Enquanto possíveis reações causadas pelas vacinas contra a Covid-19 têm sido motivo de preocupação entre muitas pessoas, milhares de brasileiros têm deixado de voltar aos postos de saúde para receber a segunda dose, o que coloca a eficácia da imunização de todos em risco. Com as atenções voltadas para o combate ao coronavírus, muita gente também está deixando de garantir a imunização contra outras doenças.

No cenário atual de pandemia, a Semana Nacional da Imunização – que marca o Dia Nacional da Imunização (9/6) – alerta para a importância do ciclo completo da vacinação (em duas doses) e chama a atenção para as baixas coberturas vacinais contra doenças já bastante conhecidas no Brasil. Os desafios para se manter a carteirinha de vacinação de todos em dia foram tratados na 42ª edição do #PapodePandemia nesta quinta-feira (10/6), no Youtube do Portal ViDA & Ação.

Para dar esclarecimentos sobre o tema e incentivar a população ao uso das vacinas, convidamos dois especialistas: o farmacêutico Jan Carlo Delorenzi, diretor do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Mackenzie, e o médico pediatra Homero Antonio Rosa Júnior, coordenador da Vigilância Epidemiológica de Franca (SP) e professor da Unifran. O bate-papo é conduzido pela jornalista Rosayne Macedo, editora-chefe do Portal ViDA & Ação.

Confira algumas perguntas respondidas pelos nossos convidados:

1 – EFICÁCIA – Qual é a real eficácia das atuais vacinas diante das novas variantes que estão circulando, especialmente da indiana? Elas terão mesmo capacidade de evitar o agravamento dos quadros ou a morte em caso de contágio?

2 – SEGUNDA DOSE – Muita gente não está voltando para receber a segunda dose, o que tem preocupado as autoridades sanitárias. A que se atribui isso e como pode impactar não só na imunidade individual dessas pessoas, mas também na imunidade coletiva? Já que não está tendo adesão completa das pessoas, por faixa de idade, para a vacinação, não seria ideal todo o país liberar a vacinação de uma vez para pessoas de 18 anos ou mais? Isso não ampliaria a proteção no país (pergunta a leitora Jaqueline Pimentel)?

3 – LENTIDÃO –  Todo mundo quer ser prioridade na vacinação. Enquanto isso, quem pode não se vacina. A lentidão e a falta do imunizante geram ainda mais tensão e ansiedade. Por que o Brasil, com tanta expertise em seu Programa Nacional de Imunização (PNI), que é reconhecido mundialmente, não consegue aumentar a vacinação? E o que é preciso fazer para acelerar a vacinação e permitir que as doses dos imunizantes realmente cheguem aos braços dos brasileiros? Se pudessem, quais critérios mudariam na atual política de vacinação para a Covid?

4 – COVID X SEPSE – Recentemente demos em nosso site uma matéria especial sobre INFECÇÕES HOSPITALARES. Qual a diferença entre os dois tipos de infecção e quais os riscos? Há casos de sepse que estão sendo registrados como Covid ou vice-versa?

4 – VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA – Como está o enfrentamento da epidemia de coronavírus em Franca? Que estratégias foram tomadas para controlar a epidemia? O que o senhor pensa sobre medidas mais rigorosas de restrição, como as tomadas em Araraquara (SP)?

5 – REAÇÕES – Desde pequenos fomos acostumados a ser levados ao posto de vacinação para nos proteger de uma série de doenças, felizmente erradicadas. Nos acostumamos com a cicatriz no braço, a dor ou a febre baixa geralmente causadas nas primeiras horas. Mas hoje em dia, muita gente vê essas reações comuns em qualquer vacina como uma ameaça. Os riscos das vacinas são maiores que os benefícios? Há casos especiais (como o das grávidas, que só devem receber a vacina da Pfizer). Como incentivar a população ao uso das vacinas?

5 – CRIANÇAS E ADOLESCENTES – Como pediatra, o senhor pode falar sobre os riscos da Covid para crianças e adolescentes, já que a doença vem rejuvenescendo (e eles já retornaram às aulas)? E com relação às vacinas para este público, o que pode nos trazer de novidades?

