Você sabia que as doenças cardiovasculares, são a principal causa de morte no Brasil, representando cerca de 30% dos óbitos – ou seja, 400 mil pessoas a cada ano, de acordo com o Ministério da Saúde? Desde o início de 2024, o Cardiômetro, criado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), já registrou mais de 240 mil mortes ocasionadas por doenças como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC).
Nem todo mundo sabe, mas o alto nível de colesterol é um dos fatores de risco para o desenvolvimento de alguma dessas doenças, que causam o dobro de mortes que todos os tipos de câncer juntos. Aproximadamente 40% da população adulta brasileira apresentam níveis elevados de colesterol e 20% das crianças e adolescentes também.
No entanto, embora 80% da população afirmar que conhece o termo “colesterol”, apenas 12% sabem, por exemplo, que o colesterol elevado (ou acima do ideal recomendado para o organismo) não gera sintomas aos pacientes, conforme mostrou uma pesquisa do Ipsos para a Novartis. Aliás, o colesterol ruim (LDL) acaba, na verdade, sendo uma das condições de saúde que menos preocupam os brasileiros.
O levantamento pediu aos entrevistados que ranqueassem, de acordo com nível de preocupação, algumas das doenças e condições clínicas mais comuns do dia a dia. Entre as doenças cardiovasculares e metabólicas, lideram o ranking infarto e AVC, seguidos por pressão alta, diabetes e depressão. Enquanto isso, o excesso de colesterol ruim (LDL) preocupa apenas 10% dos entrevistados.
Ainda assim, o levantamento da Ipsos mostra que 50% dos brasileiros acreditam que é possível controlá-lo sem medicação, mesmo quando um paciente se enquadra em um perfil considerado de alto ou muito alto risco. A alimentação (50%) e a eliminação da ingestão de alimentos gordurosos (58%) ainda aparecem, erroneamente, como as principais formas de cuidar do colesterol ruim (LDL),
Beber água com limão reduz o colesterol?
Em meio a esse completo desconhecimento, as fake news se proliferam. Cerca de 20% dos entrevistados no Sul do país acreditam que beber água com limão pode ajudar a diminuir o colesterol. Porém, não há evidências científicas que comprovem a efetividade desta prática.
Os dados também apontam que a região Norte do Brasil apresenta um nível de conhecimento sobre controle e tratamento do colesterol inferior ao das demais regiões brasileiras. Em uma escala de 1 a 10, a média nacional de conhecimento é de 6,1, enquanto a média na região Norte é de 5,7.
Apenas 18% dos nordestinos fazem uso de medicamentos para controle do colesterol. A pesquisa traz o preocupante dado de que 68% desses pacientes de muito alto risco não sabem que precisam manter o colesterol ruim (LDL) abaixo dos 50mg/dL. Quando a amostra é ampliada e inclui os pacientes com colesterol elevado em geral, só 34% fazem uso de medicação para auxiliar na sua redução;
Foram entrevistadas 1000 pessoas em uma amostra espelhada da população brasileira 18+ das classes A, B e C. A amostra contou com 48% dos participantes do sexo masculino e 52% do sexo feminino. Foram entrevistadas pessoas de todo o Brasil: 49% Sudeste, 20% Nordeste, 17% Sul e 15% das regiões Centro-oeste e Norte.
Dia de combater e esclarecer sobre o colesterol
Data reforça a importância da conscientização e monitoramento do colesterol que, em excesso, pode causar doenças cardiovasculares
O colesterol alto é um fator de risco significativo para doenças cardiovasculares, que incluem infartos e AVCs, que têm um alto impacto no número de internações e mortes no Brasil e no mundo. Esta é uma doença silenciosa que, se não for controlada, impacta diretamente na saúde do coração. Muitas dessas mortes podem ser evitadas ou adiadas com cuidados adequados.
O dia 8 de agosto marca o Dia Nacional de Prevenção e Controle do Colesterol, data criada para conscientizar a população brasileira sobre os riscos dos altos níveis de colesterol no sangue, um dos principais inimigos quando se trata de saúde vascular. Em alusão à data, abrimos no “Vida e Ação” uma série especial para abordar o tema.
Datas voltadas para a conscientização, como esta dedicada ao colesterol, são fundamentais para levarmos informação de qualidade para a sociedade, promovendo a prevenção, detecção precoce e, por consequência, mais qualidade de vida”, conta Giuliano Generoso, cardiologista do Hospital Sírio-Libanês.
8 curiosidades sobre esse tipo de gordura
O controle do colesterol é fundamental para prevenir doenças cardiovasculares. A adoção de um estilo de vida saudável, com uma alimentação balanceada e a prática regular de atividade física, é crucial para manter os níveis de colesterol dentro dos limites recomendados e proteger a saúde do coração.
