A magia da Páscoa pode estar em qualquer lugar, em brincadeiras e pequenos gestos de carinho, assim como nos hospitais públicos do Rio de Janeiro. Durante esta semana que antecede o domingo de Páscoa, quando muitas famílias deverão estar reunidas em torno de um leito de enfermaria ou UTI torcendo pela recuperação dos seus filhos, profissionais de saúde prepararam atividades lúdicas para tornar menos chata a rotina do hospital para crianças e adolescentes.
Em quase todas contaram com a presença de um personagem especial: o coelhinho da Páscoa. Internas no CTI pediátrico do Hospital Estadual Getúlio Vargas (HEGV), no bairro da Penha, zona norte do Rio, em função de uma crise de bronquite e asma, a menina Valentina Guimarães, de 7 anos, deu um forte abraço no Coelho da Páscoa.
Ela também ficou encantada com os presentes de Páscoa, principalmente a coelhinha de crochê que ganhou. Ela até deu nome ao bichinho. “Vai se chamar Tália”, revelou, após dar e não mais desgrudar do brinquedo. E também ficou admirada com a quantidade de guloseimas que recebeu. “Carácoles, tô cheia de chocolate. Vou até levar para casa para dividir com meu irmão Téo”, disse a menina, acompanhada da mãe Sabrina Guimarães.
O pequeno Davi Lucca Xavier, de 3 anos, foi um dos que mais se divertiram com a visita ilustre. Ele não perdeu a chance de ficar no colo do simpático personagem durante a distribuição dos presentes na enfermaria infantil.
Ao lado da mãe, Ana Clara Brandão, ele aproveitou para valer a visita inesperada. “É a primeira vez que o Davi tem contato com um personagem real. Ele também gosta de pintar desenhos”, afirmou a mãe da criança, que está internada por conta de uma pneumonia desde o dia 14 de abril.
Já o menino Samuel Marques, 5 anos, adorou a surpresa ao ver o Coelho da Páscoa chegar perto de seu leito na enfermaria infantil. Ele tratou logo de tascar uma mordida no pirulito de chocolate que ganhou e deu até um pedaço para sua mãe, Géssica Silva de Paula. Samuel foi internado após ter febre e ficar desidratado.
Roupinhas confeccionadas por funcionários também levam alegria às unidades de saúde
A distribuição de caixas de bombons, pirulitos de chocolates, balas, blocos de desenhos para colorir e coelhinhas e coelhinhos de crochê “agitou” os pacientes do Centro de Tratamento Intensivo (CTI) pediátrico, da enfermaria infantil e da emergência do HEGV.
A equipe de Enfermagem, usando orelhinhas de coelho, auxiliou na entrega das guloseimas e brindes. As doações foram feitas por meio de empresários parceiros e são seguidas orientações nutricionais para que os pacientes possam consumir os chocolates.
Além do Coelho da Páscoa, outra atividade que já é tradição nas unidades da rede estadual de saúde é a confecção de vestuário que representa o símbolo da data festiva. Responsável por confeccionar os coelhinhos e coelhinhas de crochê no HEGB, a técnica de Enfermagem Telma de Souza relata que a iniciativa compensa ao ver a alegria e os sorrisos nos rostos das crianças.
Me coloco no lugar das mães que estão acompanhando os pacientes internados. Tudo que pode ser feito para dar alegria aos pequenos é gratificante”, afirma.
Esta quinta-feira, no Hospital Estadual dos Lagos, em Saquarema, Região dos Lagos, foi dia de confeccionar roupinhas e toucas de malha tubular com amarração de orelha de coelhos para serem usadas pelas crianças internadas. Já no próximo dia 22, o coelho fará distribuição de chocolate para os pequenos pacientes.
No Hospital Estadual da Mãe, em Mesquita, na Baixada Fluminense, houve distribuição de bombons e os recém-nascidos internados na UTI neonatal foram fotografados com as orelhinhas de coelho confeccionadas no hospital. As fotos foram dadas de presente para as mães dos bebês como recordação. Também houve entrega de bombons para os colaboradores do hospital.
