Se você – assim como eu – usa demais o teclado e passa boa parte do tempo sentado, trabalhando, seja no escritório ou no home office, é bom ficar atento. Observe se tem sensação de fadiga muscular e cansaço constante. seguida pela presença de dor nos membros superiores e nos dedos, que varia de intensidade, mas atrapalha na execução de atividades diárias; dificuldade para movimentá-los; formigamento; alteração da temperatura e da sensibilidade e redução na amplitude de movimento.

Na presença desses sintomas, pode ser que você esteja sofrendo com Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort). Popularmente conhecidas pelas suas siglas, as LER/Dort são, de acordo com o Ministério da Saúde, os “danos decorrentes da utilização excessiva do sistema que movimenta o esqueleto humano e da falta de tempo para recuperação”.

Ambas são apontadas como algumas das doenças que mais atingem os trabalhadores do Brasil. Essas condições têm aumentado muito no Brasil nos últimos anos e merecem atenção. Segundo o estudo Saúde Brasil 2018, produzido pelo Ministério da Saúde, o total de registros cresceu 184% entre 2016 e 2017, saltando de 3.212 casos para 9.122.  Mulheres de 40 a 49 anos são as mais atingidas.

Esses problemas podem prejudicar a produtividade laboral e são responsáveis pela maior parte dos afastamentos do trabalho, representando custos com pagamentos de indenizações, tratamentos e processos de reintegração à ocupação. Cerca de 39 mil trabalhadores foram afastados do trabalho em 2019 por causa da LER/Dort, de acordo com dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho.

Mãos – nossos membros com grande responsabilidade na execução de tarefas do dia a dia – acabam sendo significativamente impactadas. No ano passado, segundo o Ministério da Previdência Social, a síndrome do túnel do carpo, por exemplo, afastou 24.002 pessoas do trabalho, 33,15% a mais do que em 2022.

Dia Mundial de Combate às LER/DORT

O Dia Mundial de Combate às LER/DORT (28/2) foi instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com o intuito de alertar a população e chamar a atenção das autoridades a respeito da importância de adotar cuidados e medidas preventivas contra lesões associadas à repetição de movimentos.

Nesta data, reunimos no Portal ViDA & Ação informações de diversos especialistas para esclarecer melhor sobre o assunto e as formas de tratamento, além de dicas para ajudar profissionais de diferentes áreas, entre professores, trabalhadores da indústria, comércio, que atuam em escritórios e em home office.

Como diferenciar LER e Dort?

Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort) são danos decorrentes da utilização repetitiva, principalmente, principalmente dos membros superiores, por períodos prolongados, não permitindo o descanso e recuperação adequada, associado a ergonomia ruim.

A médica reumatologista Maíra Sant Anna Genaro de Brito, professora do curso de Medicina da Unic Beira Rio, a LER e o Dort são condições que levam a estados dolorosos acusados por sobrecarga biomecânica, incluindo a estática. Segundo ela, o prognóstico é favorável na maioria dos casos, mas pode depender de aspectos sociais, trabalhistas e previdenciários.

“Estudos mostram a alta prevalência das doenças osteomusculares, particularmente na região cervical, ombros, cotovelos, mãos, punhos e região lombar. No cenário laboral, os distúrbios podem ser decorrentes da exposição a fatores ergonômicos, destacando-se os físicos e os organizacionais’’, explica a especialista.

Para a fisioterapeuta Morgana Amanda Vequi, professora da UniAvan,  os problemas ocorrem porque os trabalhadores estão expostos a diversos fatores de risco. Ela cita carga horária de trabalho excessiva, posturas inadequadas no posto de trabalho, permanecer muito tempo na mesma posição, mobiliários inadequados, movimentos repetitivos, manuseio de instrumentos que transmitem vibração excessiva, entre outras.

Embora tenham focos similares, as siglas possuem significados diferentes. Entenda!

O que é DORT?

