Notícias sobre infartos envolvendo jovens têm se tornado cada vez mais comuns. Um exemplo recente que ganhou a mídia envolveu o jovem atleta americano Bronny James, de apenas 18 anos, filho da estrela do basquete Lebron James. Ele teve um incidente cardíaco que, embora não tenha tido nenhuma confirmação oficial, pode estar relacionado a um quadro de cardiomiopatia hipertrófica, um defeito genético hereditário que afeta o coração.
Este aumento, entretanto, não é recente: de acordo com o Ministério da Saúde, o número de infartos em pessoas com menos de 30 anos aumentou 13% entre 2013 e 2019. Várias podem ser as causas de doenças cardíacas em jovens, como, por exemplo, a cardiomiopatia hipertrófica. Mesmo assim, especialistas apontam que, no quadro geral, estes casos ainda são considerados raros, e por isso acabam ganhando mais destaque.
De acordo com o Ministério da Saúde, estima-se que aconteçam de 300 a 400 mil ocorrências anuais de infarto no Brasil. Ainda segundo a estatística, na média, a cada cinco ou sete casos acontece um óbito, tornando as doenças cardiovasculares a maior causa de mortes no País. Segundo Luziel Andrei Kirchner, cardiologista credenciado da Paraná Clínicas, esses casos são mais raros em jovens, mas ainda assim acontecem com alguma frequência.
“Arritmias cardíacas, traumas ou mesmo abuso de substâncias podem ser responsáveis por uma parada cardíaca em qualquer idade, mas em pacientes mais jovens são as principais causas de morte súbita”, comenta.
Bronny James, de 18 anos, sofreu uma parada cardíaca durante um treino de basquete no último mês de julho e apareceu em diversas manchetes pelo mundo. A causa mais provável apontada pelos médicos, neste caso, é a cardiomiopatia hipertrófica, um crescimento da espessura do ventrículo esquerdo que aumenta o risco de arritmias.
De acordo com o cardiologista, apesar da baixa incidência de óbito na população geral, a cardiomiopatia hipertrófica é a principal causa de morte súbita abaixo dos 35 anos no esporte, e corresponde a 25% a 35% do total de óbitos neste segmento. O jovem está se recuperando em casa, mas seu futuro no basquete ainda é incerto. Fontes próximas disseram ao jornal britânico DailyMail que ele pode nunca mais voltar às quadras.
Segundo o médico cardiologista, esses acidentes podem ser definitivos para atletas: “dependendo da gravidade e da legislação do país em que joga, o paciente pode ser vetado para o esporte de alto rendimento”, comenta. O fato tem gerado acalorados debates ao redor do mundo sobre a incidência de paradas cardíacas em jovens esportistas.
Principais causas de infarto em jovens e atletas
Algumas condições pré-existentes podem aumentar o risco de uma arritmia cardíaca potencialmente grave. Kirchner detalha que, além da cardiomiopatia hipertrófica, existem outras condições clínicas que configuram fatores de risco: “Displasia arritmogênica de ventrículo direito, Síndrome de Brugada, Síndrome do QT longo, Miocardite e Distúrbio eletrolítico”, lista.
Mesmo que, em sua maioria, sejam doenças congênitas e raras, algumas dessas condições podem ser adquiridas a partir do uso de algumas substâncias, como Síndrome do QT longo, ou até mesmo efeitos colaterais de vírus e bactérias específicas como a Miocardite.
De acordo com o cardiologista, há ainda outras causas que podem causar morte súbita em jovens, como o um fenômeno conhecido como Commotio Cordis, que pode ocorrer quando um impacto súbito e contundente no tórax acontece em um momento específico da repolarização ventricular, levando a perturbação elétrica e arritmias graves. Outro fator de risco é conhecido como origem anômala de coronárias, uma malformação no coração ainda intra-útero, que é a segunda maior causa de morte súbita em atletas jovens.
Apesar dos casos envolvendo jovens atletas, especialistas lembram que casos como esses são raros e que a importância da prática esportiva em qualquer idade deve ser exaltada.
“É importante ressaltar que a atividade física moderada é fator de prevenção para doenças cardiovasculares da maioria das pessoas. De qualquer forma, é sempre recomendado o acompanhamento médico de um cardiologista para garantir a integridade e a saúde de atletas de alto rendimento de todas as idades”, finaliza Dr. Kirchner.