Atividades foram levadas a escolas do Rio esta semana na ação Neuro em Dia (Foto: Divulgação)
Alerta para celular ao volante: atividades foram levadas a escolas do Rio esta semana durante a campanha Neuro em Ação (Foto: Divulgação)

A combinação do uso de celular e direção já apresenta mais riscos de acidentes automobilísticos do que álcool e direção. Apenas dois segundos são suficientes para que o motorista cause um acidente com o carro que está à sua frente, passe pelo sinal vermelho ou atropele uma pessoa. Os maiores danos são causados por motoristas ao celular, mas pedestres, ciclistas e motociclistas também se acidentam ou machucam outras pessoas quando se distraem com o aparelho nas ruas.

O uso do celular ao volante é um dos focos da campanha Neuro em Ação, realizada esta semana (11 a 16) em todo o país pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN).“Quando estamos teclando, digitando um código para abrir o celular ou acionando o celular para ouvir ou gravar uma mensagem, o cérebro foca nessa ação. E perde a sintonia com o que ocorre ao redor, e fica sem a visão periférica”, destaca o presidente da SBN,  Ronald Farias.

Daniela Gurgel, do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), explica que se o motorista demorar 5 segundos para responder apenas “ok” a uma mensagem no celular, e se estiver 60 km/h, é como se a pessoa dirigisse 80 metros às cegas, como se tivesse uma venda nos olhos, dirigindo de uma trave a outra num campo de futebol. Ela lembra que um estudo nos EUA mostrou que a distração com o celular ao volante pode aumentar em até 23% o risco de acidente.

Uma série de atividades marca a semana Neuro em Ação (Foto: Divulgação)
Uma série de atividades marca a semana Neuro em Ação (Foto: Divulgação)

Neuro em Ação

Neurologistas entram em campo esta semana para orientar a população para três temas atuais e de forte impacto na saúde pública.  Além do uso de telefone celular na direção, mergulho em águas rasas e lombalgia por postura inadequada fazem parte da campanha Neuro em Ação. Mais de três mil profissionais e acadêmicos de medicina estão participando de várias atividades em todo o Brasil até sábado. Eles realizam palestras nas escolas, panfletagens em semáforos e locais públicos e caminhadas de conscientização. A iniciativa é promovida pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) e suas representações estaduais.

No Rio de Janeiro, 90 neurocirurgiões, chefes de emergência da neurocirurgia de hospitais públicos, residentes e estudantes de medicina participam das atividades. Eles se dividem em visitas a dezenas de escolas públicas (municipal e estadual) e particulares no Rio  e Niterói. No sábado (16), estarão às 10h na Praia do Arpoador, local de grande incidência de acidentes quando crianças e adolescentes pulam das pedras ou mesmo mergulham em ondas na beirada da água. No mesmo sábado, estarão na praia de Icaraí, em Niterói, também às 10 horas.

O risco de um inocente mergulho

Os traumas mais comuns relacionados a acidentes com mergulho em águas rasas são as lesões cervicais, que podem variar de estiramento muscular à graves prejuízos nas vértebras e à lesão medular. A maior parte das vítimas são homens (90%) jovens (em média 23 anos) que assumem consumo de álcool durante o mergulho em piscina, rio, recife, barragem ou mar. “O diálogo direto com este público é fundamental para a redução do índice de paraplegias e tetraplegias preveníveis, bem como de acidentes fatais”, comenta Andrei Fernandes Joaquim, neurocirurgião integrante da campanha Neuro em Ação.

“O Arpoador, cartão postal da cidade, é também o local onde crianças e jovens fazem traumatismo raqui-medular ao mergulhar das pedras ou mesmo na beirada da água. Eles chegam à emergência reconhecendo que não conheciam a profundidade e os perigos do local. É uma incidência que ocorre o ano todo e aumenta muito no verão”, afirma o chefe da neurocirurgia do Hospital Miguel Couto, Ruy Monteiro.

De acordo com o neurologista Paulo Márcio Porto de Melo, a má postura pode ser prejudicial às estruturas que compõem o sistema nervoso central. “As inadequações posturais que apresentam maior risco à saúde estão relacionadas ao ambiente de trabalho, em função da regulação inadequada da altura de computadores, mesa e cadeiras. Além disso, levantar objetos pesados ou crianças do chão de modo incorreto são atitudes que também prejudicam a coluna, resultando em lombalgia mecânica”, explica.

Voluntários foram escalados para levar informação às escolas (Foto: Divulgação)
Voluntários foram escalados para levar informação às escolas (Foto: Divulgação)

Celular e direção não combinam

O neurocirurgião Mauro Susuki explica que o uso do celular ao volante pode gerar graves consequências, com prejuízo à saúde não apenas do condutor, mas também das pessoas ao seu redor, podendo resultar em sequelas que vão de leves a moderadas ou, até mesmo, em óbito. “Colisões e atropelamentos relacionados à distração com o aparelho são comuns em trechos urbanos, especialmente nas proximidades de semáforos luminosos. É impossível digitar e dirigir sem que haja prejuízo sensorial quanto à atenção a uma ou ambas atividades, apesar da resistência de jovens e adolescentes em aceitar este fato, abrindo mão do uso abusivo de smartphones”, ressalta.

O inspetor Itaharassi Bonfim Junior, da Guarda Municipal, disse que de janeiro até 6 de setembro deste ano já foram aplicadas mais de 28 mil multas na cidade do Rio de Janeiro. O Coronel Simas, comandante do Centro de Operações GSE/SAMU, confirma o aumento exponencial de acidentes provocados pelos motoristas, ciclistas, motociclistas e pedestres ao celular nas ruas da cidade.

Um aplicativo do Denatran, chamado Mãos no volante, pode ser baixado gratuitamente por usuários Android e IOS. Por essa ferramenta, o motorista marca quanto tempo estará dirigindo e neste período o celular ficará bloqueado para chamadas. Quando alguém ligar para o motorista receberá um sms com a frase ”estou dirigindo”.

Fonte: SBN, com Redação

 

 

 

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