Ocâncer de próstata representa hoje um dos maiores desafios da saúde masculina no Brasil, não apenas pela alta incidência – mais de 70 mil novos casos anuais, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca) – mas também pelo elevado custo de tratamento e impacto crescente sobre o orçamento hospitalar.

Levantamento inédito da Planisa (consultoria especializada em custo hospitalar), com base em dados de hospitais públicos, privados e filantrópicos, mostrou que o tratamento da doença envolve valores médios entre R$ 8,5 mil e R$ 10,7 mil por internação, dependendo da natureza jurídica da instituição, além de outros custos expressivos com terapias, exames, consultas, medicamentos e acompanhamento ambulatorial.

Cirurgia robótica eleva o custo total

Conforme o diretor de Serviços da Planisa, Marcelo Carnielo, a eficiência no uso do leito é o fator determinante para a diminuição dos custos hospitalares. A prostatectomia radical é considerada o padrão ouro para o tratamento do câncer de próstata.

Os custos da prostatectomia variam de acordo com a técnica cirúrgica utilizada: aberta, laparoscópica ou assistida por robô. A modalidade robótica gera debate, principalmente por elevar significativamente o custo total da cirurgia.

O custo médio da prostatectomia independente da técnica foi de R$ 10.552, com média de permanência de 3,8 dias, no primeiro semestre de 2025. Contudo, espera-se que esse custo diminua no longo prazo, afirma Marcelo Carnielo.

Diagnóstico precoce também gera economia

Além disso, a detecção precoce, um dos alertas da campanha Novembro Azul, é fundamental no tratamento. O diagnóstico precoce é economicamente mais vantajoso: o custo do tratamento de pacientes em estágio avançado é consideravelmente maior. Por isso, é crucial adotar uma visão transversal do paciente, abandonando a abordagem baseada apenas em episódios.

Mais do que uma questão de economia para o sistema de saúde, o diagnóstico precoce representa qualidade de vida e tempo. Quando o homem busca o cuidado preventivo, ele está investindo em si mesmo, em sua família e em um futuro mais saudável”, conclui Carnielo.

Segundo o diretor de Serviços da Planisa, o cuidado contínuo é o fator chave para, simultaneamente, aumentar a satisfação do usuário e reduzir os custos. Para Carnielo, a sustentabilidade do cuidado em oncologia depende cada vez mais de uma visão integrada entre gestão clínica e gestão financeira.

O desafio não é apenas reduzir custos, mas investir de forma inteligente. É entender quais etapas do tratamento geram real valor ao paciente, quais podem ser otimizadas e quais podem ser eliminados.

De acordo com o estudo, o custo médio por paciente internado cirúrgico e o tempo médio de permanência variaram significativamente entre os diferentes tipos de natureza jurídica no primeiro semestre de 2025:

Detalhes por tipo de instituição

Hospitais privados sem fins lucrativos (filantrópicos):

  • Apresentaram o custo médio mais alto, fixado em R$ 10.739.
  • Tiveram também o maior tempo médio de permanência, de 2,7 dias.

Hospitais Privados com fins lucrativos:

  • Registraram o custo médio mais baixo, de R$ 8.560.
  • Alcançaram a menor média de permanência, de 1,7 dia.

Hospitais geridos por Organizações Sociais de Saúde (OSS):

  • Tiveram custos intermediários, com média de R$ 9.992.
  • O tempo médio de permanência foi de 2,4 dias.
  • Observa-se uma alta correlação (r = 0,99) entre o custo médio por paciente e o tempo médio de permanência no hospital.

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Conheça as coberturas obrigatórias nos planos de saúde

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aproveita o Novembro Azul para reafirmar que a lista de coberturas obrigatórias para usuários de planos de saúde inclui consultas, exames, terapias e procedimentos para prevenção, detecção e tratamento da doença.

