A Páscoa é a época do ano que mais consumimos chocolate, sem peso na consciência. Os chocólatras de plantão podem comemorar, pois o chocolate é um dos alimentos que ajudam no desenvolvimento da memória! E ainda faz bem para a vista! Reunimos aqui informações que você precisa saber sobre o alimento que é queridinho da maioria das famílias brasileiras, principalmente neste domingo de Páscoa.
Apesar de ser uma grande fonte de açúcar, a ingestão da guloseima pode trazer vários benefícios para o nosso bem-estar; inclusive, pode ser positivo para a saúde do nosso cérebro. A principal matéria-prima do chocolate, o cacau, possui compostos que auxiliam diretamente no combate à depressão e aos sintomas da ansiedade, como antioxidantes e flavonoides.
Mas não é só o nosso bom humor que é influenciado pelo chocolate. Pesquisadores italianos da Universidade de L’Aquila desenvolveram um estudo recente, que comprova os benefícios do chocolate para o cérebro. O estudo mostra que o consumo de chocolate a longo prazo e de forma regular traz ganhos positivos nas nossas atividades cognitivas, como ativação da memória, melhora na atenção e maior rapidez de raciocínio.
Para realizar o estudo, participantes de todas as idades foram divididos em grupos e fizeram uma ingestão de chocolate, em barras ou bebidas, em quantidades variáveis. Os benefícios foram percebidos principalmente para os 60+. O consumo a longo prazo em poucas quantidades desenvolveu e melhorou os níveis de atenção e raciocínio dos participantes e auxiliou na memória recente e até na dicção.
Integrantes da pesquisa que já apresentavam um quadro de problemas de atenção e memória tiveram avanços importantes e perceptíveis. Adultos também tiveram avanços significativos, principalmente, nas mulheres.
Os flavonoides, compostos orgânicos vegetais presentes no cacau, possuem ação antioxidante, anti-inflamatória e ainda ajudam na absorção de vitaminas e no fluxo sanguíneo do cérebro – fator que também ajuda a reduzir os níveis da pressão arterial. Estes compostos são encontrados em maior quantidade nos chocolates amargos devido à maior concentração de cacau; mas, a versão ao leite também ajuda nas funções cognitivas!
Para que esses benefícios sejam visíveis, o ideal é que haja um consumo diário do alimento. Mas sem exageros; uma barra inteira de chocolate contém grandes quantidades de gordura e açúcar, que pode desencadear problemas como diabetes e aumento de peso.
O ideal é entre um ou dois quadradinhos por dia; principalmente, a versão 70% cacau, rica em flavonoides. Quer desculpa melhor para se deliciar com esse doce? Podemos aproveitar a Páscoa e comer chocolate; com moderação, mas sem culpa!
Benefícios à saúde ocular
Estudos mostram que o chocolate do tipo amargo com, no mínimo, 60% de cacau, faz bem à saúde ocular. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier não quer dizer que você pode exagerar no consumo. ”A diferença entre veneno e remédio é a dose”, salienta. Quatro quadradinhos/dia, ou 70% gramas é o ideal para você incluir o chocolate na alimentação e seu organismo ficar só com a parte boa da iguaria.
O médico destaca que a concentração mínima de 60% de cacau garante alta concentração de polifenóis que mantêm a flexibilidade das artérias. “Isso faz com que melhora toda a circulação, inclusive da retina” explica. O resultado é a diminuição do risco de DMRI (Degeneração Macular Relacionada à Idade) e das doenças cardiovasculares.
Para se ter ideia do impacto na saúde, Queiroz Neto afirma que hoje a DMRI atinge 3 milhões de brasileiros com mais de 65 anos e é apontada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como a maior causa global de cegueira irreversível. O sinal de alerta desta doença é enxergar tortuosidade em linhas retas, salienta.
Por isso, para maiores de 65 anos recomenda fazer um teste simples, fixando um olho e depois o outro em uma moldura de porta. Caso enxergue o contorno sinuoso deve procurar um oftalmologista imediatamente. A perda da visão decorrentes da degeneração macular, explica, é causada em 90% dos casos pelo rompimento de neovasos que se formam na retina. A aplicação de laser para secar estes neovasos e de injeções intravítreas pelo oftalmologista podem impedir a cegueira.
Prevenção da catarata
O especialista afirma que o cacau também é rico em flavonoides, um potente antioxidante que combate a formação de radicais livres e adia a formação da catarata, opacificação do cristalino que apesar de ser tratável responde por quase metade da cegueira no Brasil. O nosso organismo, comenta, produz radicais livres o tempo todo. Por isso, não tem como evitar a catarata. Mas se utilizarmos um mecanismo que os elimine, evitamos a degeneração precoce das células. Quando a catarata se forma não existe medicamento que devolva a transparência à lente do olho. O único tratamento é a cirurgia em que o cristalino, lente natural do olho, é substituído por uma lente intraocular para evitar a perda da visão.
