E depois da bolha de calor, que levou a sensação térmica a registrar incríveis 62 graus no Rio de Janeiro, vêm aí as ‘chuvas extremas’. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê entre 200 e 500 mm de precipitação acumulada em apenas três dias (entre sexta-feira e domingo, dias 22 e 24), sobre o estado, principalmente na capital, Região Metropolitana e Região Serrana. Para se ter ideia, em todo o mês de março, o volume de água não chega a 120mm.

Diante do alerta, 35 organizações e coletivos socioambientais – entre os quais Greenpeace BrasilCasa Fluminense, Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), Coalizão O Clima é de Mudança – enviaram ao governador Cláudio Castro no nesta quinta-feira (21) um ofício (leia aqui) em que recomendam a adoção de cinco ações emergenciais, a fim de proteger a população e evitar tragédias como as ocorridas em eventos climáticos anteriores.

“As ações recomendadas consideram, principalmente, os impactos desproporcionais de eventos climáticos extremos sobre determinados locais e grupos sociais mais vulneráveis”, diz o comunicado. Dentre as recomendações, está a gratuidade no sistema de transporte viário nas áreas de risco, a fim de garantir, principalmente, o deslocamento da população até os locais de abrigamento do poder público municipal ou estadual.

“A sugestão de gratuidade no serviço viário ou de oferta de transporte para os locais de abrigamento tem por objetivo evacuar as pessoas dos locais de risco antes do risco ser iminente. Além disso, consideramos que os ônibus são estruturas grandes e de peso relevante, que não sofrem os mesmos impactos dos veículos automotores de pequena capacidade”, afirma o coordenador da frente de Justiça Climática do Greenpeace Brasil, Igor Travassos.

O ambientalista também destaca o pedido de suspensão das aulas e do trabalho presencial nas áreas de risco do estado. “Suspender aulas e o expediente de trabalho nestes dias tem como objetivo diminuir a circulação das pessoas. Várias das mortes em tempos de fortes chuvas não acontecem somente em desmoronamento, mas também em casos em que as pessoas são arrastadas pelas correntezas e acabam se afogando”, diz Travassos.

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“Não é a chuva que mata e sim a omissão’, diz ativista

Para a coordenadora da Casa Fluminense, Larissa Amorim, a lista de recomendações é “um pedido de socorro das favelas, bairros e cidades do Rio de Janeiro, que mais uma vez se movimentam em busca de soluções diante da previsão de tempo para o final de semana”. “Nós precisamos que o Governo do estado faça a sua parte para proteger vidas e reduzir perdas, evitando que mais uma grande tragédia aconteça. Não é a chuva que mata, e sim, a omissão.”

As ONGs também pediram “reforço às ações, estrutura e efetivo da Defesa Civil durante o período de alerta e disponibilização do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Polícia Civil para suporte às operações de auxílio à população”. A informação é a principal arma para evitar novas tragédias humanas, como as que vêm ocorrendo nos últimos temporais sobre o estado, decorrentes das mudanças climáticas que elevam as temperaturas e aumentam o nível do mar.

“Neste ofício, alertamos que os governos municipais precisam manter sempre a população informada sobre os locais seguros para abrigamento, partindo do princípio que a Prefeitura já tem um mapeamento de risco destes locais”, afirma Travassos.

Horas depois, algumas das medidas recomendadas pelo movimento foram atendidas pelo governador, como a suspensão de aulas em todas as instituições de ensino localizadas em territórios impactados pelas fortes chuvas previstas para o estado. Pelas redes sociais, o governador ainda pediu que a população evite sair de casa.

Para evitar a circulação de pessoas e mais riscos de acidentes, Estado, prefeituras e outros órgãos e empresas públicas decretaram ponto facultativo e várias empresas liberaram o trabalho em home office. O Tribunal de Justiça do Rio suspendeu um evento para lançar um programa de apoio à  população em situação de rua na capital.

Governador pede que população fique em casa

“Peço à população para ficar em casa, em local seguro, para evitar transtornos. Falei com a Alerj e o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro para suspender os trabalhos e vou orientar os prefeitos para que decretem ponto facultativo. Estamos com maquinário nas áreas com maior risco para dar respostas rápidas à população fluminense”, afirmou o governador nesta quinta-feira (21/03).

