Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que 35% das pessoas ao redor do mundo já apresentam algum tipo de alergia. Elas devem estar muito atentos a essas delícias natalinas para não transformar a festa familiar em um problema grave de saúde. Segundo o coordenador técnico do Brasil Sem Alergia, o alergista Marcello Bossois, o leite de vaca, presente em diversos pratos das celebrações de final de ano, como no caso da rabanada, é o maior causador dos quadros de alergia alimentar. A caseína, proteína do leite bovino, é a responsável pelo problema.
“O sistema imunológico identifica a substância como estranha ao organismo, resultando em uma hipersensibilidade imunológica. A reação dá origem a variados sintomas gastrointestinais e respiratórios”, explica. Segundo uma revisão de estudos divulgada em 2008 na publicação Current Opinion in Pediatrics, leite bovino, soja, amendoim, ovo, castanhas, trigo, peixes e frutos do mar – ingredientes muito comuns nas ceias natalinas – são os alimentos responsáveis por 90% dos casos de alergia alimentar.
Com cinco unidades no Estado do Rio de Janeiro e mais de 300 mil atendimentos gratuitos realizados, o Brasil Sem Alergia se juntou à Universidade Castelo Branco para uma ação de prevenção às alergias alimentares no Natal. Juntas, as instituições vão oferecer gratuitamente neste sábado, 16 de dezembro, um total de 900 testes alérgicos – sendo 300 para leite, 300 para cacau e 300 para amendoim. O objetivo é ajudar no diagnóstico das alergias alimentares mais comuns durante as celebrações natalinas. Testes para avaliar intolerância à lactose também serão realizados.
Intolerância alimentar também preocupa
O médico lembra, entretanto, que não é só a alergia alimentar que pode se manifestar pela ingestão do leite bovino. A intolerância alimentar,
que já afeta mais de 100 milhões de brasileiros, é outro processo desencadeado pelo alimento. Para a alergista Patrícia Schlinkert, uma
das idealizadoras do projeto social Brasil Sem Alergia, o leite de vaca, ao lado dos grãos e do café, é o campeão da doença. “A
intolerância é provocada pela lactose, o açúcar do leite. Pessoas intolerantes à lactose não possuem a lactáse, enzima capaz de digerir
a substância. “É importante não confundir alergia com intolerância, já que os agentes causadores e os sintomas são distintos”, comenta a
especialista.
O ovo, outro alimento que tem presença garantida nas ceias como nos bolos, nos fios de ovos e no bacalhau à portuguesa, é outro vilão dos
pacientes com alergia. Ele possui ovalbumina e ovomucoide, duas proteínas presentes na clara – que frequentemente geram reações
adversas. Especialistas do Brasil Sem Alergia recomendam que os alérgicos não comam nenhuma parte do alimento, já que há um contato
direto entre a gema e a clara.
Alergistas destacam a preocupação com o camarão. Segundo afirmam, os frutos do mar, crustáceos e moluscos são a principal causa de reação alérgica grave (choque anafilático) entre os brasileiros. Existem pacientes que sequer podem estar no mesmo ambiente onde é servido um prato contendo o alimento, já que o camarão pode liberar no ar toxinas altamente irritantes e perigosas aos alérgicos.
As castanhas, nozes e amêndoas também têm sua presença garantida no Natal. Ricas em proteína, essas oleaginosas são grandes causadoras dos sintomas alérgicos, que poderão ser desde uma diarreia ou cólicas abdominais até reações respiratórias como rinite ou sinusite. O Dr.
Bossois alerta que repercussões dermatológicas também poderão surgir como resultado de uma alergia alimentar. “Eczemas de pele e urticárias são muito comuns durante processos alérgicos”, lembra.
Bebidas alcoólicas também causam alergias
Muito consumidos no Natal e Ano Novo, os vinhos branco e tinto, assim como as cervejas, são outros que não são nada bem-vindos pelos alérgicos. O processo de fermentação, parte importante na produção dessas bebidas alcoólicas, dá origem a grandes volumes de leveduras e bactérias, facilitando a fabricação de histamina pelo organismo. A histamina, por sua vez, é um composto orgânico produzido pelo sistema imunológico que funciona como um mediador inflamatório e é responsável pelos mais variados tipos de processos alérgicos.
Assim como no caso do suco de uva, essas bebidas apresentam ainda altas concentrações de sulfitos, um grupo de compostos conhecido por
causar inúmeros sintomas de alergias como espirros, coriza e tosse. Presentes ainda em azeitonas, vegetais em conserva e frutos do mar
como lulas e polvos, os sulfitos também podem causar reações cutâneas ou diarreia em pessoas com o suco gástrico pouco ácido.
Testes alérgicos gratuitos
Marcada para 16 de dezembro, sábado, a ação vai ocorrer de 9h às 13h no Laboratório Neolab da universidade, no campus de Realengo, na Avenida Santa Cruz 1631, imediatamente em frente à unidade de Realengo do Brasil Sem Alergia. Se for diagnosticado com alguma alergia alimentar, o paciente poderá seguir tratamento em qualquer unidade do Brasil Sem Alergia. Além de Realengo, a iniciativa tem postos de atendimento em Duque de Caxias, Xerém, Nova Iguaçu e em Iguaba Grande. Para a marcação dos testes alérgicos, os interessados devem ligar para (21) 4063-8720 ou (21) 3939-0239 ou acessar o site www.brasilsemalergia.com.br.