Risco de retinopatia diabética cai, diz pesquisa
Queiroz Neto ressalta que o resultado de um estudo italiano realizado na Universidade de L’Aquilia com portadores de diabetes do tipo 2, demonstrou que o consumo de uma barra de chocolateamargo/dia diminuiu em quase 30%. a resistência a insulina desenvolvida pelas células de quem tem a doença. Significa que o alimento também evita a retinopatia diabética em pessoas que já convivem com o diabetes tipo 2 há mais de 10 anos.
O sinal da retinopatia é a formação de manchas na visão. Isso acontece devido ao acúmulo de glicemia na corrente sanguínea que obstrui os vasos retinianos e leva à formação de neovasos. O tratamento é similar ao da degeneração macular – aplicação de laser e injeções antiangiogênicas.
O especialista destaca que as diferenças genéticas, de metabolismo, capacidade de absorção e outros fatores faz com que as pessoas reajam de forma diferente a um mesmo alimento. Ainda assim, conclui, a comprovação das propriedades do cacau sugere que o chocolate pode funcionar como um aliado da saúde ocular.
Cuidado com o sono
Apesar de ser motivo de alegria, tanto da criançada quanto dos adultos, em excesso pode acarretar prejuízos à saúde, principalmente ao sono. O chocolate contém cafeína em doses que variam de acordo com o tipo. As versões meio amargas são as campeãs: a cada 450 gramas, são 30 miligramas da substância, o que equivale a uma xícara de chá instantâneo.
Parece pouco, mas o descanso noturno pode ser prejudicado, principalmente se há alta ingestão do alimento próximo ao horário de dormir”, conta a Consultora do Sono da Duoflex, Renata Federighi.
“Em doses moderadas, a cafeína produz ótimo rendimento físico e intelectual, aumenta a capacidade de concentração e auxilia na reação aos estímulos sensoriais. Já em doses exageradas, esse consumo pode causar sintomas que comprometem o sono, como ansiedade, nervosismo, tremores musculares e taquicardia”, completa.
Um estudo da instituição americana National Sleep Foundation (Fundação Nacional do Sono), mostrou que o efeito da cafeína presente em uma barra de chocolate tem duração de três a quatro horas no corpo, chegando a 12 horas dependendo do organismo. “Por isso, para que a qualidade do sono não seja afetada, recomenda-se ingerir o doce pelo menos três horas antes de dormir e evitar exageros”, orienta Renata.
Apesar dos cuidados necessários, vale lembrar que 50 gramas de chocolate por dia, estimula a produção de serotonina, responsável pelo relaxamento do corpo e pela sensação de bem-estar. “Com moderação, a guloseima pode se tornar um aliado à saúde. O meio amargo é o mais indicado para uma alimentação saudável”, finaliza a consultora da Duoflex.
Bom para o coração, mas engorda
Além de boas quantidades de cálcio, cobre e magnésio, um dos principais componentes presentes no chocolate são os chamados compostos bioativos, grupo de substâncias cuja capacidade antioxidante pode reduzir a ação de radicais livres, moléculas prejudiciais ao organismo e que podem acelerar o envelhecimento precoce e o surgimento de doenças.
Mais especificamente, os flavonoides presentes em chocolates com alto teor de cacau, são os compostos bioativos mais importantes desse alimento, e estão associados a redução no risco de doenças cardiovasculares e certos tipos de cânceres, por exemplo, em razão de sua função antioxidante.
O chocolate amargo apresenta uma rica quantidade de antioxidantes, como os flavonoides, cuja ação inibe o acúmulo de LDL no sangue (colesterol ruim), o que ajuda no combate à aterosclerose, que é o acúmulo de gordura nas artérias e pode causar infarto e AVC.
Diversos estudos na literatura observaram que o consumo moderado de chocolate com alto teor de cacau, além de não impactar no peso ou no nível glicêmico dos indivíduos, se mostrou capaz de melhorar o perfil lipídico e diminuir a pressão arterial, colaborando para a prevenção de doenças do coração.
“Além das conhecidas propriedades cardioprotetoras, o chocolate também auxilia na produção de serotonina, um tipo de hormônio que provoca uma sensação de bem-estar e está associado à regulação do sono, apetite e humor”, acrescenta a nutricionista.
No entanto, é importante ressaltar que, quando consumido em excesso, o chocolate pode impactar negativamente na saúde, promovendo o ganho de peso e alterações na glicemia.
Embora os benefícios do chocolate contra as doenças cardiovasculares sejam comprovados, é importante ressaltar que o consumo deve ser em pequenas quantidades, pois o chocolate contém gordura saturada e açúcar que, em excesso, podem trazer efeitos nocivos à saúde, além de ganho de peso.
O consumo moderado de chocolate é de 30 gramas diárias. Alguns tipos são mais saudáveis enquanto outros são mais calóricos e contém mais quantidade de gordura”, explica Maria Fernanda Vischi D’Ottavio, nutricionista do Clinic Check-up HCor.