A Sociedade Brasileira de Reumatologia introduziu o termo “Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho” (Dort) para relacionar as lesões por esforço repetitivo (LER) especificamente com a atividade laboral, pois grande parte dos trabalhadores com esses sintomas, não apresenta evidência de lesão em qualquer estrutura.

“Existem outras situações de sobrecarga, que não são por esforços repetitivos, como atividades que exijam contração muscular de forma estática por muito tempo, sobrecarga por peso excessivo, dores relacionadas a má postura ou ergonomia inadequada. Para englobar essas situações surgiu o termo DORT que é mais amplo”, explica o ortopedista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Leandro Yoshinobu.

O ortopedista avalia que quase todo mundo está propenso a desenvolver alguma DORT, mas que alguns trabalhos podem oferecer fatores de risco, como aqueles que exigem a realização de um mesmo movimento por tempo prolongado (como linha de montagem de produtos ou digitação excessiva), trabalhos em locais com ergonomia inadequada ou que exijam o carregamento de muito peso.

Em 2019, 2,5% dos adultos receberam diagnóstico médico de DORT, problema está diretamente relacionado aos movimentos repetitivos que provocam lesões em tendões, articulações e músculos de diversas partes do nosso corpo. Este distúrbio, também conhecido como LER, acomete geralmente membros superiores, ombros e pescoço devido a posturas inadequadas e grande repetição de movimentos.

A DORT está relacionada a alterações, dores ou desconfortos no sistema musculoesquelético (ossos, músculos, articulações, tendões, ligamentos). Além do esforço repetitivo, outros tipos de sobrecargas no trabalho como a sobrecarga estática podem ser nocivas ao trabalhador.

A doença é mais comum em profissionais que realizam trabalhos manuais, como costureiras, torneiros mecânicos, carpinteiros; profissões onde há requisição dos membros superiores ou que fazem trabalhos finos com as mãos, mas também afeta trabalhadores da indústria, comércio, alimentação, serviços, entre outros.

O que é LER?

Já a Lesão por Esforço Repetitivo (LER) é caracterizada por um conjunto de patologias do sistema musculoesquelético (tendão, nervo, músculo, ligamento, osso, articulação, entre outras estruturas), causadas pelo excesso de atividades repetidas e sobrecarga mecânica.

O termo LER é mais conhecido do grande público e se refere à sobrecarga após a realização de um mesmo movimento por muitas vezes. Porém, nem sempre essas queixas causam lesões propriamente ditas, mas apresentam manifestações clínicas distintas e variam em intensidade. O termo foi substituído por Dort, por ser mais abrangente.

“Nem toda LER poderia ter relação com trabalho, poderia ser de outras causas, como esportiva. Além disso, a lesão não é aparente. E com a Dort é preciso comprovar que está relacionada ao trabalho”, explica o fisioterapeuta Thiago Vilela Lemos, há 16 anos na atividade, lidando com muitos pacientes com o problema.

São consideradas LER:

  • Tendinite (principalmente no punho, cotovelo e ombro);
  • Cotovelo de tenista (epicondilite lateral);
  • Bursite;
  • Tenossinovite;
  • Síndrome do túnel do carpo;
  • Dedo em gatilho;
  • Dor na região lombar;
  • Dores musculares.

Síndrome do túnel do carpo

A síndrome do túnel do carpo é uma das lesões mais comuns relacionadas ao trabalho, que atinge frequentemente quem passa muito tempo digitando, como também profissionais da área de construção e manufatura, como explica o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão (SBCM), Antonio Carlos da Costa.

“Essa condição surge a partir da compressão do nervo mediano, que passa dentro de uma estrutura chamada túnel do carpo. Esse nervo controla a sensibilidade da palma dos dedos da mão, com exceção do dedo mínimo, e manda impulsos para os músculos que mexem o polegar”, esclarece.

