégias podem ser adotadas:
- planejamento antecipado, definindo quais dias serão dedicados ao lazer e quais serão reservados para compromissos profissionais e pessoais ajuda a manter o equilíbrio;
- sono regulado, manter um horário mínimo de descanso é essencial para evitar o cansaço excessivo nos dias seguintes;
- alimentação e hidratação, o excesso de festas pode levar à desidratação e ao descuido com a alimentação, cuidar do corpo é fundamental para manter a disposição;
- definição de prioridades, nem todos os eventos precisam ser acompanhados, escolher aqueles que realmente fazem sentido evita sobrecarga e garante momentos de qualidade;
- atenção à saúde mental, o Carnaval também pode ser um período de cobrança social para estar presente em todas as festividades, saber dizer “não” e respeitar seus próprios limites é um ato de autocuidado.
Após dias intensos de festa, é comum sentir um vazio ou dificuldade para retomar a rotina. O psicólogo Marcelo Matias explica que essa transição pode ser desafiadora para algumas pessoas. “O retorno à rotina pode trazer uma sensação de frustração para quem depositou muitas expectativas no período festivo. É importante lembrar que a diversão não se limita ao Carnaval. Buscar atividades prazerosas no dia a dia ajuda a manter um bem-estar constante”, pontua Matias.
Carnaval como válvula de escape emocional
Especialista em comportamento humano pontua que celebração pode ser usada como forma de diminuir estresse e ansiedade
O carnaval pode ser uma oportunidade para se expressar, experimentar novas sensações e se reconectar consigo mesmo. No entanto, vale lembrar que o carnaval é apenas um período de tempo limitado. É fundamental buscar formas saudáveis e duradouras de lidar com as emoções”, afirma Gisele Hedler, especialista em comportamento humano.
A especialista explica que o Carnaval pode ser uma válvula de escape, mas não é a solução para todos os problemas emocionais. É preciso cuidar da saúde mental e emocional de forma contínua e buscar ajuda quando necessário. “Os problemas do dia a dia podem ser resolvidos ou elaborados com auxílio de terapia ou psicoterapia. É claro que fazer atividades físicas, ter hobbies e momentos de relaxamento são fundamentais para saúde mental de qualquer pessoa”, comenta Gisele.
O Carnaval oferece um palco para a expressão individual e coletiva. As fantasias, a dança e a música permitem que as pessoas se libertem de suas inibições e experimentem novas identidades, papéis e personas.
É um momento em que a criatividade e a ousadia são celebradas, e as pessoas se sentem mais à vontade para mostrar quem realmente são ou quem gostariam de ser. As fantasias são uma forma poderosa de expressão no Carnaval. Elas permitem que as pessoas se transformem em personagens, heróis, animais ou o que mais a imaginação permitir. Ao se fantasiar, as pessoas podem se sentir mais confiantes, corajosas e livres para se expressar sem medo do julgamento”, ressalta a especialista em comportamento humano.
Gisele complementa que a dança e o canto podem liberar emoções, além de serem formas de extravasar sentimentos e se conectar com outras pessoas. “Durante a folia, as pessoas se sentem mais à vontade para dançar e se movimentar livremente, sem se preocupar com padrões estéticos ou imposições sociais”, finaliza.
Por que o Carnaval move tantas pessoas?
Muitos de nós recorremos a vícios e prazeres efêmeros para lidar com dores emocionais. A bebida, a festa e o prazer sexual desviam nossa mente do que realmente machuca, dando uma falsa sensação de liberdade. Com a psicoterapia, nós alcançamos a verdadeira paz, resolvendo os problemas ao invés de colocá-los debaixo do tapete.
O mês que se aproxima é marcado pelo Carnaval, uma celebração conhecida pela alegria e descontração. No entanto, para alguns, essa euforia temporária serve como um escape das questões emocionais mais profundas. “Muitas vezes, a busca por momentos de felicidade em festas, álcool, ou outras formas de entretenimento serve como uma cortina de fumaça para ocultar dores e traumas antigos que nos seguem no cotidiano”, diz o psicólogo Luti Christóforo.
A psicoterapia surge como uma alternativa para compreender e lidar com as raízes dessas dores emocionais. Ao invés de buscar refúgio temporário em prazeres fugazes, a terapia oferece um espaço seguro para explorar e entender as emoções, promovendo o crescimento pessoal e o desenvolvimento de estratégias saudáveis de enfrentamento.
O Carnaval pode ser uma oportunidade para repensarmos nossos padrões de busca por felicidade. Ao invés de apenas buscar alívio momentâneo, considerar a terapia como um investimento no bem-estar emocional pode trazer benefícios duradouros.
Assim, enquanto nos preparamos para as festividades carnavalescas, que possamos também observar a importância de abordar nossas dores de forma mais profunda, buscando caminhos que promovam uma verdadeira transformação para o equilíbrio emocional.
Dicas da psicóloga para curtir um “Carnaval consciente”
A psicóloga Maria Elisa Bravo, que trabalha com dependência química na equipe de psicologia da Casa de Saúde Saint Roman, referência em psiquiatria no Rio de Janeiro, dá algumas dicas para se curtir um “Carnaval Consciente”:
O Carnaval é uma época considerada situação de risco para os dependentes químicos em recuperação. Então, é importante que o dependente químico tenha que lembrar em manter o foco no tratamento. Por isso, tem que ter alguns cuidados:
. Lembre-se que é possível fazer outro tipo de programa nessa época. Pense com antecedência, ou seja, se planeje com antecedência.
. Esteja sempre perto de pessoas saudáveis que tenham hábitos saudáveis, pois eles podem ser os seus fatores de proteção.
. Evite situações que te deixem vulneráveis e que te estimulem ao uso.
. Lembre-se de se autogerenciar emocionalmente e usar suas habilidades de enfrentamento.
. Faça escolhas condizentes e conscientes com a sua recuperação.
. Caso se sinta inseguro não hesite em procurar ajuda profissional.
Com Assessorias