CHOCOLATE X DIABETES
Muitos associam o diabetes ao consumo de doces – ao receber o diagnóstico da doença, é comum que as pessoas automaticamente pensem que terão que abrir mão de alimentos prazerosos, como o chocolate. Inclusive em datas comemorativas como a Páscoa, em que o doce se faz tão presente. Porém, quem tem diabetes realmente não pode consumir chocolate?
A nutricionista Tarcila Ferraz de Campos, vice-presidente do Departamento de Nutrição da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), orienta que, desde que o consumo seja realizado dentro da quantidade de carboidratos diária permitida, a pessoa com diabetes não precisa abrir mão do doce. “Para comer chocolate, é necessário apenas ter o controle da quantidade de carboidratos diária permitida. Além disso, a pessoa com diabetes pode procurar amenizar os efeitos do chocolate sobre a glicemia consumindo o produto após a refeição, como sobremesa. A presença de outros nutrientes, inclusive das fibras, faz com que a absorção não seja tão imediata e não eleve tão bruscamente a glicemia”, afirma.
De acordo com a nutricionista, o chocolate diet, vendido com uma opção para quem precisa reduzir a ingestão de açúcar, pode não ser uma alternativa tão saudável assim para quem tem diabetes. “Ele tem praticamente a mesma quantidade de carboidrato de um chocolatetradicional e, algumas vezes, tem mais gorduras e consequentemente mais calorias. Pela falta da sacarose (açúcar) na formulação, a indústria acrescenta outros tipos de carboidratos e gordura para dar sabor. Para checar se a troca do chocolate normal pelo diet vale a pena, é preciso avaliar o rótulo do chocolate selecionado”, explica.
Algumas alternativas, como a alfarroba e o chocolate amargo, podem garantir uma Páscoa saudável e, ainda assim, saborosa. “A alfarroba, por exemplo, tem sido utilizada como substituto do cacau para intolerantes à lactose ou celíacos. Apesar de ter sabor similar ao do chocolateamargo, trata-se de uma vagem que, após torrada e moída, resulta em uma farinha e pode ser utilizada em produtos que se assemelham ao cacau. Já o chocolate amargo é o mais rico em antioxidantes, porque tem mais massa de cacau e menos manteiga de cacau. Como o próprio nome diz, é amargo ao paladar, pois possui reduzido teor de açúcar”.
Independentemente da opção escolhida, o importante é levar em conta a quantidade de carboidratos diária permitida e, dessa forma, se deliciar com o que a Páscoa tem a oferecer. “Opte pelas opções mais saudáveis e aproveite esse momento em família. Não deixe de tomar seus medicamentos e/ou insulina e mantenha a monitorização da glicemia para entender como ela se comporta nesses dias em que fazemos uso de alimentos diferenciados”, finaliza Tarcila.
Qual o melhor tipo de chocolate?
Além do sabor inconfundível, o chocolate pode ser uma fonte energética e de nutrientes importantes ao organismo. Por isso, é bom escolher um chocolate saudável e nutricionalmente equilibrado. Quanto mais cacau, maior a concentração de antioxidantes e estimulantes. O mais recomendado é o chocolate amargo, com 70% ou mais de cacau. O tipo meio amargo, entre 40% e 60% de cacau, deve ser uma opção secundária, pois contém mais açúcar.
A versão ao leite é bem mais calórica, pois leva mais leite e açúcar do que cacau. Já o chocolate branco, se possível, deve ser evitado, pois é composto por manteiga de cacau, açúcar, leite e gordura saturada, que em quantidades elevadas podem prejudicar a saúde.
O que determina a qualidade do chocolate que consumimos é a concentração de amêndoas de cacau presente no produto, isto é, a concentração de cacau é proporcional à quantidade de antioxidantes presentes no alimento.
Embora o consumidor, geralmente, opte pelo chocolate ao leite, este possui, em média, 30% de cacau em sua composição e, consequentemente, reduzido teor de componentes antioxidantes em comparação à versão meio amarga, que possui cerca de 41% de cacau, e amarga, com 70% ou mais de cacau. O chocolate branco, por sua vez, elaborado a partir de manteiga de cacau, açúcar e leite, possui, aproximadamente 4% de cacau.
Portanto, o consumidor deve dar preferência aos chocolates amargos de boa procedência, uma vez que são fabricados a partir de uma elevada concentração de cacau, baixa adição de açúcares e sem o acréscimo de leites e/ou derivados.
Portanto, nesta Páscoa, invista na escolha de ovos que contenham, preferencialmente, o chocolate amargo, para obter o melhor dos benefícios desse alimento, evitando também os exageros. Seguindo esses passos, o chocolate pode sim fazer parte de uma alimentação equilibrada e saudável.
Da Redação, com Assessorias