O principal sintoma é a sensação de formigamento, que se manifesta geralmente à noite, além de dor, que pode ser intensa a ponto de acordar a pessoa. “A evolução da síndrome dificulta manipular estruturas pequenas e executar tarefas simples, como pregar um botão, enfiar linha em uma agulha, segurar e pegar objetos, amarrar os sapatos e até dificuldade de distinguir o quente do frio”, salienta o especialista.

Outros problemas que impactam as mãos, ligados ao esforço repetitivo, são a sinovite e tenossinovite que, no ano passado, foram as causas responsáveis pela concessão de 6.922 benefícios por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença), alta de 20,9% na comparação com 2022.

“A sinovite é a inflamação da membrana sinovial, tecido que reveste a parte interna das articulações, responsável por produzir o líquido sinovial, que serve para lubrificar a articulação e prevenir o desgaste das cartilagens. Já a tenossinovite é um tipo de inflamação que afeta a bainha tendinosa ou bainha tendínea, um tecido que cobre os tendões e que facilita o movimento e a conexão dessas estruturas com os músculos e ossos”, diz o presidente da SBCM.

Como o home office influencia

A médica reumatologista Cláudia Goldenstein chama atenção para o aumento de pacientes com essas lesões nos último anos. Para ela, o trabalho remoto, em decorrência da pandemia de Covid-19, pode ter influenciado no agravamento da situação.

“No home office, ou seja, trabalho realizado em casa, muitas pessoas não têm o espaço adequado para o exercer suas funções laborais, como cadeira, mesa e iluminação”, afirma.

E essa falta de infraestrutura mínima pode levar a dores nas costas, ombros, tendinites e outras LERs. As principais causas dessas lesões, além da execução das funções de trabalho em lugares inadequados, são: postura incorreta, excesso de movimentos repetitivos, ausência de pausa e descanso, falta de preparo físico e longas jornadas de trabalho.

Já para o fisioterapeuta Thiago Lemos, ao contrário do que se pode pensar, o home office veio para contribuir com uma possível redução de casos e não aumento. “O home office não é um agravador dessas lesões, pois em casa as pessoas ficam mais confortáveis e em um ambiente que gostam, mas é preciso analisar a adaptação do espaço para o trabalho”, alerta ele.

Sedentarismo também é vilão

O especialista – que atende na Care Clinic, em Goiânia – lembra que o sedentarismo está fortemente associado a esses quadros, sendo a atividade física um fator preventivo importante, pois fortalece músculos e articulações.

Uma pesquisa recente realizada pelo IBGE mostra um dado alarmante: 40% da população brasileira adulta é insuficientemente ativa, ou seja, não pratica nenhuma atividade física ou realiza menos de 150 minutos por semana de exercícios. A pesquisa levou em conta as atividades físicas realizadas para lazer, trabalho e deslocamento para o trabalho.

A ausência de atividades físicas regulares é uma grande ameaça à saúde, já que favorece o desenvolvimento de diversas doenças, como hipertensão, diabetes, doenças do coração e a tão comum dor nas costas. A pesquisa do IBGE também mostra que um em cada cinco adultos têm problemas crônicos de coluna.

Ombros, região cervical e lombar são pontos críticos que desencadeiam os sintomas. Punhos e cotovelos também são alvos mediante os esforços repetitivos como a digitação intensa, por exemplo, além da postura incorreta que afeta todo o funcionamento da parte muscular.

Fatores psicológicos e ambientais também influenciam

Não é apenas o trabalho físico que leva a Dort, é multifatorial. O aspecto psicossocial também contribui para causar e agravar a doença, “Quando o trabalho é estressante ou se tem muita pressão, pode ser um fator de risco e deve ser observado”, pontua o fisioterapeuta Thiago Vilela Lemos. Por isos, é preciso estar atento, pois os sintomas não começam necessariamente com dores.

“Iniciam com sensação de fadiga, cansaço, porque o ambiente de trabalho também influencia. A dor pode aparecer apenas quando o problema já está mais avançado”, destaca.