No Hospital Estadual da Criança (HEC), no bairro de Vila Valqueire, a equipe de recreação da unidade distribuiu caixas de bombons nos ambulatórios e enfermarias, junto com o Coelho da Páscoa, entre os dias 14 e 17.
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Hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na rede municipal do Rio também promoveram atividades para marcar a semana da Páscoa. Além da tradicional visita do coelhinho da Páscoa, o Complexo Souza Aguiar, no Centro do Rio, realizou atividades lúdicas, como caça aos ovinhos, pintura, música e muita diversão.
A ação nesta quarta-feira (16) levou alegria e afeto aos pequenos pacientes internados nas unidades pediátricas do .Hospital Municipal Souza Aguiar (HMSA). Uma das crianças que participaram da atividade foi Milena Ventura, que levou quatro tiros há seis meses e, no momento, está cadeirante.
A mãe, Bruna Ventura, destacou a importância desse tipo de atividade para as crianças. “Fico muito feliz pela Milena ter participado. Esta é a segunda internação dela, e é muito bom para ela se distrair do ambiente hospitalar.”
As crianças que, por questões clínicas, não puderam participar das atividades coletivas, foram contempladas com a visita do coelhinho em seus leitos, onde receberam ovos de chocolate.
As mães dos recém-nascidos, do Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Holanda também foram lembradas com carinho pela equipe. Em média, o hospital e o CER Centro – também ligado ao complexo – realizam mensalmente mais de 11 mil atendimentos de urgência e emergência, e a maternidade mais de 350 partos.
Já em Realengo, na zona oeste do Rio, o Hospital Municipal Albert Schweitzer (HMAS) levou encanto e acolhimento às crianças internadas no período do feriado. Nesta quinta (17), o coelhinho da Páscoa percorreu as enfermarias pediátricas, cumprimentou os pequeninos, fez fotos e convidou todos para uma oficina temática muito especial. Na atividade, as crianças confeitaram seus próprios chocolates e também ganharam pintura facial.
Hemorio tem distribuição de ovos, bombons e barras de chocolate
Cerca de mil itens foram doados por empresas e pessoas físicas, fortalecendo o gesto de solidariedade
Ainda na rede estadual, o Hemorio realizou na quarta-feira (16), a distribuição das doações de barras de chocolate, caixas de bombom e ovos de Páscoa arrecadados durante a campanha Páscoa Solidária. Pacientes onco-hematológicos e hematológicos adultos e infantis receberam as guloseimas, que foram entregues pela equipe da unidade e voluntários.
Cerca de mil itens foram doados por empresas e pessoas físicas, comovidas com o apelo do principal hemocentro do Estado do Rio. Este ano, as doações superaram as expectativas da organização da campanha. A equipe entregou os doces para mais de 500 pacientes internados e em tratamento no ambulatório e na internação, sempre acompanhada de cosplays de animes e do tradicional coelho da Páscoa.
Paciente do Hemorio, Sofia Silva, de 12 anos, moradora de Nova Iguaçu, estava acompanhada da mãe, Diana, e recebeu um ovo de Páscoa das mãos dos voluntários.
Faço tratamento aqui no Hemorio desde pequena e já estive internada muitas vezes. É uma alegria muito grande para os pacientes receber esse carinho dos voluntários. Quero muito agradecer a todo mundo que doou este ano na campanha”, disse a jovem, que faz tratamento para anemia falciforme.
A importância da humanização no atendimento hospitalar
Para a chefe do setor de Humanização do Hemorio, Alessandra Ribeiro, a campanha de Páscoa Solidária ajuda a humanizar ainda mais o ambiente hospitalar e a fortalecer a conexão entre pacientes, voluntários e a equipe de saúde.