6 – NEGAGIONISMO – Existe vacina para negacionismo? Os senhores acham que atitudes e declarações do presidente Jair Bolsonaro têm influenciado na procura pela vacina e, sobretudo, na segunda dose?

7 – COPA AMÉRICA – Há muitas críticas em relação à COPA AMÉRICA, autorizada HOJE pelo STF para acontecer no Brasil, após decisão do presidente. Os jogadores deverão ser testados a cada 48 horas e não haverá público nos jogos. Um plano de controle deverá ser apresentado em 24 horas. Qual a opinião dos senhores a respeito? Que medidas de prevenção devem ser tomadas?

8 – ANTIVACINISMO – Tempos atrás, o Brasil passou por um forte movimento antivacina e muitas fake news em torno disso. Hoje, muita gente que era contra, está correndo para garantir sua dose contra a Covid. Mas ainda há muita luta pela frente para reverter esse movimento. Quais são hoje os principais desafios para se manter a carteirinha de vacinação de todos em dia?

9 – VACINA EM TODAS AS FASES – Além da Covid, temos mais 19 vacinas à disposição no PNI, mas a procura também tem sido baixa durante a pandemia, devido principalmente às medidas de distanciamento social e ao medo de contrair o coronavírus. Qual a importância das vacinas como um todo em todas as fases da vida – da gestação até a terceira idade? E por que tem ocorrido a queda na cobertura vacinal para doenças importantes como sarampo e poliomielite?

10 – LIÇÕES APRENDIDAS – Quais são as lições aprendidas até aqui que não podem mais ser repetidas, já que estamos diante do risco de uma terceira onda da pandemia – ou de uma quarta onda, como já se fala aqui no Rio de Janeiro?

Cenário da vacinação e da pandemia no Brasil e no mundo

Em todo o mundo, temos até hoje 2,12 bilhões de doses aplicadas das vacinas contra a Covid. Ao todo, 458 mil pessoas já foram totalmente vacinadas, o que representa apenas 5,9% da população global. No Brasil, são 74,8 milhões de doses aplicadas, mas apenas 23,3 milhões de pessoas estão totalmente vacinadas, o que representa 11,1% da nossa população. 

Ainda estamos bem longe da chamada imunidade coletiva para a qual precisamos ter pelo menos 70% de todos os brasileiros vacinados. Enquanto isso, rumamos rápido para bater a triste marca de meio milhão de vidas perdidas para a Covid. Hoje são 480 mil mortes (mais +2.723 casos em 24 horas) e mais de 7,1 milhões de infectados (+85.748) desde o começo da pandemia. Em março e abril, quando passou por uma forte segunda onda, o Brasil chegou a registrar mais de 4 mil mortes por Covid-19 por dia.

Os números começaram a baixar, mas agora voltam a subir. Infelizmente, voltamos a ultrapassar a Índia em número de mortes diárias – o Brasil foi quem mais registrou novas vítimas do coronavírus no mundo na terça (8) e na quarta (9). A última vez que o Brasil foi o país com mais óbitos em 24 horas foi há 1 mês e meio, em 24 de abril, segundo dados da Universidade de Oxford.

Conheça os convidados

Jan Carlo Delorenzi – Graduado em Farmácia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1997), mestrado em Ciências Biológicas (Biofísica) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1998) e doutorado em Ciências (Biofísica) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2002). É professor associado da Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde ministra as disciplinas de Ciência, Tecnologia e Sociedade, Imunologia e Saúde Pública. Exerceu a função de coordenador da Coordenadoria de Fomento à Pesquisa, ligado à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação até o mês de abril de 2021.


Homero Antonio Rosa Júnior – Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro em 1989, com residência em Pediatria em Uberaba-MG e pós-graduando em Saúde Pública, Perícia Médica e Medicina do Trabalho. É médico pediatra da Unimed e Santa Casa de Franca, docente dos cursos de Medicina da Unifran e Unifacef, coordenador técnico da Vigilância Epidemiológica Municipal de Franca e do Comitê Municipal de Enfrentamento da Pandemia pelo Covid 19.

Saiba mais sobre o #PapodePandemia

Com Assessorias

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