Ele reforça que é importante observar esses sinais, e se permanecerem por duas a três semanas é preciso buscar ajuda de um profissional. “Muitas pessoas só procuram ajuda quando não dá mais para trabalhar, o que é errado”, completa o especialista. Segundo ele, os problemas mais comuns são nos membros superiores, como punho, cotovelo e ombro, além da coluna.

Sintomas podem ser confundidos com fadiga

Os sintomas são diversos e relacionados aos movimentos cotidianos do trabalhador, causando dores nos braços, mãos e outras partes do corpo usadas no trabalho.  Geralmente caracterizados por dor localizada ou irradiada, desconforto, formigamento nas extremidades, sensação de pontadas ou agulhadas, dormência, diminuição da força, perda funcional. sensação de peso ou fadiga nos membros, inchaço local, dificuldade para movimentar, entre outros.

“Esses problemas atingem os músculos, nervos e tendões dos membros superiores, causando uma tensão no sistema músculo esquelético. O paciente desencadeia quadros de dor nos membros superiores e nos dedos, formigamento, dormência, fadiga muscular e dificuldade para movimentar a região”, afirma o ortopedista Layron Alves, especialista em ombro e cotovelo e sócio da Clínica LARC. 

Os sintomas podem variar de pessoa para pessoa e costumam atingir principalmente os membros superiores – braços, punhos, mãos e nos dedos. Inicialmente, podem ser confundidos com uma fadiga pontual, o que acaba fazendo com que o diagnóstico apareça apenas quando a doença já está em estágio avançado.

“O corpo apresenta reflexos da pressão no volume de demandas do trabalho. São sintomas como dor nos membros superiores e nos dedos, dificuldade para movimentação, formigamento, fadiga muscular e inflamação”, explica o médico e professor do curso de Medicina da Unime, Luis Filipe Daneu.

As manifestações clínicas são muito variadas e dependem do tecido afetado, seguimento corporal envolvido e intensidade da agressão. Em geral, não há dificuldades em definir o diagnóstico e os exames complementares auxiliam na confirmação. Faz-se obrigatória a análise do ambiente de trabalho afim de identificar a presença de fatores de risco.

Tratamento pode envolver medicações e até cirurgia

O tratamento das LERs e DORTs varia de acordo com a origem dos sintomas e depende do estágio da lesão. As dores podem melhorar com o descanso no começo, mas se não forem tratadas podem piorar e pode ser necessário realizar outras intervenções além do repouso como fisioterapia, infiltrações e cirurgias.

Em alguns casos, também são utilizados remédios anti-inflamatórios prescritos por um especialista durante a fase aguda. Já os mais graves precisam passar por procedimento cirúrgico e até afastamento do posto de trabalho ou readequação de funções.

“Assim como pode ter inúmeras causas, o tratamento vai depender de um diagnóstico criterioso e adequado, que na maioria das vezes é feito pelo médico ortopedista. Entre as recomendações dos especialistas podem estar o afastamento temporário das atividades, uso de talas ou órteses ergonômicas para imobilizar a região, utilização de medicamentos para amenizar os incômodos e exercícios de fisioterapia”, ressalta o médico Layron Alves.

“O tratamento , e várias medidas terapêuticas podem ser seguidas. Repouso da região afetada e medicamentos como anti-inflamatórios e corticoides podem ser recomendados, além de  sessões de fisioterapia  e até mesmo em casos mais severos, a realização de cirurgias”, diz a Dra Claudia.

Fisioterapia, acupuntura e psicólogo podem ajudar

O tratamento da LER/Dort, segundo Thiago, é feito, na maioria das vezes, com fisioterapia, adequações no ambiente de trabalho e terapias. “Em 90% das vezes são feitos esses tratamentos que chamamos de conservadores, apenas em último caso são realizadas cirurgias”, diz o fisioterapeuta.