O colesterol é essencial para o corpo, mas quando não controlado, pode causar doença arterial coronariana, que ocasiona infarto e angina, o acidente vascular cerebral (AVC) e a doença arterial periférica”, afirma Giuliano Generoso, cardiologista do Hospital Sírio-Libanês.
Confira abaixo oito curiosidades sobre o colesterol, explicadas pelo especialista:
1. O colesterol desempenha funções importantes no corpo humano
O colesterol, apesar de sua fama ruim, é uma substância essencial para o bom funcionamento do organismo. Ele é fundamental para a formação de membranas celulares e outros componentes do organismo, como hormônios e vitaminas.
2. O corpo humano é capaz de produzir todo o colesterol de que necessita
O corpo humano é capaz de produzir todo o colesterol de que necessita para funções vitais, incluindo a produção de hormônios, como esteroides, cortisol, testosterona e estrogênio, e de vitaminas, como a vitamina D. No entanto, o corpo regula a produção de colesterol e pode ajustá-la conforme necessário, independentemente da quantidade de colesterol ingerido através da dieta. Assim, não é necessário consumir grandes quantidades de alimentos ricos em colesterol para garantir a produção hormonal adequada. Na verdade, consumir excessivamente alimentos ricos em colesterol pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares.
3. O colesterol pode ser dividido em “bom” e “ruim”
O colesterol “ruim” é aquele conhecido como lipoproteína de densidade baixa (do inglês, LDL-c) e como lipoproteína de muito baixa densidade (do inglês, VLDL-c), que podem acumular nas artérias quando em excesso. Portanto, quando os níveis estão elevados, aumenta o risco de desenvolver doenças, como infarto do miocárdio, derrame cerebral e insuficiência arterial.
Agora a lipoproteína de densidade alta (do inglês, HDL-c) é conhecida como colesterol “bom”. A HDL-c é como um caminhão de lixo: transita recolhendo o colesterol em excesso (tanto da LDL-c quanto de outras partes do corpo) e o leva de volta para o fígado, onde é processado e eliminado.
4. A hipercolesterolemia (LDL elevado) ocorre por fatores genéticos e de estilo de vida
Embora fatores comportamentais possam aumentar os níveis de LDL-c, como dieta rica em gorduras saturadas e trans, falta de atividade física, obesidade, tabagismo e diabetes tipo 2, o componente genético/hereditário é também fator de risco muito importante já que, na maioria da população, grande parte dos níveis de colesterol vem da sua produção no fígado.
5. A genética tem um papel importante nos níveis de colesterol
A genética tem um papel importante nos níveis de colesterol, já que influencia a forma como nosso corpo o processa. As pessoas podem herdar genes que fazem o corpo produzir mais colesterol ou ter uma maior dificuldade em removê-lo do sangue.
Em certas condições temos a hipercolesterolemia familiar, que causa níveis extremamente altos de colesterol desde a infância. Em resumo, mesmo que uma pessoa tenha uma alimentação saudável e faça exercícios regularmente, sua genética pode fazer com que ela tenha níveis de colesterol mais altos do que o normal.
6. Todos devem dosar o colesterol e a periodicidade da checagem varia a cada caso
O colesterol quando em excesso demora a apresentar sintomas, em alguns casos, por exemplo, a primeira manifestação da alta do colesterol é um evento como infarto ou derrame, quando já é tarde para prevenir. É uma doença silenciosa e que depende do exame de sangue para que possa ser aferido.
Portanto, é necessário realizar uma primeira triagem de colesterol na infância e, depois, essa dosagem deve ser repetida a cada cinco anos. No caso dos adultos, a checagem deve ser feita cada 1 a 2 anos e pessoas com mais de 65 anos devem submeter-se a exames de sangue anualmente.
7. Existe tratamento para pessoas com colesterol alto
O tratamento inclui tanto medidas não medicamentosas, como hábito alimentar saudável, exercícios físicos regulares, perda de peso, quanto medidas medicamentosas para reduzir os níveis de colesterol no sangue quando necessário.
8. Alguns alimentos podem ajudar a reduzir o colesterol
O colesterol é encontrado apenas em alimentos de origem animal. Assim, embutidos e processados de origem animal devem ser sempre evitados ou consumidos com moderação, pois contém alta carga da substância. Outros alimentos que entram nessa lista são ovos, queijos amarelos, carne vermelha e frutos do mar.
Por outro lado, consumir fibras, como as encontradas na aveia, é uma maneira de reduzir os níveis de colesterol, pois elas ajudam a eliminar a gordura alimentar no intestino, diminuindo a absorção de colesterol, gorduras e açúcares. Além disso, os fitosteróis, presentes no azeite de oliva, linhaça, nozes, castanhas, peixes de água fria, chocolate amargo e abacate, também são eficazes na redução dos níveis de colesterol.
Ainda, frutas, vegetais, grãos, feijões, ervilhas e lentilhas não possuem colesterol, podendo ser considerados para uma dieta mais equilibrada.
Com informações do Sírio-Libanês