Ele anunciou um plano de contingência para reduzir os impactos das fortes chuvas previstas para os próximos dias e decretou ponto facultativo para esta sexta-feira (22). Castro se reuniu com secretarias e órgãos estaduais, no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), para alinhar as ações e reduzir o tempo de resposta do Governo do Estado aos municípios prejudicados pelo temporal.

Segundo o monitoramento da Defesa Civil, os municípios em estágio de alerta são Guapimirim, Nova Iguaçu, Belford Roxo, São João de Meriti, Magé e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense; Volta Redonda, no Sul Fluminense; Petrópolis, Teresópolis, São José do Vale do Rio Preto e Areal, na Região Serrana.

A Secretaria de Estado de Saúde mobiliza 11 automóveis (picapes) na sede da secretaria, no Rio Comprido, Zona Norte do Rio, para deslocamento a municípios que forem afetados. Médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem estão preparados para atuar de imediato.

Todas as escolas permaneçam abertas nos próximos dias – incluindo final de semana – funcionando, em caso de necessidade, como pontos de apoio, para atender à população. Já a Polícia Civil determinou reforço nas perícias médico-legal e papiloscópica para o período das fortes chuvas.

A Secretaria de Energia e Economia do Mar emitiu um alerta para que as concessionárias de energia elétrica que atuam no Estado do Rio de Janeiro se preparem para ativar seus planos de contingência, caso seja necessário, estabelecendo estágio de prontidão ou equivalente, no caso de interrupções no fornecimento.

O Centro de Gerenciamento de Riscos e Emergência em Energia, vinculado à Secretaria, atua cobrando das concessionárias de energia que serviços essenciais, como hospitais, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), escolas, batalhões da Polícia Militar, quartéis do Corpo de Bombeiros e delegacias, entre outras, tenham prioridade no restabelecimento de energia.

Bombeiros reforçam o efetivo

A Secretaria de Estado de Defesa Civil (Sedec-RJ) também segue alerta, mobilizada 24 horas por dia, para prevenir desastres. O efetivo do Corpo de Bombeiros e Defesa Civil foi reforçado com mais de 2 mil homens à disposição por dia, 440 viaturas terrestres, aquáticas e aéreas. Todas as folgas foram canceladas.

Os bombeiros contam ainda com apoio de novas ambulâncias; caminhões de busca e salvamento; ferramentas desencarceradoras para cortar estruturas metálicas, motosserras para cortar estruturas de concreto, em caso de deslizamentos e desabamentos; barcos de alumínio para socorro a pessoas ilhadas e sonares de última geração, capazes de buscas subaquáticas em caso de inundações/alagamentos.

De 1° de janeiro até 20 de março de 2024, o CBMERJ já atendeu a 766 ocorrências de deslizamentos, desabamentos, inundações e alagamentos relacionados às chuvas em todo o estado. Foram 648 eventos em janeiro, 98 em fevereiro e 20 em março.

Equipes de meteorologistas, geólogos e hidrólogos do Centro Estadual de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden-RJ) acompanham, ininterruptamente, as condições climáticas e os níveis pluviométricos em todo o território, emitindo alertas de risco quando necessário.

A Defesa Civil Estadual também mantém contato diário com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e com o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) para compartilhamento de dados e recomendações sobre as condições meteorológicas do Estado.

Segundo o Cemaden-RJ, a chegada de uma frente fria, entre a noite de quinta e a madrugada de sexta-feira (22), provocará chuvas moderadas a muito fortes (acima de 20mm/h) a qualquer hora, acompanhadas de raios e rajadas de ventos moderados a fortes, gerando altos acumulados (acima de 200mm/48h) até o domingo (24).

Defensoria divulga canais de atendimento

Em razão das fortes chuvas previstas para cair sobre o Rio de Janeiro nesta sexta-feira e fim de semana (dias 22, 23 e 24), a Defensoria Pública do Estado (DPRJ) atenderá seus usuários em regime de plantão remoto.  A instituição estará disponível por meio do App Defensoria RJ, disponível nas lojas de aplicativo de celular, assim como pelo número 129, para o qual é possível ligar gratuitamente.  Outra opção é enviar um e-mail para os órgãos de plantão da Defensoria.

Com informações do Greenpeace Brasil, GovRJ e Defensoria RJ

 

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