Na consulta, o fisioterapeuta realizará avaliação/diagnóstico cinético funcional, que envolve análise do movimento, da força muscular, do equilíbrio e que auxiliará na definição das condutas para o tratamento”, afirma a fisioterapeuta.

Entretanto, em qualquer fase, é essencial o acompanhamento interdisciplinar com médico reumatologista, fisioterapeuta, terapia ocupacional, acupuntura e com um psicólogo, quando há traços de depressão.

Atividade física regular é fundamental

Para evitar essas dores e a ocorrência de lesões, os especialistas em geral destacam três pontos principais: fazer exercícios regulares, ter um ambiente de trabalho confortável (boa ergonomia) e fazer pausas regulares para descansar.

“Manter uma atividade física regular é o principal fator, pois deixa a musculatura mais preparada para aguentar uma carga maior. Um bom condicionamento físico também causa um aumento no limiar de dor, ou seja, para sentir dor, a pessoa normalmente precisa de um estímulo maior que em pessoas sedentárias”, avalia o ortopedista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Leandro Yoshinobu.

Uma ergonomia adequada no ambiente de trabalho diminui consideravelmente a sobrecarga musculoesquelética. Já as pausas periódicas são importantes para “descansar” e alongar a musculatura de tempos em tempos. Ele também alerta que em casos de sobrecarga por peso excessivo, também é válido pensar em dispositivos que auxiliam na distribuição da força (como sistema de polias e alavancas), além de pedir ajuda dividindo a carga com outras pessoas.

Leandro destaca que o principal é realizar a prevenção, mas que é importante procurar um médico se houver uma dor já estabelecida. “É importante procurar um médico para definir um diagnóstico e decidir a melhor estratégia de tratamento. Para esses casos, acredito que os profissionais mais capacitados são os médicos do trabalho, ortopedistas, fisiatras e reumatologistas”, finaliza.

Atenção à postura e ginástica laboral

A Dra Claudia recomenda trabalhar em lugares adequados e evitar posturas indesejáveis no sofá ou na cama. “Uma cadeira confortável, com apoio para os braços, pode ser um bom investimento. Se você tiver dores musculoesqueléticas, não ignore, busque um médico reumatologista para indicar o melhor tratamento”, completa.

Para os profissionais de Fisioterapia, o ideal é prevenir a LER e a Dort por meio de ginástica laboral, que são atividades realizadas durante o expediente, no próprio posto de trabalho, para diminuir a fadiga e prevenir doenças ocupacionais. Praticar atividade física, cuidar da saúde mental e ter um bom relacionamento no ambiente de trabalho também ajudam.

“Manter hábitos de vida saudáveis também são fundamentais, consumir bastante água, manter uma alimentação equilibrada, sono. E realizar atividades físicas como caminhada, musculação e outras”, diz a fisioterapeuta.

Parada de 25 minutos a cada 5 minutos de digitação

Ações simples podem ajudar no combate às lesões por esforço repetitivo. Uma recomendação, para quem trabalha com computadores, por exemplo, é fazer uma parada de cinco minutos a cada 25 minutos de trabalho de digitação, com a realização de alongamentos para aliviar a tensão.

“Não é recomendado utilizar apoio de punho durante a digitação, pois aumenta o risco de provocar compressão nos nervos dessa região. A digitação deve ser feita com os pulsos ligeiramente levantados. Os apoios são projetados para permitir o repouso confortável do punho durante as pausas”, salienta o médico Antonio Carlos da Costa, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão (SBCM).

Alongamentos com as mãos e os punhos também podem ajudar na prevenção, com indicação de um especialista em cirurgia da mão.

“Complicações dessas lesões envolvem a incapacidade temporária, com afastamento por longo período do trabalho, ou até permanente, levando à perda precoce da capacidade produtiva. Por isso, a principal orientação é buscar atendimento ao primeiro sinal de desconforto”, conclui.