É realmente essencial, trazendo um pouco de alegria e esperança para os pacientes, que enfrentam momentos difíceis. O carinho e o acolhimento são fundamentais para a recuperação emocional deles, mostrando que, mesmo em meio ao tratamento, ainda há espaço para momentos felizes e solidários.
Por meio da sua Comissão de Humanização, o Hospital Municipal Albert Schweitzer também mostra que ações simples, porém guiadas pelo afeto e pela escuta, têm o poder de transformar o ambiente hospitalar e promover um cuidado mais completo.
A ação no HMAS teve como objetivo tornar o ambiente hospitalar mais leve e afetivo, em um momento delicado como a internação. A proposta vai além da recreação e faz parte da missão da Comissão, que trabalha para promover um ambiente mais empático e cuidadoso com todos que passam pela unidade.
Essas atividades criam um ambiente mais acolhedor, reforçam valores como empatia, solidariedade e alegria, além de tornarem o espaço institucional mais humano e proporcionarem experiências que contribuam para o bem-estar não só das crianças, como dos colaboradores”, disse a coordenadora do Setor de Psicologia, Ana Paula Pereira.
Para a coordenadora de Nutrição, Hive Dias, fazer parte da Comissão é um privilégio:
A gente sente na prática o quanto o acolhimento e o cuidado transformam o dia do paciente. Uma simples ação torna-se gratificante quando conseguimos arrancar um sorriso. Nessas ações onde incluímos algum tipo de alimento, como o chocolate da Páscoa, também percebemos que eles carregam muita memória afetiva trazendo esse conforto ao paciente.”
Alívio do estresse e da ansiedade nas crianças internadas
Não há números que comprovem o impacto das atividades de humanização para a recuperação dos pacientes. Mas para especialistas em Pediatria, Psicologia, Enfermagem, Assistência Social e muitas outras especialidades envolvidas na ‘linha de frente’ dos hospitais, além de gratificantes, essas atividades são fundamentais para aliviar o estresse e a angústia da internação.
Viviane Saeger, chefe do serviço de pediatria do Souza Aguiar, afirma que a hospitalização pode impactar significativamente no desenvolvimento da criança, interferindo em sua qualidade de vida.
Para enfrentar essa situação, atividades lúdicas como, brincadeiras, música, pintura, tem se mostrado uma estratégia eficaz para contornar essa situação. Ações como essa são fundamentais para promover a melhora física e emocional das crianças”, disse
Quem está no comando das unidades de saúde também enxergam benefícios. “Estar em um hospital é sempre difícil para qualquer paciente, mas para as crianças pode ser ainda mais difícil. Por isso a importância de ações lúdicas que suavizem esse período e contribuam para o bem-estar emocional dos pequenos pacientes e familiares”, diz a diretora geral do Complexo Souza Aguiar, Paula Travassos.
Para o diretor-geral do Hospital Estadual Getúlio Vargas (HEGV), Paulo Ricardo Lopes da Costa, a distribuição dos chocolates pelo Coelho da Páscoa e outras atividades lúdicas ao longo do ano minimizam o estresse e a ansiedade das crianças internadas ou em tratamento.
É uma forma de atenuar e humanizar a estadia delas no hospital, ajudando ainda as famílias a superarem as dificuldades e levando alegria para as crianças“, afirma.
O coordenador da Assessoria Técnica de Humanização da Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ), Rafael Fornerolli, explica a importância dessas atividades. Ele lembra que o setor incentiva, há alguns anos, a comemoração de datas festivas dentro das unidades estaduais de saúde.
A Páscoa é uma data muito especial, de cunho familiar, um momento de confraternização e reflexão. Criamos algumas ações lúdicas para os pacientes e suas famílias, com distribuição de doces e brinquedos, com a participação de personagens, como o Coelhinho da Páscoa“, afirma Fornerolli, destacando que as ações também envolvem os funcionários das unidades num momento de união e de grande acolhimento.
Com Assessorias