Após dois anos fechado por conta da pandemia do novo coronavírus, o Sambódromo reabriu suas portas para o Carnaval fora de época de 2022 em meio a alguns ajustes, atrasos e uma triste notícia. Uma menina de 11 anos teve uma perna amputada após ser atropelada por um carro alegórico da Em Cima da Hora, primeira escola a se apresentar. A outra perna foi dilacerada, conforme depoimentos da mãe à imprensa.

Atendida inicialmente em um dos sete postos médicos montados no Sambódromo pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS-Rio), Raquel Antunes foi imediatamente transferida para o Hospital Municipal Souza Aguiar, também no Centro do Rio. A pasta confirmou que o estado dela é grave. A menina sofreu um traumatismo no tórax e uma parada cardíaca. Até 7h30 de hoje ela ainda estava numa mesa de cirurgia, segundo informações do G1.

À Agência Brasil, a Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liga RJ), responsável pelos desfiles da Série Ouro, a segunda divisão do Carnaval carioca, informou que o acidente ocorreu na Rua Frei Caneca, na área da dispersão depois do desfile e já fora do Sambódromo. A assessoria de imprensa da Em Cima da Hora informou que está apurando as circunstâncias do acidente, mas que ainda não tem mais informações. A Polícia Civil investiga o caso.

Segundo depoimentos de testemunhas ao G1, mãe e filha estavam lanchando numa praça no Estácio, perto da Sapucaí, mas a menina se afastou, junto com dois amigos, para olhar os carros alegóricos que passavam pelo local. Ela foi atropelada por um carro alegórico e prensada contra um poste. A mãe, que está grávida, passou mal e chegou a desmaiar ao ver a cena.

Por conta do grave acidente e a perícia da Polícia Civil no local para apurar o ocorrido, os desfiles atrasaram em mais de uma hora e a última escola a deixar a Avenida encerrou sua apresentação por volta das 7h da manhã, com pouquíssimo público na arquibancada. Aliás, o preço elevado para assistir ao evento tem esvaziado cada vez mais a maior festa popular da cidade.

Raquel Antunes, de 11 anos, teve uma perna amputada após ser imprensada a poste por carro alegórico (Fotomontagem G1)

‘Tragédia anunciada’ é fruto do abandono da dispersão, diz jornalista

Para o jornalista Luiz Eduardo Rezende, especializado na cobertura de Carnaval e colunista do Quarentena News – dirigido pelo jornalista Jorge Antônio Barros – o acidente foi uma “tragédia anunciada”, resultado do abandono da dispersão. “A beleza da passarela do samba no Rio, agora com uma impressionante iluminação cênica, contrasta com a total falta de organização na dispersão, feita pela Rua Frei Caneca, no pé do morro de São Carlos”, avaliou.

“Um acidente? Sim, claro, mas poderia ser evitado não fosse a bagunça que impera na dispersão”. Dentro do Sambódromo a segurança é feita por um grupo contratado pela Liesa. Do lado de fora cabe à Polícia Militar, que não consegue controlar as pessoas que descem do morro para ver as alegorias, vender produtos para os componentes das escolas ou mesmo para praticar furtos ou roubos”, destacou.

Ainda segundo Rezende, é preciso apurar responsabilidades e adotar medidas de prevenção a novos acidentes. “Como pode uma criança, que deveria estar em casa às 11 da noite, sair do bar onde a mãe estava bebendo e subir numa alegoria? Ninguém viu? Ninguém impediu? Não havia isolamento? Este foi um acidente esperado”, comentou. “Tomara que a polícia e os organizadores dos desfiles tomem medidas para que não se repita. Esse tipo de desleixo, além de colocar vidas em risco, depõe contra o lindo espetáculo das escolas de samba”, completou.

Acidente com carro alegórico na estreia das escolas de samba do Carnaval 2022 deixa menina com perna amputada (Reprodução de internet)

MP do Rio diz que organizadores violaram normas de segurança

A 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Infância e da Juventude da Capital do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) afirmou que o desfile na Sapucaí violo  recomendação específica sobre a necessidade de segurança na dispersão dos carros alegóricos, em documento enviado em março aos organizadores do evento. O MPRJ informou que vai ajuizar uma ação civil pública por causa da violação das determinações feitas com antecedência, inclusive a que alertava sobre a presença de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.

O grave acidente com a menina Raquel Antunes fez muita gente se lembrar daquela noite de 26 de fevereiro de 2017, quando 20 pessoas ficaram feridas ao serem atingidas por um carro alegórico no desfile da escola de samba Paraíso do Tuiuti. Um dos carros da escola perdeu o controle e prensou pessoas na grade que separa a pista da arquibancada da Sapucaí. Uma das vítimas – a jornalista Elizabeth Ferreira Jofre – veio a falecer em 29 de abril daquele ano.]

a Comlurb removeu 17 toneladas de resíduos de todo o interior da Passarela do Samba. Durante o dia, de 7h as 20h, os garis prepararam o grande palco e deixaram tudo limpo retirando 23,4 toneladas de lixo. A Companhia está atuando com 287 garis na limpeza noturna do Sambódromo, 11 para limpeza de postos de saúde e mais 198 na diurna, após os desfiles.

Com Quarentena News, G1 e Agência Brasil

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