Após ter registrado queda na cobertura vacinal, principalmente durante a pandemia do novo coronavírus, o número de crianças imunizadas contra diversas doenças voltou a crescer em todo o estado de São Paulo.  Em alguns casos, como no das vacinas BCG, contra a tuberculose, e rotavírus, que ajuda a proteger contra a gastroenterite, o estado conseguiu atingir a meta necessária de população vacinada para evitar a circulação da doença.

Os dados foram divulgados pelo secretário estadual da Saúde, Eleuses Paiva, nesta quinta-feira (27). Segundo ele, em 2024, houve aumento de cobertura de todos os imunizantes previstos no calendário básico infantil. Esse crescimento, informou ele, chegou a ser superior à média nacional de vacinação.

Segundo o Ministério da Saúde, a vacinação é uma das estratégias mais eficazes para preservar a saúde da população. Além de prevenir doenças graves, a imunização contribui para reduzir a disseminação desses agentes infecciosos na comunidade, protegendo aqueles que não podem ser vacinados por motivos de saúde.

Uma preocupação nossa era com a poliomielite. Nós tínhamos, quando o governo assumiu, uma cobertura vacinal em torno de 77% e passamos para 91,73%, um aumento de 14.6 pontos percentuais. No caso da tríplice viral – e aqui estamos falando em sarampo, caxumba e rubéola ─ nós saímos de 78,42% para 98,65%”, destacou o secretário. “Nossa grande preocupação era a poliomielite, que teoricamente está erradicada em nosso território, mas há diversos países no mundo onde ela é endêmica”, acrescentou.

Com pelo menos 20 mortes confirmadas desde dezembro, a febre amarela era outra preocupação do governo de São Paulo. “Quando chegamos no estado de São Paulo [o governo Tarcísio de Freitas], sabe qual era a cobertura para febre amarela? Em torno de 64%. Agora, fomos para 80,6%. Estamos, neste momento, em uma campanha em todo o estado de São Paulo para cobertura de febre amarela”, destacou ele.

Desinformação: ‘Tá com dúvidas sobre vacinas?’

Para o secretário, o aumento da cobertura vacinal infantil em todo o estado de São Paulo, pode ser explicado principalmente pelo combate às fake news e aumento de informação qualificada sobre a importância da imunização.

Era importante a gente levar a informação adequada [para aumentar a cobertura vacinal]. Começamos uma campanha de vacinação, e lançamos um site, o Vacina 100 Dúvidas. Dentro desse site, estão as 100 perguntas mais frequentes que as pessoas fazem, junto com as respostas”, acrescentou.

Além disso, informou o secretário, a campanha Tá com dúvidas sobre vacinas? Chama o VARcina, ajudou a combater as fake news, levando informação para a população por meio de uma cabine inspirada no VAR, árbitro de vídeo do futebol. Outra estratégia importante que contribuiu para o crescimento da cobertura vacinal, destacou ele, foi o aumento do financiamento da atenção básica.

O aumento da cobertura vacinal mostra que estamos no caminho certo. A implementação do IGM (Incentivo à Gestão Municipal) SUS Paulista, com repasses que aumentaram de R$ 150 milhões, até 2022, para R$ 1,5 bilhão, nos últimos dois anos, impulsionou os municípios a ampliar a vacinação. Além da conscientização para levar a informação correta à população”, ressaltou.

O IGM SUS Paulista prevê repasses per capita entre R$ 4 e R$ 40, garantindo investimentos com impacto direto na melhoria da atenção primária. Além disso, municípios que alcançarem 90% das metas do Incentivo de Gestão Municipal podem receber valores adicionais, ampliando os recursos para a saúde local.

 

Percentual do público-alvo vacinado em 2022 e 2024 no estado de SP
Vacina Cobertura em 2022 Cobertura em 2024
Tríplice viral (D1) 78,42% 98,65%
Febre amarela 64,4% 81,16%
Pentavalente 76,74% 91,77%
Poliomielite 77,13% 91,73%
Rotavírus 77,21% 90,13%
Meningocócica C 78,19% 90,15%
BCG 82,13% 90,25%
Apesar dos recentes avanços na imunização apresentados pelo Estado de São Paulo,  a saúde pública na capital, a maior cidade do país, ainda enfrenta muitos desafios. Um estudo divulgado esta semana pela Rede Nossa São Paulo revelou que a distribuição de equipamentos de saúde desigual na cidade de São Paulo influencia indicadores importantes para a qualidade de vida da população, e afeta as regiões mais periféricas da cidade e bolsões de pobreza no centro.

análise, que compõe um recorte específico do Mapa da Desigualdade,  ferramenta pensada pela organização para auxiliar gestores públicos e sociedade civil a identificar prioridades é construída a partir de levantamento de dados oficiais em diferentes áreas.

O estudo se debruça sobre cinco indicadores da área da saúde: mortalidade materna, mortalidade infantil, incidência de dengue, tempo médio para consultas na atenção primária e mortalidade por doenças do aparelho respiratório. Esta divisão retrata o desenvolvimento destes indicadores nos 96 distritos da cidade.

Agregados, os dados mostram que as Regiões Norte e Leste são as mais carentes de serviços públicos e infraestrutura em saúde, principalmente nas áreas mais próximas das divisas ao norte, com outros municípios da região metropolitana como Cajamar, Caieiras e Mairiporã, e da região leste, como Guarulhos, Itaquaquecetuba, Poá e Ferraz de Vasconcelos.

Bairros mais centrais tem melhores indicadores, o que não ocorre, porém, na região do Pari e Brás, há décadas marcadas por ocupações e cortiços e que atraem a população pela proximidade com áreas de comércio popular.

Os dados refletem o distrito de residência da pessoa. No topo do ranking aparecem os distritos do Itaim Bibi, Pinheiros e Moema. Na outra ponta, Ponte Rasa, São Miguel e Pari.ranking considera sete indicadores: idade média ao morrer e gravidez na adolescência (já divulgados anteriormente) e os cinco que estão sendo publicados nesta fase.

O resultado é muito contundente. Grandes manchas vermelhas mostram o pior desempenho e estão concentradas nas áreas mais periféricas da cidade”, explicou Igor Pantoja, coordenador de Relações Institucionais da Rede Nossa São Paulo e do Instituto Cidades Sustentáveis.

Pantoja aponta ainda que algumas regiões tem desequilíbrios específicos, em alguns indicadores, enquanto apresentam resultados positivos em outros. O distrito Jaguara, por exemplo, é aquele com maior incidência de casos de dengue, porém não tem registro de mortalidade materna. Os dados completos podem ser consultados diretamente no site da Rede.

Questionada sobre as desigualdades, a Secretaria Municipal de Saúde informou que foram entregues 93 equipamentos de saúde desde 2021, e que há 1.055 unidades municipais de saúde distribuídas por toda a cidade. 

Segundo a pasta, “todas as UBSs atendem demandas espontâneas, servindo como porta de entrada do sistema de saúde”. A gestão destacou também o aumento de Unidades de Pronto Atendimento, de 3 para 33 nos últimos quatro anos, e a transformação de 12 dos 17 Hospitais Dia em unidades de atendimento 24 horas, capazes de realizar cirurgias de baixa e média complexidade.

Da Agência Brasil

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