Entre as tecnologias cobertas pelo Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde estão, por exemplo, o exame de sangue para quantificação do Antígeno Prostático Específico (PSA) e o toque retal, realizado durante a consulta médica, que são exames importantes para verificação da doença em seu estágio inicial.
O Rol ainda contempla a realização de biópsias, ultrassonografias, cirurgias, procedimentos reparadores para reabilitação e assegura também cobertura para quimioterapia e terapia antineoplásica oral”, diz a agência.

Diagnóstico e tratamento

O rastreamento é recomendado, principalmente, para homens a partir de 45 anos com fatores de risco, mediante decisão compartilhada com o médico. Os exames de sangue PSA e toque retal devem ser realizados com a frequência indicada pelo profissional de saúde.  Caso seja encontrada alguma alteração nos exames, a confirmação do câncer de próstata é feita através de uma biópsia.
O plano terapêutico pode envolver cirurgia, radioterapia, hormonioterapia, quimioterapia, entre outras abordagens. A escolha depende do tipo e estágio do câncer, bem como do estado físico, nutricional e emocional do paciente”, diz a ANS.
Na nota à imprensa, a agência não menciona a obrigatoriedade da oferta de cirurgia robótica, considerado o procedimento mais oneroso no tratamento do câncer de próstata, segundo o levantamento da Planisa.
Os beneficiários de planos de saúde que queiram saber quais procedimentos são cobertos pelas operadoras podem consultar a ferramenta de busca na página O que o seu plano de saúde deve cobrir?

Certificação de Boas Práticas em Atenção Oncológica

Para incentivar a qualificação dos serviços oncológicos na saúde suplementar, a ANS lançou o Manual de Certificação de Boas Práticas em Atenção Oncológica – OncoRede. A iniciativa busca aprimorar a jornada do paciente oncológico, com diagnósticos mais ágeis, tratamentos coordenados e atendimento humanizado. O câncer de próstata está entre os cinco tipos com maior incidência considerados no Programa.
Operadoras que adotarem essas boas práticas poderão obter um selo de qualidade, atestando seu compromisso com a excelência na assistência à saúde.
Para mais informações sobre o Programa de Certificação de Boas Práticas em Atenção à Saúde, clique aqui.

Conheça os sinais do câncer de próstata

A ANS se une à campanha global Novembro Azul para conscientizar os homens sobre a importância dos cuidados com a saúde e da detecção precoce do câncer de próstata, o segundo mais prevalente em valores absolutos, considerando ambos os sexos.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Brasil deve registrar cerca de 72 mil novos casos de câncer de próstata entre 2023 e 2025. No cenário mundial, é também a segunda neoplasia mais frequente, ficando atrás apenas do câncer de pulmão. Globalmente foram registrados em 2020 cerca de 1,4 milhão de novos casos.
Inicialmente, a doença pode não apresentar sintomas, mas quando se manifesta, segundo o Ministério da Saúde (MS), os sinais mais comuns são: dificuldade de urinar, demora em começar e terminar de urinar, sangue na urina, diminuição do jato de urina, aumento na frequência urinária durante o dia ou à noite e disfunção erétil.

Hábitos de vida ajudam na redução de risco

Campanha busca incentivar homens a intensificar o cuidado com a saúde e a realizar exames preventivos
câncer de próstata possui causas multifatoriais, sendo influenciado por fatores como idade avançada, histórico familiar de câncer, obesidade e exposição ocupacional a substâncias cancerígenas.
Por isso, a educação em saúde é fundamental, com foco na adoção de hábitos que ajudam a reduzir os riscos. Segundo o Ministério da Saúde, alguns hábitos diários de vida saudável ajudam a prevenir o câncer de próstata:
– Alimentação: ter uma dieta rica em frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais, e com menos gordura, principalmente as de origem animal
– Atividade física: praticar exercícios por, no mínimo, 30 minutos diários e manter o peso corporal adequado à altura
– Mudanças na rotina: evitar o consumo de bebidas alcoólicas e o tabagismo
Com Assessorias
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