Quatro dicas úteis de especialistas

Em relação à prevenção, o médico ortopedista Layron Alves e a reumatologista Maíra Britopara dão algumas dicas para os profissionais que não querem sofrer com o problema. Confira:

– Se você trabalha sentado fique atento com a sua postura, pois ela pode ser um desencadeador do problema. Por isso, mantenha ombros relaxados, pulsos retos e costas apoiadas no encosto da cadeira. Os pés devem estar totalmente apoiados no chão;

– Regule os móveis e equipamentos de trabalho de acordo com as suas características fisiológicas. Passamos quase a maior parte do nosso dia trabalhando, logo as condições para exercer a profissão mesmo em casa devem sempre estar alinhadas com a saúde e qualidade de vida;

– Respeite os limites do seu corpo! Nada de realizar força nem pressões exageradas ou constantes em sua atividade. Em caso de dor constante, evite a automedicação e procure a opinião de um especialista.

– Outra recomendação é que o monitor do computador deverá estar a uma distância mínima de 50 e máxima de 70 centímetros ou de maneira prática a uma distância equivalente ao comprimento um braço. A regulagem da altura da tela deve ser tal que se situe entre 15 e 30 graus abaixo da linha reta de visão.

Recomendações a profissionais

Para prevenir o aparecimento das doenças ocupacionais, a fisioterapeuta e professora da UniAvan deu dicas para profissionais de diferentes áreas:

– Profissional da indústria: como geralmente é um profissional que atua com muitos movimentos repetitivos, a dica é realizar alongamentos antes, durante e depois da prática, principalmente focados nas regiões do corpo mais sobrecarregadas e áreas que passam pelo esforço repetitivo. Procure fazer pausas para evitar a fadiga das áreas trabalhadas, utilizar calçados confortáveis e manter cuidado com a iluminação e ventilação do ambiente de trabalho;

– Profissional do comércio: reveze a postura em pé com a postura sentada e não fique apoiado sempre na mesma perna. Procure fazer algumas pausas e, nos momentos de descanso ou antes e após o horário de trabalho, faça alongamentos principalmente para os membros inferiores e superiores (pernas e braços). Também fique atento ao calçado escolhido para trabalhar, evite rasteirinhas, sapatos muito baixos ou muito altos e sempre escolha as opções de calçado com cerca de 5 cm de salto.

– Profissional de escritório: procure fazer pausas e realize alguns alongamentos, principalmente para os membros superiores, como os braços e mãos. Adeque o mobiliário fazendo com que a tela do computador fique na linha dos olhos, os braços fiquem apoiados, a cadeira deve ter apoio para as costas, ficar bem em frente ao computador e os pés devem ficar apoiados. Também garanta que a iluminação seja adequada;

– Professor: evite permanecer períodos prolongados com o braço elevado, principalmente em posição superior a 90 graus, quando for escrever no quadro. Reveze a postura em pé com a postura sentada e não fique apoiado sempre na mesma perna. Controle o tempo de trabalho no computador para preparação das aulas e tenha um ambiente adequado. Não esqueça de fazer intervalos para descansar. Cuidado com a quantidade de materiais que carrega, procure deixar parte dele em um armário. E é sempre importante realizar alguns alongamentos nos intervalos de trabalho;

– Home office: desde a pandemia, muitas pessoas adotaram esse modelo de trabalho, o que aumentaram esses distúrbios devido à falta de um posto adequado para o trabalho, por isso é necessário que o profissional mantenha um cômodo só para isso, com mobiliário ideal, procure utilizar computador de mesa, posicione a tela para que fique na linha dos olhos, os braços devem ficar apoiados, pode utilizar almofadas para apoio das costas, uma caixa para apoio do pé e, em caso de uso de laptop, é recomendável adaptar um teclado separado, para melhorar a postura do profissional durante o uso do computador. Também é indicado que faça pausas de 10 minutos a cada uma hora e realize ginástica laboral.

Com Assessorias

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